Quando repouso minha cabeça em teu colo,
O mundo deixa de ser urgente.
As fronteiras do tempo se desfazem,
Como areia que escapa entre os dedos,
E só resta esse instante macio
Onde a vida respira mais devagar.
Teu colo é território de silêncio bom,
Onde até meus medos encontram abrigo
E se calam, por um momento,
Como feras selvagens pacificadas
Pela luz de um amanhecer.
Ali, encostado em ti,
Sou menos áspero, menos perdido,
Sou quase menino outra vez,
Descobrindo que existir
Pode ser leve, se houver mãos que acolham.
Porque quando deito minha cabeça em teu colo,
Tudo que é barulho vira música,
Tudo que é peso vira vento,
E tudo que sou encontra repouso
No lugar mais simples e mais raro:
A paz que só teu corpo sabe oferecer.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense