Trocamos a verdade pela velocidade.
E chamamos de conexão o que só nos isola.
Cada clique é um grito sem eco.
Cada tela, um espelho que não devolve o rosto.
Vivemos de likes, morremos de indiferença.
A alma virou feed.
A compaixão, um filtro.
E o silêncio… apenas um erro de carregamento.
O progresso avança como fera cega,
Engolindo florestas, sonhos, memórias.
Chamam de futuro, mas tem gosto de ausência.
Temos acesso a tudo,
Mas não tocamos nada.
Sabemos de todos,
Mas não conhecemos ninguém.
A liberdade virou vitrine.
O pensamento, algoritmo.
E o amor…
Versão beta, com bug de empatia.
As cidades gritam promessas,
Mas dormem sobre ruínas.
O tempo corre,
Mas ninguém chega a lugar algum.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense