querias a sopa
com vento à popa
molhaste o convés
fugiram-te os pés
já não era chão
era mar alto
depois do salto
mastro sem astro
reboque ou arrasto
perdeste o timão
querias ilha
encher a bilha
viver só de sede
prendeu-te a rede
e mais um arpão
sem ver terra
àquele que erra
só vem água de sal
e a que é normal
é só do peão
agora, sem hora, só talvez uma onda gigante
dessas que vêm, assim, só de rompante
a empurrar-te até qualquer terra
por enquanto, destila o pranto
e bebe essa água banal
a que reste, sem sal
esse mal
que te
ferra
27-08-2025