Poemas : 

Anjo Descalço

 
A lua vai pendurada nos árduos caminhos desta solidão
Caminho só entre a névoa e me vem um som de guitarra
Agarro-me a ele qual se agarra a um galho no precipício
Nas noites à beira mar, a distância do céu é tão grande
E vejo um anjo de asas cinzentas que caminha descalça
Ela traz a música que fala sobre ter uma escada ao céu
Trocamos olhares, vimos uma só alma com um só desejo
Ela se aproxima tão suave na sua ingenuidade de cristal
Ela é tão ingênua, sou tão intenso e ainda há os jasmins
Embriaga-me no calor de seu corpo tão próximo do meu
A noite disse que vai inventar milagres na minha solidão
Porque lembranças e demônios já são apenas cicatrizes
E com os pés na areia molhada, não pegaria bem morrer
Não é a solidão que me dói, nem a música parar de tocar
É essa distância de sede quase abissal dos nossos lábios
Uma estrela cai e descubro: já não é preciso pedir nada
O perfume dos jasmins invade o ar e invade nosso olhar
A noite e a névoa são somente memórias que vão e vêm
O tempo já transpôs águas demais sob as pontes da vida
Toda noite sinto os perfumes do meu anjo flor de ilusão



"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
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