Respiras-me
Respiras-me
Saboreando momentos
Feitos de sorrisos
Metamorfoseados em ar
Na intuição do sentir…
Com os sentidos a divagar
Vens até mim
Sem saberes
Se me vais encontrar
E, mesmo assim,
Partes sem rumo certo.
Só para me ver sorrir…
Abençoado respirar
Que me faz não saber
Para onde ir…
Tempo perdido
Tempo perdido
Na paz contemplo as estrelas
De uma noite fechada, opaca
Mergulho na escuridão dos lamentos
Que sinto sem pensar
Que penso sem sentir
Murmuro que o dia virá
Em fios de luz e calor
E o tecto desaba sobre mim
Num peso de tortura e silêncio
Que não domino…
Tristes fios de tinta pensantes
Que se escapam assim
Neste rumo sem sentido
Neste tempo perdido
Como custa a escapar-se, o tempo
Como custa viver em silêncio
Como custa o fardo imenso
De não soltar a voz deste sentimento
Callisto
Horizonte de mim
Sinto-te do outro lado
Das minhas palavras
Divagando sentidos
De odor sonhado
Com olhos transparentes
De quem lê a alma
De um ser imaginado.
Sinto-te no horizonte de mim
Onde o céu e a planície se unem
Numa linha não desenhada
E que não pode ter fim
Porque o começo é instante
Que não conheço
No acaso da coincidência
Que não existe na ciência
Do sentir.
XVII - Fase da Lua
Será pura a minha loucura
Será apenas minha a palavra
Que toca a minha volúpia
Que de desejo em fervor me agarra!
Será sempre minha, nunca tua
A minha única desmazelada forma de ser
Que tendo tantas fases quanto a Lua
Nem a mim me sei conhecer!
Serei chapéu no alto dos pés
Posto silencioso na rua agitada
Serei diferente daquilo que és:
Se fores tudo eu serei nada!
Não serei Deus, nem cruzada
Nem Diabo, nem alma mutilada
Não serei o que pensas que eu sou
Nem mesmo serei aquilo que dou!
Serei sim mudança inconstante
Mudo aqui e mudo mais adiante!
E não, não me procurem se não me mostrar!
Se não me mostrar visto não me quero
E resultado nenhum terá procurar.
Que então em cada palavra exagero
E torno a tornar a desaparecer
Vulto envolto em não querer!
Não serei mais do que me veja
Serei saliva da boca que não me beija!
Serei procurar o meu querer disperso
Que te asseguro de ti ser inverso!
Serei barco nas ondas do teu corpo!
Serei mar nas tuas curvas de enxurrada!
Serei no teu ouvido sopro
E na tua mão alma agarrada!
Serei na tua boca desfeito!
Serei no teu ritmo comovido!
Serei de ti menos eleito
Que qualquer outro já visto!
Mas depois de ti não serei nada mais!
Mudarei novamente na minha fase de Lua!
Não serei pois duas pessoas iguais!
A face que deixo integra-se tua!
Visitem o meu blog: www.umpoema-umdia.blogspot.com
Aprender...
"Só aprendemos a nadar
Quando sentimo-nos afogar.
Deixamos-nos levar pelas correntes
Rápidas... Turbulentas...
Quando lentamente podemos
Esperar por marés calmas."
Transeunte do mundo
Vôo ao meu céu
abraço espaço
vivo a vida em véu
escasso laço
que me planta à realidade
que me encanta, sem saciedade.
viver é tão vão
e vil é o sentido
Tantos rostos à contra-mão
presos em cada umbigo
assim, planadores
ao ar das dores e do desasossego.
Somos todos apenas atores
neste mundo de amor e medo.
Mas ainda insisto em viver
ainda sinto que morrer é cedo.
Feição à existência
Andei a cambalear pelas ruas estreitas,
Choquei com uma parede quase desfeita,
Muito pequena e mal feita
Em que caiam bocados de paixão,
Viam-se os restos de revoltas desenhadas com exactidão.
Perfuro os pensamentos à vez,
Tento adivinhar o eu de cada um perdido,
Um com o stress do trabalho,
Outro perdeu um familiar, amigo,
E ainda há aquele que vive escondido.
Foco um fantasma abandonado de passagem,
Subitamente percebeu que reparara,
E muda-se desconfortavelmente,
Sentindo, desejando que eu olhe em frente,
E esqueça que ele esteve presente.
São diversas as formas de encarar a vida,
De respirar, seguir viagem,
Muda-se o presente, vira-se o sentido da carruagem,
O comboio não pára,
Há que escolher uma paragem!
Transfiguração
renova o todo que te faz.
sê o próprio furacão!
faz amor com as palavras,
funda a alma ao corpo
e beija com o coração em pureza.
é no turbilhão dos sentires
que todo o verbo se conjuga.
e o que é, ser-te-á retribuído
em amor e criação
in Comentários na face da Noite
O candeeiro de rua - Ou a simplicidade absurda de fugir a agarrar o que mais nos convém e dá alento
Hoje, o mundo foi nevoeiro.
A névoa envolveu o candeeiro
De rua, que abismado se acendeu,
Dando a luz que a voltagem deu.
Se falasse, perguntaria:
"Porque raio este dia?"
Mas se não é de boca, é tristeza tanta
Por saber que quem quer, não alcança.
Hoje, esse candeeiro sumiu:
Alguns dizem que subiu
Por meio de camião do lixo.
Outros dizem que partiu.
Eu cá não acredito em nada disso:
O candeeiro ganhou pernas, fugiu.
Este poema tem um sentido mais profundo do que aquele que parece surgir à primeira vista.
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Sinto que está a Chegar!
Sinto que um novo começo está para chegar…
Sinto que está a chegar,
Calmamente como se calçasse pantufas, pisa um caminho aveludado,
Preenche o meu mundo outrora distante, sem cor e apagado,
E sente-se uma brisa de bafo fresco… Que foi dantes tão abafado!
Como se por mim o ar se tivesse embeiçado, apaixonado,
Minhas faces ficam rosadas como se tratasse de um enorme pecado!
Sinto que está a chegar,
Aquele clima quente que apanha de surpresa o inverno gelado,
Que usa como protecção o louco estridente apaixonado,
Que vive de risadas, que até tem um quê de engraçado,
Como se de tempos excêntricos se tratasse, ou talvez um imaginário errado,
Eleva-nos fortemente sem espaço para um triste passado!
Sinto que está a chegar,
A minha, a tua, a Nossa! Doce loucura extravagante,
Outrora amarga, escura e talvez distante,
Vem agora! Abalroa-nos nem que seja por mero instante,
Para que sejamos e vivamos com a intensidade de um Amante!
Aquele luz que nos incide e nos acende o soberbo toque brilhante.
Sinto que está a chegar,
Algo que nos vai valer, que será para Nós muito importante,
Algo que aprenderemos e até viremos a desfrutar de forma constante,
Que descobrirá em cada um o verdadeiro Diamante,
O descobridor do verídico cálice, do Santo Graal delirante,
Que nos fará sentir a derradeira Felicidade, um Amor penetrante…
Ghost
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