Só a vi uma vez, durante segundos, mas nunca a esqueci. Era uma criança, apenas uma criança. Distinguia-se de outras por ser notoriamente de raça indiana e as vestes que usava assim confirmavam. Era Verão, fim de tarde em São Martinho do Porto, e havia feira. Talvez pelo seu ar exótico, quando a vi juntar as mãos em frente ao rosto, tive a sensação de que proferia alguma espécie de ritual sagrado. Mas, logo a seguir em seu rosto surgiu um sorriso traquina e as mãos que se haviam juntado esfregaram uma na outra e desapareceu a correr por entre a multidão. Tornara-se naquilo que afinal sempre fora... Apenas uma criança!
Temos tanto a aprender com as crianças...