Poemas -> Amor : 

UM NOTURNO ACALANTO DOS CORPOS

 








Onde aquele rosto?

Onde aquelas mãos desnudando

a ânsia e os beirais

de nossos corpos
nas turbas outonais?

Onde aquele selo esfolando-se

e o vapor daquelas nuances

tingindo nossos madrigais?

- que os corpos falam

e se resvalam e se trescalam

porque descansam

e agonizam juntos

e nunca se evaporam

entre as sombras

quando a noite se esfumaça

se remodela e se retraça...

porque na vertigem e na graça

se abrem e morrem
como as sementes,

que guardam o gosto puro

e o mistério dos desejos,

das romãs, das manhãs

com suas folhas escritas,

esparsas...

Teu corpo e tua alma

nunca se fazem ausentes,

tua forma nunca informe

de mim se desentrelaça...

E há que levantar véus

a cada tua chegada!



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lilianreinhardt
 
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Enviado por Tópico
Maria Verde
Publicado: 26/02/2009 01:06  Atualizado: 26/02/2009 01:06
Colaborador
Usuário desde: 20/01/2008
Localidade: SP
Mensagens: 3489
 Re: UM NOTURNO ACALANTO DOS CORPOS
Olha, vou dizer.
gosto do jeito que escreves
é diferente!
a mesmice passa à largo na soleira da sua porta.
beijo

Maria verde


Enviado por Tópico
Fhatima
Publicado: 26/02/2009 01:27  Atualizado: 26/02/2009 01:27
Membro de honra
Usuário desde: 12/02/2008
Localidade: Joinville - SC
Mensagens: 3336
 Re: UM NOTURNO ACALANTO DOS CORPOS
Lilian,

Poema soberbo e de grande beleza.

Parabéns,

Bjs

Fhatima


Enviado por Tópico
Ibernise
Publicado: 26/02/2009 01:32  Atualizado: 26/02/2009 01:32
Colaborador
Usuário desde: 04/10/2007
Localidade: Indiara(GO)
Mensagens: 1460
 Re: UM NOTURNO ACALANTO DOS CORPOS
Olá Lilian parabéns amiga, excelente desenvolvimento da temática.

Belo acalanto, em versos. Bjs.

Boa Noite

Ibernise


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/02/2009 00:57  Atualizado: 27/02/2009 00:57
 Re: UM NOTURNO ACALANTO DOS CORPOS
Hoje deixo este miminho, do nosso Miguel Torga
QANTOS SEREMOS?
Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.


E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.

Miguel Torga

Beijo