Os milénios os séculos as décadas 
Os anos os meses os dias as horas
São tão dignos de atenção
Que não temos vida para compreender
O tempo que vivemos
Este morto
Já não vive
Já não lhe digo tu
Não deixes que te matem
O sol e o mar ao largo 
Vemos 
Deste cemitério
De uma das mais de cem
Cidades 
Sempre nos perdemos
Como perde quem
É a ponte mas não sabe
Entre eras e idades
Este morto
Não fala
Fria fronte
Face desentendida 
Já não lhe dizem tu
O destino
A nós se reserva .