Poemas : 

a morte é uma mãe que perde um filho

 
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nega o sol de cera
que as minhas asas estão prontas a queimá-lo
em espiral de chamas ascendentes

o que te escrevo ainda é um verso de papel molhado
cega os braços, cobre de sombra os passos
enquanto a hora não enlouquece
e o relógio não explode em minúsculos segundos de vidro
e impaciência.

nega tudo o que não aprendeste
que a ordem das coisas é de matéria elástica
e o céu um incidente de recurso
uma inviabilidade tácita.

sobe uma oitava.
a escada musical
é o único acesso à descoberta do fogo
a única permissão de aviso
às tempestades que germinam no útero
do silêncio
e no equilíbrio do voo.

e deixa-te cair em graça
se caires.

a morte é uma mãe que perde um filho
e o procura
em cada pena ardendo
de um só brilho.


Teresa Teixeira


 
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Sterea
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