
Nutridos por inteligência artificial
Movidos por oscilação emocional
Criados divinos para amar e servir
Até que o mundo torne isso irreal
Relutantes em pôr jovens nos eixos
Para que vejam além dos desejos
A essência sobrenatural da vida
Que tipo de conteúdo lhes é servido?
A quem realmente eles têm dado ouvidos?
À profundidade poética de uma alma
Ou a vídeos para deixá-los entorpecidos?
A contemplação em ler
Umas páginas de obra
Escritas à própria mão
Foi substituída pelo
Prazer em tirar várias
Fotos numa mesma
Angulação
Sem dor, sem vida
Só o atesto de um
Ser selado
Pelo sistema atual
Sem dor e sem vida
A Revolução dos Bichos
A Revolução intelectual
A Revolução das Máquinas
A Revolução Virtual
Tempo reduzido
De exposição à tela
É uma sobrevida
Aos infortunados
Que não sujaram as mãos
Com lama ou com barro
Que não aprendem tabuada
Nem sujeito e nem predicado
Que não decoram
Contatos familiares
Que vivem para si
Dentro de seus lares
Que prestam socorro
Com emojis fraternais
E ignoram os parentes
Nos leitos de hospitais
[…]
Um vazio tenebroso
Além da tela
Repousa sobre
Os fluidos sensoriais
Enquanto norteia
A alma perdida
Para o pântano
Da introspecção