Poemas : 

Intervalos

 
Quando se está na fase gestatória
Há um intervalo entre a existência e a vida;
É que para a cotidiana memória
A pessoa só existe se passível de ser vista.

Quando se vive na inocência de ser criança
Não há intervalos entre as brincadeiras e os sonhos
A não ser aqueles intervalos longos
Entre a boca da noite e o raiar da manhã.

Quando se está arrebatado por uma paixão
A vida se nos apresenta pautada de intervalos.
Se não está ao alcance de nossos braços
A pessoa que a gente ama, forma-se um vão...

Que mais se afigura um abismo.

Quando a chuva pára de cair
Após uma tempestade de verão
Entre a derradeira gota e o chão
Há um intervalo em que o sol voltar a luzir.

Entre as viagens de idas e vindas
Entre os encontros e as despedidas
Há um intervalo raso de saudades infindas
Nesta intolerável ausência da pessoa querida.

Cid Rodrigues Rubelita


Cid Rodrigues Rubelita

 
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CidRodriguesRubelita
 
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