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De Rosto Nú

 
 
De Rosto Nú

É teu privilégio a minha intimidade
Pés descalços e cara lavada…
Peças atiradas no afã da vontade
Se no banho me despes, e sou amada.

Nessa pintura sou tela tua
Em que me recrias em pincel
Curioso me descobres em pele nua,
Num abraço, ao teu dispor e revel.

Me passo em desejos e descobertas
Entregue aos sentidos nas diferenças,
Unidade, que recrias sob as cobertas.
Primitivo laço, sem pudores nem reticências…


Excerto do Poema 'De Rosto Nú'

Ancestrais remotos do ser humano, pintavam o rosto e o corpo como ritual de aviso coletivo. Algo explicitamente reconhecido e respeitado. Que significado tem a pintura no corpo? Indicativos de paz, de guerra, de caça. Os indígenas usavam pinturas também em comemorações, num prenúncio de vários tipos de festejos, tais como: casamentos; iniciações; colheitas; nascimentos e tantos outras ocasiões.

Na contemporaneidade pintar o rosto, exibir tatuagens, trás esta ancestralidade à tona. Um primitivismo, uma necessidade da alma de sempre, de ir além das máscaras sociais, e se mostrar, ou anunciar que quer ser notado de alguma forma, que pertence a uma aldeia, tribo ou lugar que pode ser social ou simplesmente no sentimento do outro.

As diferentes formas de pinturas são seletivas, dizem mensagens que falam de diferenças e unidades. Amar o diferente é alimentar a curiosidade. E os sentimentos humanos exibem muita fome, muito desejo pela descoberta, a novidade fascina a todos, leva a assumirem riscos para sentir o coração palpitar, o corpo tremer numa eterna busca de complementaridade.


Ibernise.
Barcelos (Portugal), 20.08.2010.
Núcleo Temático Romântico.
 
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Ibernise
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