Adeus, até um dia!

Aos 26 de maio, o professor Jesualdo Ferreira convocou uma conferência de imprensa em pleno mercado do bolhão. Havia jornalistas em todas as prateleiras e fotógrafos empoleirados nas bancas da fruta. Apareceu no palanque, montado propositadamente para o acontecimento, ladeado de carpideiras de primeira água. Ao tímido vou-me embora do professor, o choro das carpideiras ecoou com estrilho no vermelho dos tomates. A saída, segundo o professor, era motivada pela ameaça do macaco, que lhe enfiava a banana caso o FCP não ganhasse a liga dos campeões da próxima época, coisa impossível aos olhos do professor, visto que apenas tinha conseguido apurar o FCP para a liga Europa. A terminar, o professor acusou também um jornalista que estava pendurado ao lado dum peixe-espada de o estar a amedrontar com caretas e manguitos.

À mesma hora ao redor do abastado prédio de José Mourinho, em Milão, já se enfilavam corpos na tentativa de ver o mister, que da varanda do seu 14º andar com uma megafone na mão, transmitia aos italianos a sua partida, largaria as pizzas italianas pelas tortilha espanholas, descontente com a cabeçada que Materazzi lhe tinha dado,nessa tarde, na zona pélvica, onde agora exibia um enchumaço, resultante do curativo efectuado após o incidente. Um lamento geral se levantou e pelas ruas, em curioso transtorno, milhares de pessoas choravam a partida do mister para Espanha. No dia seguinte o Instituto Europeu de Estatística exibia a seu último estudo dando conta do aumento significativo do número de suícidios e depressões pós-traumáticas em Portugal e em Itália.