pressentimento

Cara rosafogo.

No outono da vida, o silêncio e a solidão contrastam continuamente com o passado que se faz presente pelas lembranças de dias ensolarados, ruidosos e — porque não admitir — enamorados.

O amor de romance, contudo, não é mais uma possibilidade enquanto o coração, tantas vezes rasgado e remendado, cura suas fundas cicatrizes. Há, n'esses dias frios, a percepção de que não dá para esperar por novos amores ou dias ensolarados para ficar bem. É preciso ver a beleza das folhas caídas nas ruas e fitar com tranquilidade o termo da vida que vem chegando.

Tenho pensado muito em Borges, cego e envelhecido, ditando seus últimos textos. Quase invejo a liberdade que ele descreve de não ser mais responsável por nada n'esse mundo, concentrado apenas em existir; em ser no mundo. Essa, penso, é a suprema beleza do outono: Poder apenas ser.

Obrigado por partilhar tua escrita.

Abraços, RicardoC.

há muitos eventos ocorrendo que não nos satisfaz quando nossos olhos permanecem no passado bom, naquele que nos entrega saudade. porém, nos eventos atuais, a beleza continua se desencadeando para receber nossa fragilidade, fragilidade esta que é tão somente o perfume solto da coragem para enfrentar novos ciclos.

tens a capacidade de estremecer cada verso dos textos que apresentas, com tanta saudade, nostalgia que faz o leitor se transportar para teu mundo.

grata Natália.

Belíssimas analogias que nos remetem à arte poética e à nostalgia de todos os dias. Que o inverno não seja rigoroso, Natália.