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Pudesse eu

 

Pudesse eu, andar pelas calçadas, olhar a transparência
dos gestos, no mistério que veste os dias.

Pudesse eu, vislumbrar em cada olhar, uma alma que se eleva,
leve e solta, desprendida de um qualquer olhar cego,
na nitidez dos silêncios e das palavras.

Pudesse eu, sentir na imprecisão dos dias a amabilidade
e iniciativa vestida de cuidado, como uma moldura de sensatez
e responsabilidade.

Pudesse eu, esperar a alvura do olhar em dedicação, na margem
de todos os caminhos da inconstância, sentir a esperança brotar
levemente, bem docemente, emancipada, voluntariosa e precisa.

Pudesse eu, desfazer as realidades desafiadoras,
na inexistência de todas as realidades que me rondam.

Pudesse eu, ver a bondade, na imensidão que se expõe
tão inacessível e arrepiante à voz da indiferença.

Pudesse eu, sentir a leveza de tudo e munir-me de certezas,
ainda que o vácuo da desesperança se levante.

Pudesse eu, deixar sair de mim esta criança inocente, segurar
na sua mão, fitar o seu rosto angélico, reerguer um novo existir,
e em novidade de vida, de peito aberto e afoito, receber em mim
esta quietude, num olhar longe de mim, mais perto de Deus.

Alice Vaz de Barros


Alice Vaz De Barros

 
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AliceVazDeBarros
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/10/2021 15:02  Atualizado: 08/10/2021 15:02
 Re: Pudesse eu
Lindo demais poetisa!

Enviado por Tópico
Alpha
Publicado: 08/10/2021 17:19  Atualizado: 08/10/2021 17:19
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 Re: Pudesse eu
Pudesse eu, ter este talento
O sol aqueceria madrugadas
Viajando nas asas do vento
Em seus deleites, de baladas!