Poemas : 

com a mao pousada no queixo na minha janela aberta

 
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta
vejo o mundo que corre la fora a um ritmo louco
sinto que algo se passa e eu tao serenamente apatico
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta
vejo que vejo pouco e sinto que sinto pouco
la fora algo acontece que nao percebo e que me deixa louco
vejo homens e mulheres criancas e automoveis arvores e passaros
jardins e gatos autocarros e bicicletas comboios e nuvens
sinto amor e frio calor e azafama ruido e sobressalto
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta
a morfologia das coisas a patetice do que nao imagino
vejo que nao sobra nada se retirar alguma das coisas
vem um homem e mata um outro homem a demencia
a tristeza da descoberta do sentido dessas mesmas coisas
o vazio deixado pelo sangue por tantos derramado
a impotencia de ser algo fragmentado disforme
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta
que por vezes esta fechada que por vezes nao quero abrir
mas passam dois miudos na rua a brincar e a sorrir
as coisas mudam de cor e a alegria comeca a fingir
como o sol que brinca com as nuvens e nao as deixa subir
como o som do bater das asas de um pombo que voa so por prazer
como o amor que um casal sente antes de se corromper
como o vapor que aquece a caldeira da maquina a vapor
do tempo quenao controlamos
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta
das accoes que nao desejamos
dos predios enormes que crescem ao redor
dos corpos apodrecidos na lixeira da existencia
no farrapo que so eu vejo la fora
que ao contrario me condene se for farssa ou cobardia
mas desejo que chegue breve tao desejado dia
em que os homens descubrirao somente inocentemente
que a forca que mede o homem essa nao tem demasia
o dinheiro esse sim usado pela peste
vai matando o que vejo ate que nada reste
e o mineiro cultural que escava o conhecimento
que divulgue o segredo desta civilizacao agreste
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta
sinto que perdi forca mas ganhei uma confusao
a mesma que infesta as mentes da multidao
que se vende que se prostitui sem que mereca perdao
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta .



manesflama (jose neves)

 
Autor
manesflama
 
Texto
Data
Leituras
1088
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.