Carrego tua ausência
Como um caixão invisível,
Um cortejo que nunca termina
Dentro da noite que habita meu peito.
Tuas lembranças
São corvos sobrevoando meu sono,
Rasgando o silêncio com asas negras,
Enquanto teu nome, morto,
Ressoa nas paredes frias da memória.
Sinto teu perfume como incenso profano,
Ardendo em altares de cinzas,
Uma missa obscura celebrada
Com as relíquias de um amor desfeito.
Não é apenas a vida que me falta,
É o futuro sepultado contigo,
Os dias que nunca nasceram,
As promessas soterradas na terra do esquecimento.
Eu caminho entre sombras e velas apagadas,
Cultuando o vazio como única herança.
Pois o que chamam de amor eterno
Não passa de ausência imortal,
Um túmulo aceso dentro da carne,
Onde repousa o teu fantasma.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense