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O brusco despertar de um povo

 
O brusco despertar de um povo
 
Envoltos em um sono profundo
Dormia uma nação inteira
E nem mesmo via o caos instalado nas ruas
E o desespero nas grandes cidades
O pânico de vidas desoladas
A carestia e o preço dos alimentos subindo
O combustível
O fogo debaixo das cinzas
E o sangue fora das veias abertas
Na sociedade perdida em seus pesadelos
Boletos e impostos sem fim
Sugando até a última gota de suor
De um povo que ainda dorme o sono da indiferença.

Cala essa boca!
Gritavam nas calçadas
Os velhos insatisfeitos com os jovens
Escondidos nos matagais e muros caídos
Ninguém notava a angústia dos trabalhadores
Varrendo o lixo das vielas
Nas favelas
Tiros na madrugada fria
E os sem tetos cobertos de folhas de jornal
Parece um mal
Na sociedade capitalista selvagem.

O brusco despertar de um povo
É tão aguardado como o sol no inverno
Para ver se vai para o inferno
Todos os sanguessugas do mundo hodierno.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

 
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Odairjsilva
 
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Enviado por Tópico
Sergius Dizioli
Publicado: 20/07/2021 12:27  Atualizado: 20/07/2021 12:27
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Mensagens: 2221
 Re: O brusco despertar de um povo
Versos fortes de uma realidade presente em diversos lugares onde a ganância e a falta de amor imperam. Só importa o interesse próprio e vemos isso acontecer onde a política prega a igualdade.
De todos os predadores o homem é o mais voraz: o tigre ainda respeita os da sua espécie. Um poema de alerta para tudo que vemos e vai na esteira de Dylan[*], pois passaram 60 anos e nada mudou: até quando vamos virar o rosto e fingir que não vemos?

Bob Dylan, Blowin' in the wind, 1962 ...Yes, and how many times must a man turn his head/And pretend that he just doesn't see?...