REUNIÃO DE FAMÍLIA

meu bom amigo,

sempre tive um pé atrás com parentes. sabe como é, parente a gente não escolhe, né? mas acho também que eles sempre tiveram um pé atrás comigo. na dúvida, fico do meu lado, porque, como dizia um vagabundo da lapa carioca, de repentemente, urubu tá comendo gente.

abraço,

j.

meu caro poeta,

pessoa, meio que isolado do mundo - tinha o seu próprio -, era bastante apegado à uma meia-irmã. fosse pessoa de muitas pessoas não teria criado tantas outras imaginárias que o cercavam e fizeram de sua obra algo de genial. eu não tenho irmãos. sou filho único. nunca terei uma obra genial, quando muito - mediana. jesus cristo acho que também pensava que família era um saco. e caiu no mundo bem cedo. lembra quando a mãe dele foi procurá-lo? ele falava ao povo. ficou por conta e mandou que ela voltasse para casa. sua, dele, família era o povo.eu prefiro a rua também, longe de ser jesus.

abraço,

j.

flavio, meu amigo,

antigamente diziam que parente era só pra tirar fotografia no final do ano. nunca gostei de fotografia. e, depois, hoje, com a tecnologia que temos às mãos, a internet resolve tudo e nos poupa desses enjoativos reencontros.

abraços,

j.

domingos,

dizem - e é possível que seja verdade - que sou intratável, temperamental e explosivo. mas a verdade é que sempre achei, para usar uma expressão rasteira, porém real, família um tremendo pontapé no saco. de tias e primos chatos quero distância. prefiro os amigos do bar.

abração,

j.

sabe de uma coisa,lu:

de parentes quero distância.

beijo,

j.

tb fui apunhalado, meu amigo. depois que minha mãe, ninguém - parente - importou-se em saber se eu estava bem ou mal. os poucos que procuraram queriam saber se eu já habia aberto inventário. abutres.

j.

parente é uma bosta. quero distância de todos.

bj,

j.

desde criança, almoços e festas de família nunca me apeteceram. nos aniversários, era um sufoco para que eu saísse do meu quarto. sempre fui, sim, amigo dos meus amigos, aquelas pessoas que pude e posso escolher. da família mesmo, só ative apego à minha avó materna e ao meu pai, que me ensinou o amor aos livros. valores de família nunca me disseram nada, principalmente agora.se eu nõ tocar meu barco sozinho, ele naufraga. depois, tios e primos não são parentes - pelo menos para mim. vejo-os como pessoas mais distantes do que o funcionário da companhia de luz que me traz a conta todo mês.

beijos,

j.

eduarda,

da minha família mesmo, só amei duas pessoas: minha avó materna e meu pai. os demais foram e são apenas figurantes neste meu velho teatro.

beijos,

j.

se é de mestre, não sei. mas que tem verdade, digo, a minha verdade, que,admito, não pode ser considerada absoluta, não tenho a menor dúvida. isto já é velho, mas vale sempre repetir: parente a gente não escolhe.
obrigado pela leitura e comentário.

afeto,

j.

Parente não se escolhe, é verdade, mas mesmo assim se recolhe uma ligação que se faz firme ou se perpetua em vão.
A genealogia não é genialógica