Poemas : 

Bombas e pedaços da morte

 

Quero dormir esta noite,
Mas como fazê-lo?!
Balas violam minha janela,
É alta, a voz das bombas

Olho pra o nublado céu,
E vejo o luzir dos foguetes,
Que trazem nas asas
Pedaços da morte

De longe,
Oiço o choro das crianças
Mordidas pelas balas assassinas,
Que calam suas almas de menino

Quero dormir esta noite,
Mas o bunker está repleto
D’almas mortas
Pelos cacos duma granada

Junto meu grito
Ao grito duma mãe
Cansada de ver, sangue do seu sangue
À fenecer na flor da pele

Daí, questiono o silêncio das nações,
Que tudo veem e nada fazem
Pra poupar almas inocentes,
Que caem ao som das bombas assassinas

Adelino Gomes-nhaca


Adelino Gomes

 
Autor
Upanhaca
Autor
 
Texto
Data
Leituras
311
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
13 pontos
5
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Upanhaca
Publicado: 23/05/2024 15:19  Atualizado: 23/05/2024 15:59
Usuário desde: 21/01/2015
Localidade: Lisboa/loures
Mensagens: 8382
 Re: Bombas e pedaços da morte
Quando a morte vem do céu,
não há como escapar
às picadas das balas assassinas.

Open in new window

Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 24/05/2024 13:07  Atualizado: 24/05/2024 13:07
Usuário desde: 28/09/2009
Localidade:
Mensagens: 923
 Re: Bombas e pedaços da morte
Olá, é triste esta realidade
Lamentar tanta tragédia!!!
Belo apesar de tudo tanto sentimento.
Abraço


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 25/05/2024 05:35  Atualizado: 25/05/2024 05:58
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2026
 Re: Bombas e pedaços da morte
8. recruta


Já matei mais um, vi-o a cair,
a bala bateu secamente, dura,
durante a queda sem estrutura,
morte violeta, já sem porvir.

Esse monstro que mostro, sem me rir,
tombou, coisa fraca, não se procura,
acabou na terra, esterco, agrura,
orgulho que me calha, flor a abrir.

Ninguém me avisou na recruta
do perfume a pólvora, a grito,
do quanto ele inebria, vicia.

Esta dependência pura, bruta,
hábito perverso que habito,
O meu pão nosso de cada dia.


De cheiramázedo

in Dez Sonetos da Guerra na Crimeia