A próxima esquina
Talvez traga o riso que perdi,
Ou o silêncio que aprendi a amar.
Talvez um rosto novo,
Ou o eco do que não vivi.
Talvez uma nova forma de ver o mundo
Ou de desistir dele de uma vez.
A vida dobra esquinas como quem muda de página.
Cada curva — um talvez,
Um corpo, uma esperança,
Ou uma tragédia disfarçada de começo.
E nunca sabemos ao certo
O que iremos encontrar do outro lado.
A próxima garota pode ser um porto,
Ou uma tempestade.
A próxima esperança, um sopro;
A próxima tragédia, um espelho.
Terá ela os olhos castanhos
E o coração aberto ao amor?
Há sempre algo à espreita depois da esquina:
Um olhar que acende,
Um beijo que apaga,
Um destino que ri da nossa pressa.
Há sempre um mistério que nos assusta
E uma esperança que nos acalenta.
Quem caminha sem medo das esquinas
Entende que viver
É escolher entre seguir em frente
Ou naufragar no talvez.
Entende que esse mistério é necessário
Para que a vida não seja vazia.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense