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A PARTEIRA (ou a verdadeira história de um nascimento)

 
"Os nossos melhores sorrisos só os merecem (e proporcionam) as crianças"


Sou professora há cerca de quinze anos. Tenho dois filhos pequenos e, como todas as professoras e todas as mães, já me encantei muitas vezes com as ternuras com que as nossas pequenas preciosidades se saem. Mas, sem sombra de dúvida, a melhor descrição de nascimento que já ouvi, partiu de uma das minhas alunas do segundo ano, há tempos atrás.

Bem, eu, já em miúda, adorava o jogo da “demonstração”. Por isso, sempre guardo um espaço nas aulas para o jogar com os meus alunos; ajuda, na minha opinião, a ultrapassar a timidez e dificuldades de comunicação. Normalmente estes jogos são bastante de-trazer-pelos-afectos: os miúdos trazem de casa pequenos animais de estimação, tipo tartarugas, peixinhos (até apanhados por eles..), brinquedos, coisas de que eles gostem… eu nunca, nunca imponho limitações. Se eles querem mostrar e falar de alguma coisa, seja o que for, eu deixo-os falar.

Num desses dias de "mostra e diz", Erica, uma das minhas alunas mais espertas e extrovertidas, pede a sua vez e dirige-se ao “palco”, leia-se para o espaço em frente à classe espectadora, com uma almofada debaixo da camisola de lã…

Ela começa por mostrar uma foto de um bebé: "Este é Lucas, o meu irmãozinho, e eu vou contar-lhes a história do seu nascimento:

Primeiro, a mamã e o papá quiseram um símbolo do seu amor, depois o papá pôs uma sementinha na barriga da mamã e o Lucas cresceu lá dentro. Durante nove meses ele dormiu, brincou e comeu lá, através de uma bengala de guarda-chuva..."

Ela estava ali, com ambas as mãozinhas pousadas na almofada, e eu tentava desesperadamente não me desmanchar a rir, ao mesmo tempo que desejava ter comigo a minha câmara de filmar. Os outros miúdos olhavam-na, completamente atentos…

"Então, no outro, outro Sábado, a minha mamâ começou assim: oh, oh, oh!..." (Erica punha as mãos nos rins e grunhia). "Ela andou pela casa toda assim, por, tipo, uma hora. Oh, oh, oh!.." Agora ela gemia e curvava-se, simulando desespero e dor…)

"O papá chamou a parteira. Ela entrega bebés, sabem, mas não tem um sinal no carro, como o homem dos congelados. Ela fez a minha mamã deitar-se na cama, assim:" (e Erica deita-se no chão do estrado).

"E depois, pop!, (a mamã tinha um saco cheio de água lá dentro, no caso do bebé ter sede…) e pronto, ele rebentou, e entornou-se todo na cama, assim: pssshhhiiiuuuu...." (a criança tinha as pernas separadas e as suas mãos mimetizavam água a correr. Foi demais!...)

"Então a parteira começou a dizer à mamã “empurre, empurre!” e “respire, respire!”. Eles começaram a contar, mas nunca, nunca passou dos dez!. Depois, de repente, aí vem o meu irmão!

Estava coberto duma coisa nojenta e eles todos disseram que era “Play center” (placenta). Eu descobri que era assim como um recreio, em inglês… o meu irmão devia ter lá dentro imensos brinquedos, não sei… quando ele saiu cá para fora a parteira deu-lhe uns açoites, por se ter portado mal lá dentro."

Neste ponto a Erica levantou-se, fez uma vénia teatral e voltou ao seu lugar. Desde esse dia, sempre que é dia do jogo do “mostra e diz”, levo sempre a minha câmara de filmar, não vá outra “Parteira” ser a estrela do dia…


Teresa Teixeira


Esta história, recebi-a de uma amiga, por mail. Era originalmente em inglês e diz-se verídica. Acredito, por experiência própria (quem não recorda ditos e gracinhas hilariantes das nossas crianças?!...) que sim. Deu-me imenso prazer traduzi-la para vocês... riam, se faz favor...
 
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Sterea
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Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 26/05/2010 16:17  Atualizado: 26/05/2010 16:19
Usuário desde: 28/07/2009
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Mensagens: 10486
 Re: A PARTEIRA
Engraçada esta história.
As crianças são impagáveis quando não se espera lá se saem com coisas incríveis.
A minha Paula (filha) quando tinha seis anos fez a escola aí em Macedo de Cavaleiros e todos os fins de semana íamos à barragem à pesca.
Um belo Agosto, veio a Santarém passar férias com a avó e então disse para ela: avó sabes a minha mãe tem muito nojo e medo da minhoca é o meu pai que lha mete, a minha sogra riu tanto que foi às lágrimas e diz a miúda é verdade avó mas olha é a minha mãe quem apanha sempre mais trutas.

Amiga esta história sempre era contada quando
era natal ou nos juntávamos em família.
Teve a sua graça sem dúvida.

beijo


Enviado por Tópico
elendemoraes
Publicado: 26/05/2010 22:03  Atualizado: 26/05/2010 22:03
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 Re: A PARTEIRA
Oi amiga,
tua engraçada história foi um santo remedio para minha "fossa" vespertina. Muito bem contada: as imagens se desenrolavam como num filme e, na sequência, nem precisava ser lido, só "visto".

Parabéns Sterea! Perfeito.
Beijos
Elen