Percorro os caminhos
de
luto
que te levam
de
mim
calçadas inclinadas
ruas estreitas
avenidas
mares sem praia.
Passeio-me no jardim
onde cresceu a minha infância
(minúsculo agora).
Lembro-te.
E o que dói é o que não teremos.
Sonho-te
em pesadelos
do que nunca te direi.
Escuto música
através da tua telefonia.
Pa(i)ro o olhar
fixo
nas memórias
por viver.
Ouso um passo,
depois outro.
Ensaio um andar
pelos lugares
em que jamais
estaremos
juntos.
Então,
indiferente
aos anjos sem asas,
percorro a desordem
mental
do meu corpo em fuga,
chego
ao centro de mim
e
com as cinzas dos cravos vermelhos
que me deixaste,
atravesso
o Mundo
na promessa
de o tentar melhorar.
E parto.
E as lágrimas que já não sei , acompanham-me.
AnaMar