Nas profundezas onde o poeta arde,
nasce um amor que ele mesmo inventa
feito de brisa que afaga e tormenta,
de força que dobra, mas nunca parte.
É sutil como o gesto que não se vê,
mas feroz como o vento que rasga o céu;
um amor que ele molda no próprio véu
de sonhos que deseja reconhecer.
Basta um sorriso, aceso em silêncio,
um brilho nos olhos lâmina e chama
para que seu peito, que tanto proclama,
se deixe tomar por um ardor imenso.
Amor sem estrada, sem rota traçada,
que vive no agora, sem amanhã;
mas que, dentro dele, pulsa e reclama
ser mais do que vida improvisada.
Porque o poeta ama o que ainda ignora,
o que nasce no breu, o que mal se vê;
e tudo o que ele teme, e tudo o que quer,
se torna verso e o sequestra agora.
Fragmentos de Sonhos
Senhora Poesia