Poemas : 

ESTUÁRIO DA HONRA

 
Tags:  DIANHOS EM MIM  
 
ESTUÁRIO DA HONRA


De caju em caju o espectro do enxovalho da desonra se põe á minha caça,
Me querendo siderar sem indulgência;
Eu, em resposta, engendro ardis para melhor assimilar o gosto acerbo da derrota
Qual em minha boca assenta de forma imperiosamente lenta e dolorosa.


De caju em caju ao ser impelido a contemplar o oco horizonte de inverno
Que reluz impresso em minha própria fronte,
Me encarcero no limbo das profundezas do meu sádico ego.


De caju em caju passo noites em claro:
Jazido sobre o angustiante leito da bruma
Contida na etérea imensidão da cinza das horas diárias,
Reflito se um dia ascenderei á áurea constelação ordinária,
Deixando finalmente para trás o cárcere do ouropel:
Que, na verdade, é o eufemismo da escuridão alva!



De caju em caju sou tomado por um melancólico medo,
Pois diviso em meu ente opaco
A ravina, o abismo, a necrópole, o naufrágio,
A pista de dança onde me dissolvo e bailo
A valsa do degredo de minha dignidade, brio,
Sonhos, desejos e idealizados edificantes itinerários.


De caju em caju sou compelido a ir até o âmago de mim
Para recontemplar o estuário,
Onde o crepúsculo da flora do bom orgulho
Transmuda em turmalina
A minha mais linda e cintilante Esmeralda!


JESSÉ BARBOSA FE OLIVEIRA
 
Autor
jessé barbosa de oli
 
Texto
Data
Leituras
715
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 30/07/2008 13:07  Atualizado: 30/07/2008 13:07
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8104
 Re: ESTUÁRIO DA HONRA
Não sei o que é turmalina, mas essa pedra preciosa que tens no peito vejo-a cada vez mais brilhante...e a esmeralda ou esperança não perecerá! Abraço

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/07/2008 12:06  Atualizado: 31/07/2008 12:07
 Re: ESTUÁRIO DA HONRA
Do ácido cajú ao impacto de tua poesia, ler-te é sempre um risco, há sentidos que nem sequer lembramos e inundam-se em metáforas e imagens aqui desenhadas, parabéns por mais este poema.