Ninguém dá conta dos meus movimentos!
Aceno sem mexer as mãos.
Meus olhos perfuram o ar, mas ninguém
Parece se importar.
Oiço respirações agitadas,
Olhos em câmaras escondidas, abafadas.
Que desejam antever meu pensamento, a mexer.
Mas tenho uma forma muito peculiar de me esconder,
Escondo-me por detrás da letra e do papel.
Ninguém imaginará o meu sentimento sem o ver,
Muito menos o sente sem o ter!
Ninguém dá conta do meu olhar, olho em direcção a tudo,
Olho o que vejo!
E o meu sentimento vê tudo o que desejo.
Ninguém dá por falta do meu espaço!
Sentada ou em pé, a correr ou parada.
A andar lentamente, a passo de caracol,
A cada movimento que faço,
Movimentarei a minha sombra ao sol.
Podem vê-la mas não sentir.
Alguém felizmente ousa ouvir-me
Calada,
Sem dar a mínima importância,
A minha voz fica fechada,
Apenas os pensamentos em ultima instância,
Pensamentos felizes que retrocedem ao passado
À minha infância…
E que bem que me sabe…
Como é bom dar conta que tudo um dia foi verdade.
Que bom.
Iolanda Neiva
(muitas vezes falo só para mim,
e escrevo para que alguém me ouça)