desmantelámos
os horizontes rasteiros
e as passagens diretas
para a Meca
dos nossos sonhos.
fomos ultrapassados
pela roda dentada
do tempo.
restam-nos
os vasos
das palavras,
a fé da primavera,
seguindo o rasto
das doces lágrimas.
aguardamos
a perícia do jardineiro
[do universo ]
e a sua arte de alinhar
as estrelas
no sentido
certo
dos olhos
arcaicos
da saudade.
quem sabe se reencontrarei
a mais bela seara
espigada
nas fontes da cara?
quem sabe
se a nossa sina
se liga à morte
do inverso da sorte
e nos brinda
com a vinda
do nosso amor
em doble
em verso
em cacho ?
quem sabe, sabendo que é tarde...
quem sabe,
escondendo a corrosiva lágrima
inventa pela narcisa tristeza
daquela tarde …
quem sabe…