Poemas : 

[ manto de nadas ]

 
Tags:  nada    vazio    crescer    análise    instrospecção  
 
Neste nada onde me encontro
Nada ser para poder crescer
Permito-me estar desprovido
E o meu coração sente o poder
Será nesta latência interior
Que irei evoluir como um nada
Onde nem as feridas doem
O esforço de subir esta escada
Estado consciente despejado
Um punhado de nadas me pertence
Vazando aos poucos a pressão
Do conjunto de vazios que me enche
Fecho-me no meu silêncio
Neste vácuo do não sentir
Deixo-me envolver pelo instante
Que me puxa para o não existir

Mas existo num estar profundo
Onde nada sei do que sabia
Aos poucos vou vendo em mim
O esvaziar da névoa que me cobria
De movimentos limitados
Aguardo pacientemente
Mas encho-me de receio
Que no aprender dos nadas
Que no vazio da minha mente
Estas vozes, estas sombras
Tudo quanto insistentemente
Que este vazio de nadas
Me sufoque eternamente
Fecho os olhos, tento perceber
Se no meio do reboliço dos nadas
Existe algo de meu que alimente
O nada por nada existir
Ou se existe um ser mero nada
Que sinta o que está para vir

O que vejo ao abrir os olhos
Nestes nadas que me cobrem
Deverei alcançar com ardor
Saber possível o estar
Nesta ausência de ar de calor
Neste nada por não subsistir
Nasceu uma pequena cor
Que parece conseguir
Procuro numa pura inocência
Do nada em que me transformei
Agarro-me a ela com insistência
A esperança que alimentei
Voo-o nela, simples cor
Na necessidade de poder consumir
Os nadas que me cobriram
O meu ser nunca vai desistir

Mas voltarei aqui novamente
A este buraco vazio e fundo
Aos nadas que me acolheram
Saibam nadas deste mundo
Voltarei para me completar
Mas não pensem por um segundo
Que me vão conseguir aprisionar

um sorriso colorido


Blackbirds like small priests walked in the silent fields.

[ wilderaven @ lusopoemas ]

 
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wilderaven
 
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