SONETO DE ADEUS AO SONETO

sabe, meu caro nuno, as formas convencionais às vezes me deixam entediados. o soneto às vezes me parece mais batido do que bengala de cego. brigo com ele, mas sempre volto a ele. no meu livro novo, a sair, há oito, inclusive este.

abração,

j.

Cada um com o seu fado e o teu é a perfeição.
abraço
nuno

amigo nuno,

juro que não. sou é teimoso. apanho muito pra escrever. mais reescrevo do que escrevo. cada escrito é um parto.

obrigado pelas palavras,

j.

tudo passa, minha cara, até eu já começo a passar. agradeço o seu carinho. é importante, acredite.

beijo,

j.

sabe, natália,

eu também gosto do soneto, apesar de viver brigando com ele. tanto que incluí oito,inclusive este no meu livro novo. o que eu acho é que eles às vezes é judiado. escrevem catorze linhas a olho, estou caduco de ver isso, aqui mesmo - e você sabe - e chamam soneto. se é pra fazer, respeitem às regras.

carinho,

j.

suas palavras me fazem um bem louco.

um beijo,

j.

competência você tem. não sou melhor que você - e faço. pode ser que você não paciência - aí são outros quinhentos.
eu não mato ninguém, maria joão, sequer uma mosca.acho, na verdade, que quem morre sou eu.
sou o único pretenso mocinho que morre no filme.

beijo,

j.

amigo domingos,

tinha um cantor aqui no brasil, uma espécie de rei da seresta, que, envelhecendo, com a voz já mais lá pra do que pra cá, inventava uma despedida todo ano. ele se chamava silvio caldas.imortalizou uma canção, composta em parceria com o jornalista e poeta orestes barbosa, chamada chão estrelas - que, para manuel bandeira, tinha nestes versos os mais lindos que já leu: "a porta do barraco era sem trinco/e a lua fora furando o nosso zinco/sapilcava de estrelas nosso chão/ e tu pisavas nos astros distráida/ sem saber que a ventura desta vida/é a cabrocha, o luar e o violão... pois bem, silvio caldas envelhecia e todo ano anunciava uma despedida. uma emissora de tv bancava o show,com grandes astros, e o seresteiro embolsava um dinheiro. foram mais ou menos umas quinze despedidas. silvio caldas morreu com mais de oitenta anos - só aí se despediu de uma vez. minha despedida do soneto deve ser mais ou menos assim. viva o soneto!

abração,

j.