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Carta 16

 
Aos pés do nosso Jacarandá, momentos de lembranças, de um coração cheio de saudades.

Ma Jolie, mon amour,

Hoje fiquei a te espreitar pelas fretas das janelas do teu quarto. Como eu quisera ser o vento, que sacudia aquelas cortinas, e, adentrar assim, tão furtivamente, o teu leito, para beijar-te esses teus doces lábios. Vi de longe, a sombra de teu corpo, assim, languidamente recostado a uma cadeira, enquanto as tuas faceiras mãos se ocupavam de algo que tu escrevias. Escrevias a mim? Perdão, ma Jolie. Perdão pelo meu egoísmo sem fim. Mas, confesso que esse pensamento ocupou-me por alguns minutos, razão que me fez demorar mais do que de costume, assim, observando-te. Sorri. Sorri como um menino que acaba de ganhar um presente. E o meu maior presente foi este teu amor, registrado em palavras tão delicadas, que só poderiam advir deste teu coração.

Saudades, ma Jolie, saudades! Tu não sabes o quão penoso tem sido esses dias de tua febre, deste teu descabido estado de saúde afetada. Roguei aos céus que te exaurissem todos os males do corpo, e, me ofereci em função de teu sofrimento, que também é meu, desde quando me rendi a esses clamores de minha paixão. Vivo em absurdas inquietações, desejando estar aos teus pés a todo o momento, não deixar faltar a ti nada. Desejaria eu mesmo estar cuidando de ti, mesmo que nunca tivesse me prestado a esses serviços oficiosamente, mesmo que ignorando as doutrinas necessárias a esta tarefa, ainda assim, eu teria todo o meu amor, condicionado integralmente ao teu mais completo restabelecimento. E aí, não me importariam as horas, se seja dia aspirante, ou, o mais tardar da madrugada, nada me afastaria de ti.

Minhas mãos, Jolie, minhas mãos clamam suplicantes pelas tuas. Desejam ser consumidas pelas labaredas do fogo que habitam em meu coração, a propagar impiedosamente, devorando-te o peito, subindo ardores pelo teu corpo, ganhando inconscientemente a tua boca, e, eclodindo em nossos beijos. Perdão por essas minhas palavras de agora. Talvez, te assustem ou te afastem de mim, mas calar-me agora seria cegar-me por completo diante ao que sinto, ao que preciso, ao que tanto quero. E mesmo que me julguem por insano, ou, inconseqüente, transgrido a todas essas leis errantes, que me tomam para longe de mim, a paga maior deste amor meu.

Entrego-te agora, mais uma carta. Deixo-te aqui essas desmedidas linhas. Leve-me contigo, meu cheiro, minha vida. Faça-me teu ainda por mais esse dia. Conto as horas, em todos os seus desgraçados minutos, para te ter enfim em meus braços, e, não te deixar nem por um só segundo.

Aqui, neste Jacarandá, eternizo a insígnia maior de minha vida. Quando os teus olhos por aqui percorrerem, tu também saberás que por aqui passou, deixou e partiu, este homem que ama a mulher mais linda que ele já viu. E nessas escritas, feitas a faca, reconheça todas as linhas que transudam esta minha sonata:

“Je t’aime”

Beijos apaixonados do teu,

Secret Passionné


rody

 
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rody
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