No Secreto Da Paixão
Entre as fendas do tempo
Entre os véus do coração
Entre meus eternos, infindáveis Azuis
Entre os Sóis que brilham as veredas da razão
e Luas que prateiam os devaneios da alma
Entre as águas onde oscilam meu Sim e meu Não
e que levam a barca dos Sonhos amortecidos
No Paraíso escondido entre as brumas da Paixão
No oculto
No secreto
No abstruso altar dos que amam
Dei-te a tomar do meu Sagrado
Provaste o Cálice
Nas Eras do nosso momento
Fizeste-te Imortal
Deixaste-me ir
Por que não lançaste meu nome
sobre a ira dos mares
sobre a fúria das tempestades
tua própria tormenta revolveria abismos
a buscar por mim
Mas em doces correntes
rios de lágrimas
naufragar de angústias
silenciosamente
viste-me partir
Noites escuras sonharam fagulhas suplicantes
centelhas saídas de um peito já tão distante
Se ao menos tivesses lançado meu nome
na Rosa dos Ventos
ela te diria a cerca de mim
Amor e Insensatez II
Teu olhar contava-me histórias
Que eu nunca ouvia
Quando fechaste os olhos
Quis ler-te
wwwvolatil.blogspot.com
Matutino
Do laço azul do dia
Róseas manhãs
Despencam fantasias
___http://wwwvolatil.blogspot.com/___
Amor e Insensatez I
Cansei de estilhaços de dor
e punhais de saudade
Queres me amar?
Não me fales de amor
DESTERRO
Panorama, oeste paulista.
Cidade ribeirinha de terras arenosas e de dias e noites muito quentes.
E como é possível se entender a partir do próprio nome, um lindo lugar.
De natureza exuberante essa pequena cidade me proporcionou alguns momentos hilários e inesquecíveis. Como observar bandos de araras bem da varanda da minha casa ou tentar ler um livro embaixo de uma jabuticabeira repleta de papagaios beliscando as frutas ainda verdes.
Por cerca de um ano contemplei a paisagem do rio Paraná estampada bem de frente ao meu portão.
Observei o por do sol variando suas tonalidades no transcorrer dos meses e a lua mudando e refletindo sua mágica silhueta nas águas calmas do rio.
Mas nem a admiração que tenho pela natureza e nem a contemplação de tamanha beleza foram capazes de trazer paz para minha alma.
Quando eu olhava a imensidão do rio e meu olhar atingia até a outra margem procurando um repouso para as minhas inquietações eu me certificava da distância que estava de tudo o que me era familiar.
Foi aí então que compreendi todo o significado da palavra “desterro”.
Mesmo tendo nascido nessa região, toda minha bagagem de vida foi adquirida na capital paulista.
Um universo adverso a quase tudo que encontrei por aqui.
Pude refletir e compreender que a alma não encontra a “Paz” somente por que contempla a poética mansidão dos dias tingindo o horizonte.
Meus anseios me conduzem à paz que tanto almejo.
E onde travo as minhas guerras repousa também a minha paz.
Cherry Blossom,abril de 2008
SAUDADE
Luas vou vivendo
até que tu amanheças
no meu sol
Efêmero Ser
A vida não é mais que um breve poema
Quando se entende os versos
Já não se está mais a ler...
Azul do Mar
Tinha onze anos e foi a primeira vez que vi o Mar.
Fomos a uma pescaria na serra perto de Ilha Bela e na volta, cumpriu-se a promessa de meu pai.
O tão sonhado encontro.
Foi fascinante, inesquecível.
Minha primeira impressão, o cheiro, nunca ainda sentido!
A segunda, a imensidão!
Era um dia nublado, no fim do verão e já pelo meio da tarde, a praia estava quase deserta. Eu tirei o tênis desci do carro e corri experimentando pela primeira vez a sensação de pisar naquela areia.
Cheguei bem perto e ficamos nos olhando, quietos, tentando nos reconhecer.
Depois me aproximei lentamente e deixei as ondas tocarem meus pés.
Fiquei por mais um tempo, contemplando aquele barulho de imensidão, de braveza.
Parecia que conversávamos.
Ele me dizia:
_ Demoraste tanto!
E eu:
_ Por que és tão arredio?
Já faz tanto tempo... Mas nossa amizade perdura.
Quando me lembro do Mar, não penso em dias radiantes de sol e nem em praias entulhadas de gente bronzeada.
Lembro-me do que ficou em mim naquele dia.
Lembro-me do nosso primeiro encontro.
Dou-lhe o direito de ser somente o Mar de ser rebelde, audaz, de insistir sobre as rochas, bravio.
E dele ouço sempre o mesmo cantar, num leva e trás de memórias.
O Mar que eu gosto mora numa praia vazia.
O Mar que eu gosto tem um céu nublado.
Na praia das minhas memórias o meu Mar se chama Poesia.
Vida Insana
Perco-me pelas entradas da noite
E procuro-me,
nas saídas das manhãs
____wwwvolatil.blogspot.com___