Poemas : 

MANOEL DE BARROS

 
MANOEL DE BARROS

Manoel de Barros fez sua casa
Com a porta virada contra a nascente.
Sabe ele que dos aguaceiros,
No seu tempo de postar os ovos
É ele quem deita, amorna e amola o bico
Pra fazer o corte inciso
Precisamente no lugar do ovo
Onde o filhote corta o umbigo.
Manoel é primo irmão de João,
O passarinho que mora numa casa de conjunto popular.
Que tem uma entrada, que também é uma saída,
Uma sala e um quarto
Onde dormem amontoados,
De amores montados, ele e Joana,
De oveiro cheio, barriga vasta.
Quando dos ventos trazidos
Pelo impulso deles próprios, voadores,
Vem a chuva, e às vezes entra
No fundo, que vira frente,
Que se descontrola e vira enchente.
Manoel do seu tonel de águas guardadas,
Apanha pelo ano todo intervalos de chuvas,
E se machuca quando o sol incide
Sobre a sua pele branca do pastoreio
E que não serve para secar a umidade
Em que se acomodam seus parentes
Pai e mãe, e filhos pelados, todos gripados.

 
Autor
Naeno
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