Parei de pensar e fui pegar outro café.
No amargo quente, a vida me lembrava que
Mesmo injusta, ela continuava,
Um rio sujo
Correndo por dentro das veias do dia,
Um relógio sem piedade no pulso da rotina.
Entre goles, descobri que há um silêncio
Que não se explica, só se bebe,
Como quem sorve um instante para não afogar
No peso dos pensamentos que ficaram na mesa.
Talvez seja isso o existir:
Respirar o injusto, adoçar com um gole amargo
E seguir, mesmo assim,
Porque o café esfria,
Mas a vida nunca.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense