A mesa de estudos é mais que um móvel.
É um altar onde o pensamento se ajoelha,
E a caneta — um incenso queima devagar,
Oferecendo ao invisível o sacrifício da dúvida.
Ali, o mundo cala.
Os livros se abrem como portais,
E o silêncio veste a alma com a túnica do saber.
Nada é mais sagrado
Que o instante em que se compreende.
Sobre a mesa repousam papéis,
Mas sob eles pulsa o coração do tempo.
Cada palavra escrita é uma oração,
Cada erro, uma oferenda à paciência.
A mesa de estudos é templo e espelho.
Nela, o espírito se vê nu,
Buscando nas sombras do pensamento
A centelha que acende o verdadeiro.
Há quem a veja como madeira e tinta,
Mas quem nela habita sabe:
É ali que o mundo se recria em silêncio,
E o humano toca o divino
Pela via do pensamento.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense