há no ar uma boca
com hálito de purga
que não escolhe quem levar
ao poço interior do pranto
entre quatro paredes
o linho acaricia mais um corpo nu
e as sombras somam-se
nas dunas dos dias repetidos
do ontem recortamos flores
às cegas e sem qualquer cor
como algo que ávidos colamos
(ninguém é santo)
entre a febre e um cálice de dor.
seguimos
recusando da realidade, o fim
do verso, do tom, do canto
procura-se a máscara que ajuste
o olho da providência
para tantos enganos, perdições
venham
Hórus, ou a Santíssima Trindade
porque andais, hoje
tão longe da humanidade?