Se buscas construções tênues, mansas e contidas
Um texto acolhedor ou uma diagramação formal
Meu poema foge à simplicidade e à compreensão
Se pensas que posso te dar a obviedade d’um sim
Saibas que sou o talvez do dia nubloso antes do sol
Algo descompromissado, se queres não conteúdo
Tão só a capa expressiva seja qual for a proposta
Algo mais que vistoso, inconteste beleza exterior
Se aspiras à mesmice do outono, ao intenso verão
Se tu esperas algo possível entender de imediato
Uma simplicidade quase inocente, uma vida linear
Saibas que imponho nomes diferentes a cada coisa
Algo assim qual um beijo na tua parte mais íntima
Não por dever de ofício, antes teu absoluto prazer
E gozar no teu êxtase dando o benefício da dúvida
Se vale seguir vivendo ou morrer uma morte única
Imaginando não irás sentir novamente tanto prazer
Escrevo pela desordem do que possa ficar no lugar
Por querer saborear o infinito de dar tanto amor
No sonho vívido de ser eterno em um só instante
Embora, se desejas algo morno ou mais comedido
Lamento dizer que escolheste ler o poeta errado