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Sonho ou Realidade

 

Este texto busca fragmentar reflexões sobre o destino e esmiuça nossas concepções mundanas.
Ultimamente tenho acordado no meio da noite perco o sono, então tristemente me pego pensando em minha querida mamãe que faleceu há poucos dias, muitas coisas passam em minha cabeça: frustrações, angustias, medos, questionamentos, e sempre me pergunto: será o que fim ou o que deixei de fazer por ela . Começo a chorar...
O desespero toma conta de mim. Ainda um pouco sonolento e com os olhos cheio de lágrimas me levanto e vou à janela do quarto, me deslumbro com um céu cheio e estrelado, e uma Lua radiante, desvio o olhar para as luzes da cidade, encanto-me com a quantidade de luzes, dimensionando tamanha insignificância que represento, se comparado ao todo.
Volto a pensar na mamãe, bate um forte saudade, meu coração sangra, sinto uma dor na alma, perco meu referencial, lágrimas escorrem em meu rosto demasiadamente.
De repente as luzes da cidade se ofuscam com as luzes das estrelas,embaralhando minha vista, sinto algo estranho, olho ao meu redor e percebo algo me controlando, vejo–me transcendendo janela a fora, e começo a subir, vou subindo, subindo . Estou tão alto que as luzes da cidade agora são pequenos pontos luminosos.
Sou deixado sobre as nuvens. Sem entender direito, percebo que posso caminhar, à escuridão e amenizada com a luz da Lua, um sentimento de desespero me vem à tona.
Após alguns minutos milagrosamente, não muito distante vejo algo, vou em direção...após alguns metros, percebo ser uma grande mesa retangular. Muito assustado, vejo duas pessoas sentadas em lados opostos da mesa. Com suas cabeças abaixadas sobre a os braços, não vejo seus rostos. Ao me aproximar, vejo uma cadeira vazia justamente ao meio entre as duas pessoas, sobre a cadeira um papel escrito: sente-se.
Sem entender, sento lentamente. De repente os dois levantam os rostos, para minha surpresa, imagine! Os dois eram exatamente iguais a mim, eram idênticos verdadeiros clones, como se estivesse olhando no espelho, minhas pernas tremiam...pensei: fui clonado!
De repente os dois olham para mim, chego a engolir saliva. O silêncio é total, ambos não dizem nada...assustado e suando frio tento dizer algo, quando vou falar minha boca se movimenta, mas não sai som algum, tento novamente e nada! Desespero-me... tento gritar...
Então um dos clones olha para mim e diz: não se assuste, nós somos você, nada de mal irá acontecer. Fico totalmente pasmo. Após alguns minutinhos, o outro diz: eu sou o conhecido como “Eu racional” e meu irmão é conhecido como “Eu emocional” . Seriamente diz: “acalme-se”.
Em seguida inicia-se um dialogo entre eles.
Fico a observar, sem entender direito o que está acontecendo, mas vejo que,mesmo sendo clones, ambos são opostos, de um lado o tal de “Eu emocional” possui um semblante triste e depressivo, expressão de que sofre dor muito grande, seus olhos ainda lagrimejavam, enquanto o “Eu racional” apresenta um semblante fechado, pessoa séria, determinada e parecia estar nervoso.

Então o Eu racional fala em tom alto e claro:
_Você é muito mole, pare de chorar, aceite a morte de nossa mãe.
O Eu emocional responde, em meio ao choro e soluços:
_Eu, mole! nossa mãe faleceu, nunca mais poderemos lhe dar um beijo, nunca mais veremos seu lindo sorriso e sentiremos seu afeto...
O Eu racional, diz:
_Foi melhor assim, ela estava com câncer, um linfoma, imagine o quanto ela iria sofrer com o tratamento da quimioterapia, por conseqüência, queda de cabelos, dores por todo o corpo, imagine quanto sofrimento...
O Eu emocional responde:
_Olha, sofro, pois penso que a sua morte não foi justa, ela era muito nova, uma mulher maravilhosa, batalhadora, protetora e enfim vivia para a harmonia da família. Agora acabou! só nos resta as lembranças - e o Eu emocional desesperadamente...volta a chorar em prantos, um choro intenso, dizendo em soluços: eu a amava tanto, ela era tudo para mim...
O Eu racional fica em silêncio, após alguns segundo diz calmamente:
_Foi melhor assim, pense o sofrimento que ela iria passar, não seja egoísta, você a queria viva, sofrendo.
O Eu emocional grita:
-Como você e insensato, eu egoísta! para você é assim tudo natural, você vê tudo com muita frieza, sem sentimento, com o coração duro, eu me envergonho de você.
Daí o Eu racional grita!
_Todos morreremos um dia.
_Ah, quer saber! afirma o Eu emocional:
_Você não a amava...
Nossa mãe abriu mão de seus próprios sonhos para viver sua família, foi uma excelente filha, uma honrada esposa e uma verdadeira mãe. Mulher guerreira e forte, não transmitia carinho por abraços ou beijos, mas por atitudes, por ações. Feliz daquele que compreendia seus ensinamentos como: humildade, sinceridade, respeito, amor ao próximo e outros.
Os filhos eram seu tesouro, preocupava-se com tudo e todos, onde fosse que cada um estivesse, sofria em silêncio, com as atitudes erradas cometidas por alguns, enfim, abriu mão de seus sonhos, seus desejos, da sua própria vida para cuidar intensamente de vidas alheias.
O Eu emocional novamente se cala.
De repente um silêncio...
Agora o Eu racional em tom mais baixo e calmo diz:
_Eu tento lhe entender, mas aceite, a vida é assim, estamos destinados a nascer e morrer, só nos resta aproveitar desse intervalo.
É, afirma o Eu emocional.
_Você nunca entenderá o porque da minha tristeza, o porque de minhas lágrimas, nunca entenderá o verdadeiro significado da dor que é perda a mãe, nunca entenderá que agora tenho que me contentar apenas com as lembranças, não posso mais lhe escrever bilhetinhos carinhosos e lhe dar flores em situações adversas, você nunca entenderá que jamais poderemos dizer alegremente: mamãe, eu te amo.
O Eu racional se cala, percebo que ele engole saliva!
De repente no meio da escuridão, surge bem distante uma luz no formato circular radiante e muito forte, vem em nossa direção aumentando o tamanho gradativamente e pára bem próximo a nós.
O silêncio paira! Um ar de medo e insegurança surge...
Então uma voz sai de dentro do objeto e diz claramente:

“Vinde a mim os que sofrem...”
eu sou o caminho a verdade e a vida”
Depois de alguns segundos, lentamente a luz vai se afastando, até desaparecer.
Surpreendentemente, o Eu racional se levanta, vai até o Eu emocional e diz:
_Dê-me um abraço, meu irmão.
Vejo lágrimas escorrem de seus olhos...e o Eu-emocional oferece o lenço ao Eu-racional...
Por fim,
Vejo-me deitado em minha cama.


Wesley C.






Wesley C.

 
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WesleyChaves
 
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Enviado por Tópico
KatlellyChrystina
Publicado: 29/04/2008 15:15  Atualizado: 29/04/2008 15:15
Participativo
Usuário desde: 28/04/2008
Localidade: Brasília
Mensagens: 21
 Re: Sonho ou Realidade
Bom interessante o comentario que fez...
Não tenho nada o que falar!

Simplesmente sei que Neste Momento
Te Amo..E..
Quero Ficar com Você!