O tempo não é linha,
É espiral sussurrante.
Dobra-se em corredores de ecos,
Onde cada lembrança é uma porta
Que se abre para outra que já foi.
No labirinto da memória,
As paredes são feitas de ausências,
E o chão, de passos esquecidos.
Ali, o agora tropeça no ontem
E o futuro,
Se esconde em sombras que já passaram.
Cada curva é uma cena,
Cada encruzilhada,
Um dilema que nunca se resolveu.
E mesmo sem saída,
Caminhamos,
Porque o coração reconhece os atalhos
Que a razão esqueceu.
Há relógios quebrados
Pendurados nas paredes do inconsciente,
Marcando a hora exata
Em que uma saudade nasceu.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense