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FEBRE VAMPÍRICA

 
 
FEBRE VAMPÍRICA


Gostaria de que todos soubessem que a centelha de um novo ardil
Já há algum tempo fora acesa:
Ela progride paulatina e carcome as bases da fátua inexpugnável
Fortaleza.


De início, ela cavalga sobre o lombo das palavras;
Em seguida, lança um ferino redemoinho de amostras
E depois infunde sobre os indômitos guerreiros
O magma da vergonhosa reverência, da incicatrizável escravidão!


Auferido o seu fito,
Ela não pára, não se sente saciada:
Na verdade, a sede da conquista
A laça, a doma, a faz cativa da sua contínua lascívia.


Entretanto um dia ela falhará:
E quando essa falha ocorrer,
Uma fissura descerrará sob si,
Fazendo-a verter num precipício
Em que se tenha somente uma perspectiva:
A perspectiva do infinito vazio.
Sim, este é o condigno destino
De quem tem a ambição por desígnio.


JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
Autor
jessé barbosa de oli
 
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Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 18/08/2008 16:17  Atualizado: 18/08/2008 16:17
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: FEBRE VAMPÍRICA
Muito importante essa mensagem, tão bem escrita!
A ambição, sabemos, cega a si mesma.

Gostei muito.

Amora

Enviado por Tópico
jlpf
Publicado: 24/08/2009 03:18  Atualizado: 24/08/2009 03:18
Super Participativo
Usuário desde: 16/02/2009
Localidade: Lisboa
Mensagens: 137
 Re: FEBRE VAMPÍRICA
Um hino à humildade, ou uma crítica latente à ambição desmesurada de todos aqueles que ardilosamente tentam alcançar a zina pública. E por certo, depreendo do seu poema, que a ambição auto-destrói-se por natureza.