Carrego a saudade como um túmulo aberto,
Um corte que nunca cicatriza,
Sangrando lembranças de um amor
Que se perdeu nas sombras do tempo.
O vento me devolve teu nome,
Mas é um sussurro morto,
Um fantasma que atravessa meus ossos
E deixa o frio entranhado na pele.
Teu perfume ainda vagueia no escuro,
Como veneno que não se dissipa,
Um altar de cinzas e silêncio
Que me obriga a rezar pelo que não volta.
Não sofro apenas o que vivi contigo,
Mas o que jamais viverei,
O futuro roubado,
A eternidade quebrada.
E nesta escuridão que me habita,
Descubro a verdade cruel:
O amor que me resta
É apenas ausência,
Um punhal cravado
Que insiste em machucar.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense