Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 019

 
Tags:  Marcos Loures Sonetos  
 
1801

Amigo, há quanto tempo não te vejo.
Eu tenho tanta coisa pra dizer,
Do sonho de um amor que sem prazer
Deixou já bem distante o meu desejo.

Aproveitando o raro e bom ensejo
É necessário sempre perceber
Que a vida nos tomando me faz crer
Que esta amizade é feita sem ter pejo.

Apego-me ao passado vez em quando
Tentando um ar que seja ao menos brando,
Embora o coração esteja aberto

Ao vento que virá em temporal,
Porém nossa amizade, sem igual,
Garantirá o oásis, estou certo...


1802

Amigo, beba um trago, vem comigo,
Depois de tantos anos te encontrei.
Mal posso te dizer do que passei,
O amor que um dia eu quis, virou castigo.

Um velho camarada, o desabrigo,
Voltando à minha vida dita a lei,
De tudo que aprendi mais nada sei,
A paz é tudo aquilo que persigo.

Querendo ou não querendo, dei azar.
Sabendo quanto é duro procurar
Por quem nos dê carinhos e atenção.

A lua que eu sonhava, devolvi,
Eu peço meu amigo, a ti perdão,
Sabendo que um amparo encontro aqui...



1803

Amigo, eu sei que é dura uma saudade
O amor nos conduzindo, muitas vezes
Nos rouba sem saber, felicidade
Por dias, por semanas ou por meses...

Eu também já passei por dissabores
Bem sei quanto é cruel a solidão!
A vida vai chegando aos estertores
A morte nos parece solução!

Amar demais traz sempre este tormento,
Cortando em nosso peito, a desventura.
Sangrando vilãmente em sofrimento
A vida nos parece uma tortura.

Porém não desanimes, companheiro,
Um novo amor virá, mais verdadeiro


1804


Amigo, nos meus cantos que fizera,
No peito sem saber por onde estavas.
A vida se encontrando em primavera,
Embora; tão silente, me deixavas.

Não vejo mais sequer um só disfarce
Que possa utilizar, pois vou vencido.
É duro ter que dar minha outra face
Aos cortes tantas vezes desferidos.

Ferido por quem mais, um dia, amara.
Sangrantes esperanças consumidas.
Amar pode ser perla muito rara,
Porém uma amizade vale vidas...

Desculpe se te faço essa canção,
As notas nascem fundo: coração!


1805

Amigo, eu te proponho novos versos
Que falem de esperança e de alegria.
Por mais que sejam tristes e diversos
Os dias se renovam, fantasia...

Passando pelos astros, universos
Se mostram encantados, poesia.
Se os medos se perderam, tão dispersos,
Um novo mundo, a sorte prometia...

Palavras que vão soltas, liberdade.
Nas asas dos sonetos que tu fazes,
O sonho se mistura à realidade.

Por isso, companheiro se permita,
Que a vida te trará em outras faces
A vida na verdade, mais bonita...


1806


Amigo, quando a vida enfraquecer
Teus passos e estiveres mais cansado,
Vontade de parar e de morrer
Verás que estarei sempre do teu lado.

Quando não tiveres mais prazer
E te sentires só e abandonado
Teu peito por tristezas maltratado,
Neste momento irás já perceber

Meus braços estendidos como ponte
Por sobre um mar em plena tempestade.
Abrindo ao teu olhar belo horizonte

Secando cada lágrima escorrida,
Verás todo o poder desta amizade,
Trazendo tanto alento para a vida...


1807



Amigo, eu sei que é dura uma saudade
O amor nos conduzindo, muitas vezes
Nos rouba sem saber, felicidade
Por dias, por semanas ou por meses...

Eu também já passei por dissabores
Bem sei quanto é cruel a solidão!
A vida vai chegando aos estertores
A morte nos parece solução!

Amar demais traz sempre este tormento,
Cortando em nosso peito, a desventura.
Sangrando vilãmente em sofrimento
A vida nos parece uma tortura.

Porém não desanimes, companheiro,
Um novo amor virá, mais verdadeiro



1808


Amigo, uma esperança traiçoeira
Por vezes nos maltrata mais que tudo.
Buscando esta ilusão a vida inteira
Sentindo o coração assim, miúdo,

Quem sabe se esta sorte costumeira
Derrame todo o sonho em que me iludo,
Nos mostre uma outra luz mais verdadeira
Que nunca nos pergunte: se, contudo...

Apenas a certeza salvará
Um coração que esvai-se, amor incerto.
Mas veja que outro dia chegará

E a chuva da promessa então nos traga
A solução perene pro deserto
Na mão que nos sacia enquanto afaga...



1809



Amigo, eu sei que é dura uma saudade
O amor nos conduzindo, muitas vezes
Nos rouba sem saber, felicidade
Por dias, por semanas ou por meses...

Eu também já passei por dissabores
Bem sei quanto é cruel a solidão!
A vida vai chegando aos estertores
A morte nos parece solução!

Amar demais traz sempre este tormento,
Cortando em nosso peito, a desventura.
Sangrando vilãmente em sofrimento
A vida nos parece uma tortura.

Porém não desanimes, companheiro,
Um novo amor virá, mais verdadeiro



1810

Amigo; esta cadeira te pertence
É nela que escrevi meus versos duros.
O sonho de viver já não convence,
Os dias com certeza, mais escuros.

Por isso tantas vezes peço, pense
No quanto que enfrentamos altos muros.
Por mais que algum prazer nos recompense,
Não vale mais viver tantos apuros.

Mas deixo-te a cadeira como herança
Apenas um resquício de lembrança
De quem amou demais e não sabia

O quanto era importante o novo dia
Que é feito em harmonia, em esperança,
Palavras que esqueci, sem poesia...



1811

Amigo, a podridão já se descobre
Debaixo deste amor que não mais quero,
Por mais que na verdade amor me sobre
No sabre que ela esconde, eu me tempero.

Amor que não valeu sequer um cobre,
Restou inerte e frio, cego e fero.
E enquanto resistindo, já me cobre
Cadáver insepulto que venero...

Amigo, como é bom saber que existes,
Meus dias não serão, decerto tristes
Existe a lealdade, isso é o que conta.

Os olhos que ela um dia tomou conta,
Ainda resistindo podem ver
Apoio que me faz sobreviver...



1812


Amigo, é bom saber que tu existes,
E eu agradeço a Deus pela presença
Em dias que passei, outrora, tristes
Encontro nos teus versos recompensa
Um pássaro sonhando com alpistes,
Canto que satisfaz; ternura imensa,

Poeta de mão cheia, camarada,
Admirando teus versos num soneto.
Amigo, companheiro de jornada,
Em sonhos ao que cantas me arremeto
E vejo quão é bela uma alvorada
Completo emocionado este sexteto,

Dizendo neste dístico final,
Gonçalves, dentre os Reis, o maioral!



1813

Amigo, tantas vezes ilusões
Nos tomam e transtornam nossos passos.
Roubando a sensação destes abraços
Perdidos em antigas emoções...

Marcados pelos crivos das paixões,
Sequer sobraram sonhos nem mais laços,
Os olhos fugidios, tristes, baços,
Na seca que nos toca os corações.

Mas vejo uma esperança além do cais,
De um dia renascermos bem mais fortes.
Amores que se foram sem ter nortes

Talvez ressurgirão no fim do dia.
Não reconheço a dor do nunca mais,
Restando dentro em mim, a fantasia..



1814

Amigo, em cada passo, uma certeza
Que o torna insuperável, não discuto,
Amar é se levar em correnteza,
Amor, material decerto bruto

Aonde é necessário o lapidar
Pra que surja essa jóia nem mais rara,
Amigo não precisa perguntar,
Por si, sem ter cobranças nos ampara.

Assim, querida eu vejo esta distância
Que pode ser, garanto, superada,
Do amor ao se matar toda a ganância
Uma amizade surge em alvorada

Que queima, mas não corta ou dilapida,
E assim já glorifica nossa vida...


1815

Amigo, eu sei que é dura uma saudade

O amor nos conduzindo, muitas vezes

Nos rouba sem saber, felicidade

Por dias, por semanas ou por meses...



Eu também já passei por dissabores

Bem sei quanto é cruel a solidão!

A vida vai chegando aos estertores

A morte nos parece solução!



Amar demais traz sempre este tormento,

Cortando em nosso peito, a desventura.

Sangrando vilãmente em sofrimento

A vida nos parece uma tortura.



Porém não desanimes, companheiro,

Um novo amor virá, mais verdadeiro


1816



Amigo, me proteja quando a vida
Trouxer em artimanha encruzilhadas
Ao permitir que eu siga por estradas
Aonde a luz perene enaltecida

Não deixa sua marca ser sentida
E as trevas falsamente iluminadas
Levando para os ermos, disfarçadas,
Fechando para nós toda a saída.

Somente a tua mão conduzirá
Com firmeza ao portal do paraíso,
E toda uma alegria que há por lá

Mostrada em amizade soberana,
No passo decidido e assim conciso,
Toda a felicidade enfim, se explana...



1817


Amigo, com certeza são terríveis
Os dias em que, duro e circunspeto
Trazendo em nosso peito um mal secreto
Ficamos ao revés, bem mais sensíveis.

Bizarras sensações incoercíveis
Tomando e maltratando todo afeto
Tornando-nos piores que um inseto
Entregue às tempestades mais incríveis.

As feras nos ferindo em suas garras,
A dor vai se espalhando e nas fanfarras
Aumentam seus estragos, tristes trevas.

Porém ao percebermos que amizade
Acena com carinho e liberdade
As dores vão fugindo em várias levas...


1818


Amigo, não permita que teu verso
Se perca sem sentido, pois somente
Um canto que se mostre mais perverso
Atando em frios braços a corrente,
Deixando um horizonte tão disperso,
Ferindo o coração de toda gente...

A fonte da alegria deve ter
As cores da ilusão da poesia,
Atado nestes sonhos, meu prazer
Enxágua minhas dores, na alegria
As águas frescas quero, então beber,
Nos versos que trouxeres fantasia...

Amigo a vida vale sempre a pena
Quando um sorriso em paz, decerto acena..



1819


Amigo; na verdade uma verdade
Já morre na inverdade de assim ser.
À parte do que sei se a dor não arde,
Não vale a pena, mesmo assim sofrer.

O caos em que semeia iniqüidade
É feito do talvez ou sem querer,
O passo sem compasso na amizade
Condena o que não temos a perder.

E sigo num vazio feito em vão,
Na busca do quem dera, mas morreu,
Aos poucos vai se abrindo imenso chão

E o que eu pensara ter; jamais foi meu.
Ausência do não houve em desencanto,
Apronta e desnorteia qualquer canto...



1820


Amigo; bem mais fácil que tu pensas
Criar da podridão a flor perfeita,
Precisa-se; entretanto, ser aceita
Nas faces deformadas, recompensas.

A morte agradecida se às expensas
De todo misticismo sendo feita
Na cama que criares, já se deita
A lama das injúrias, das ofensas.

Assim são feitos todos os heróis,
Brilhando sobre nós como mil sóis,
Os homens mais perfeitos destes mundos,

Moisés, Jacó, Davi, são exemplares,
Capazes de traições em lupanares,
Consagrados, porém; no fundo, imundos...



1821


Amigo, compartilho do teu riso,
Pois vejo na alegria, mantimento,
Um mundo mais sagaz assim diviso
Palavras vão perdidas pelo vento

Mas vivo com certeza, tendo o siso
Que faz em cada frase, julgamento.
O tempo de viver vai sem aviso,
Por isso ser feliz, eu sempre tento.

E louvo em cada passo, todo segundo
Que é feito em fantasia e que se sente.
Nos passos que persigo, da amizade.

Eu posso caminhar por todo o mundo
Em companhia amiga que é excelente
E porta por si só felicidade...


1822


Amigo, tantas vezes em audácia
Mal percebia o rumo que entranhava,
Às vezes me perdendo na falácia
Nada do que quis eu encontrava,

Pensando ser feliz a queda vinha
E tudo o que eu tivera, simples sonho,
Mostrava que em verdade eu nada tinha
Senão um falso mundo tão bisonho.

Agora é que percebo que os conselhos
Que deste, com certeza com carinho
Não eram simplesmente torpes, velhos,
Alumiavam sempre o meu caminho.

E assim com dor e corte eu aprendi
Que o bem da lealdade encontro em ti.



1823


Amigo, no meu peito irei guardar,
Protegendo de tantas intempéries,
Não importando a luta a se lutar.
Amigo é coisa rara. Nunca em séries...

Nas noites tenebrosas, sem luar;
Nas horas mais difíceis dessa vida,
Quando não há mais porto pra atracar.
Quando não há sequer uma saída!

Quando esta vida sangra sem perdão...
Quando a dor vem, penetra com maldade
Quando estamos perdidos, solidão.

Quando estamos vagando na cidade.
Quando as portas se fecham... A amizade
Conhece as sete chaves, coração!



1824


Amigo, procurei tua navalha,
A carne necessita ser profana...
Não permita de Deus a nova falha,
Prefiro a podridão à doce cana.

Tua voracidade que trabalha
Esmagando meus ossos na roldana,
A morte enfrentarei, letal batalha,
Na lividez cadáver podre emana...

O câncer me consome metastático,
Espero meu final, parado estático...
Sorriso ameaçante finge cálido...

A mente não suporta essa exaustiva
Luta. Só me restando ficar pálido...
Nem a puta esperança resta viva!


1825


Amigo, é muito bom saber que existes,
Durante muito tempo imaginara
Não ter mais solução, os mundos tristes
Que sempre, em minha vida freqüentara.

Pensando que jamais encontraria
Alguém em quem podia confiar,
Uma amizade pura? Fantasia...
Ao ver-te comecei a imaginar

Que isto fosse possível, companheiro.
Um coração tão puro quanto o teu,
Difícil de se achar no mundo inteiro.

De tudo o que sonhei, célula máter,
Amor que se inspirou em Prometeu,
Um símbolo perfeito: bom caráter...



1826


Amigo, eu percebi o teu valor
Na hora mais exata em que caía
Por terra meu castelo encantador.
Aí eu percebi, pois logo via

Que todos me deixavam. Morta a flor
Nem mesmo o meu canteiro resistia.
De todo o bem que sei que ainda havia,
A seca foi demais, morreu amor

E tudo o que chamavam de amizade.
Pois foi nesse momento, quase vão,
Que eu encontrei decerto esta verdade

Que mostra bem de perto a realidade.
Vieste com apoio ou compaixão,
Tal qual fosse um parente, mais que irmão...


1827


Amigo, há quanto tempo necessito
Falar deste carinho que perdi...
Amor que se fizera tão bendito,
Depois de certo tempo... nem mais vi...

O canto em que louvara, mais bonito,
Perdendo todo encanto. Nada aqui
Senão meu triste olhar que no infinito
Procura pelo amor que recebi.

Na mortalha que cobre, solidão,
Percebo uma esperança de verdade.
Quem teve nesta vida, uma ilusão

Já sabe quanto é bom ter um abrigo,
Depois de toda a fúria, tempestade,
O braço solidário de um amigo...



1828


Amigo, reconheço meus defeitos,
São vários e jamais irei negá-los.
Por mais que nós tentamos ser perfeitos,
Sabemos onde apertam nossos calos.

Quem traz todos os sonhos satisfeitos
E sabe do poder de decifrá-los
Conquista seus amores todos feitos
Com jeito, preparou-se pra encontrá-los.

Mas sabe que ninguém é tão correto
Que possa, todo mundo criticar.
Perdão nunca é demais, e mostra afeto.

Eu não procuro amigos sem pecados
Isso eu bem sei jamais irei achar,
E os erros dos amigos? Perdoados....



1829


Amigo, tantos erros cometidos
Impedem se pensar que a solução
De todos os problemas envolvidos
Seja dada por velha explicação.

Os tempos que se passam, corrompidos
Em bases tão cruéis; escravidão,
Impedem que outros dias construídos
Demonstrem o caminho e direção.

Recomeçar em bases mais saudáveis
Caminhos que nos tragam igualdade.
Criando assim pessoas mais amáveis,

Desigualdades são insuportáveis,
Um novo mundo pleno em liberdade
Na fonte insuperável da amizade!


1830


Amigo; nos teus ombros me apoiei
E pude, desta forma ter visão
Maior do que jamais eu esperei
Podendo ver, do mundo, a amplidão.

Teus braços me guiaram pela vida
E sempre me ampararam; meu amigo,
Até quando a minha alma anda perdida,
Eu posso sempre estar; contar contigo...

Por isso, camarada e companheiro,
Eu tenho esta certeza da vitória,
Quem encontra um amigo verdadeiro
Já pode agradecer a Deus, a glória

De ser bem mais capaz e preparado
Pois tem um anjo bom, sempre a seu lado...


1831


Amigo, mesmo longe, tempo/espaço,
Eu tenho a sensação de que te vejo
E sinto toda a força do teu braço,
Na hora e no momento que desejo.

Por vezes quando a luta traz cansaço
E os olhos se perdendo em relampejo,
E a dor tão perigosa que prevejo,
Eu sinto que o calor de teu abraço

Não deixa a nossa vida se perder.
Amigo como é bom saber que existe,
E ti a sensação deste poder

Que faz a nossa vida alvissareira,
Nos enche de alegria em dia triste
Uma amizade pura e verdadeira...



1832


Amigo, neste teu aniversário
As festas não são nada, pode crer.
Tu és mais importante. Nada é páreo
Para a alegria intensa em te rever.

As datas só refletem calendário;
Porém uma certeza; posso ver.
O rio que procura um estuário
Não deixa nem as pedras o conter.

Por isso estou aqui para abraçá-lo
E desejar que tenhas noutros anos
A boa sorte sempre a contemplá-lo.

Viver não é só ter felicidade,
Quem pensa assim; sofrendo desenganos,
Reconhece o valor de uma amizade!


1833


Amigo, nunca tema ser feliz,

Felicidade; um bem que não tem preço.

É tudo o que na vida, eu sempre quis.

Talvez bem mais que tudo o que eu mereço.


No amor que não me quer qual aprendiz

Buscando qual a causa do tropeço.

Que fez com que perdesse seu matiz

Meus erros, eu bem sei cada tropeço.


Amigo, por favor; diga a quem amo

Que tudo que mais quero é seu carinho.

Por isso tantas vezes eu reclamo


Saudade de quem quero e me quer bem.

Quem dera se pudesse; um passarinho

Chegando ao seu ouvido, dizer: Vem!



1834


Amigo, tantas vezes me perdi
Em meio às mais diversas claridades.
Desculpe se magoei ou te feri
Mentindo ou te dizendo as inverdades

Com toda estupidez, só peço a ti
Que tenhas paciência. Sem maldades
Apenas me enganei e venho aqui
Pedir tua clemência. As liberdades

Permitem que te fale deste jeito,
Abrindo o coração e sendo franco.
Bem sei que não estás mais satisfeito

Mas peço-te perdão, querido amigo.
No lenço que te estendo, todo branco,
Vontade de viver em paz contigo.

1835

Amigo, nossa vida é uma batalha
Que sempre nos provoca e nos maltrata.
Vivemos neste fio da navalha,
A dor que nos entranha quase mata.

A vida não permite tanta falha
A queda violenta da cascata.
Na carne tantas vezes já se entalha;
As marcas que ficaram nos retrata.

Mas conto com teu braço e teu apoio,
Nas lutas que vierem, companheiro.
Com o tempo sabemos quem é joio

E também quem é útil e bom trigo.
Assim se reconhece o verdadeiro
Eterno companheiro; meu amigo...


1836

Amigo, sei tampouco de teu dia,
Mas sinto que tu tens honestidade,
Aprendo que viver em harmonia
É princípio vital de uma amizade.

Embora tantas vezes a alegria
Nem sempre quer dizer felicidade
Assim como uma plena sintonia
Não pressupõe qualquer sinceridade.

Porém sinto o bafejo dos bons ventos
Trazendo esta presença tão suave.
Espero que também esses momentos

Sejam de total aprendizagem.
Peguemos amizade, boa nave,
Que possa traduzir boa viagem...


1837


Amigo, não permita que a avareza
Tome conta da vida que terás.
Tomando-te, roubando uma clareza
Depois de certo tempo, matarás

A razão que nos permite ver beleza
Nas coisas que este mundo sempre traz.
Quem vive sem se dar, terá certeza
De como é impossível se ter paz

Aquele que não vive prá se dar
Não merece viver felicidade.
Tentando se esconder da luz solar

Mal sabe que sozinho, ninguém brilha.
Esquece que somente uma amizade
Constrói em fina troca, a bela trilha...


1838


Amigo, me desculpe, mas não posso
Deixar de te dizer que esta mulher
Que tanto desejamos cria um fosso
Enorme entre nós dois. O que vier

Será por mim aceito de bom grado,
Eu sei que talvez isso seja um fato
Que possa parecer bem complicado
Mas nada que nos traga um desacato.

Amores são assuntos bem diversos
E neles nunca fala uma razão.
Por mais que nossos sonhos vão dispersos
As ordens que nos dá é o coração.

Por isso, ao esperar que ela decida,
Mantenho esta amizade, tão querida...



1839

Amigo, nunca estamos mais sozinhos,
Os laços da amizade fortalecem
Aqueles que buscando os seus caminhos,
Conosco as esperanças, mesmas, tecem.

Sabendo que isolados, somos fracos,
Devemos nos unir, sem mais temer,
Por mais que nos pareçam serem parcos
Os recursos que trazem nosso ser.

Unidos venceremos as batalhas
Que a vida nos prepara, mil percalços,
Por mais que estas montanhas sejam falhas
Mesmo que nossos pés 'stejam descalços...

A vida nos demonstra essa lição,
A força sempre vem de uma união...




1840



Amigo, não existe a perfeição.
Apenas procuramos lealdade
Que é feita do carinho e do perdão,
As bases para haver uma amizade.


Quem busca um ser perfeito ao ouvir não
Se perde sem saber toda a verdade.
Viver uma amizade, sensação
De ter e conceder a liberdade.

Não quero neste amigo uma influência,
Apenas confluência de caráter.
Uma amizade é feita em inocência

Sem ter outra intenção senão amor.
Da sociedade célula que é mater,
Mostrando a sua face e seu valor...



1841



Amigo, quando a dor nos toma assento,
Na frustração terrível nos perdemos.
Aquilo que se foi; perdeu-se ao vento;
Distantes; quase nunca mais sabemos.

O que era desejado num momento,
Perdido, talvez nunca mais queremos.
Um pulo, da alegria ao sofrimento,
Depois, passando o tempo; nem sofremos.

Mas quando conseguimos nossos sonhos,
Que tanto desejávamos; amigo,
Tornando-nos decerto mais risonhos,

E depois os perdemos, vão ao largo,
O doce que vivia aí contigo
Transforma-se num gosto mais amargo...


1842


Amigo, como é bom saber que temos
A sorte de encontrarmos raridades.
Por vezes me pergunto se sabemos
Cuidar com precisão das amizades...

Há tempos que quase não nos vemos,
Mas sei que em nossa vida, as liberdades
Sempre serão as mesmas que tivemos
Por tanto tempo. Vivas claridades,

As mesmas que guiaram nossos passos,
Trazendo tanta paz, tanto carinho,
Não deixam para a dor sequer espaços.

Por isso, nesta data natalícia,
Não quero mais te ver; assim sozinho.
Nossa amizade agora, é tão propícia.


1843


Amigo; é necessário que respeites
As nossas diferenças. Liberdade
Traduz necessidade que me aceites
Com todos os meus erros. Na verdade

Jamais seremos feitos pros deleites
Daqueles que nos trazem a amizade.
Não digo que sejamos água-azeite,
Porém quando quiser tranqüilidade

Aprenda que nós somos diferentes,
Embora nos gostemos, meu amigo.
Por tantas vezes somos confluentes

Mas não quero afluentes nem ser foz,
A liberdade ajuda no perigo,
Às vezes precisamos de outra voz!


1844

Amigo, muitas vezes nos pegamos
Cometendo injustiças com outrem;
Depois, quase calados, disfarçamos;
Mas, porém; o perdão nem sempre vem.

Às vezes, sem querer, nós maltratamos
A quem, por certo só nos faz o bem;
Outras vezes, das árvores, seus ramos,
Ferimos sem querer. Isso também

De forma corriqueira; dia a dia,
Acontece. Melhor ficar calado
Do que quebrar encanto e fantasia

Das pessoas que são nossas amigas.
Ao falares, te peço, tem cuidado,
Palavras ofensivas quebram ligas...



1845


Amigo, eu não pretendo atrapalhar
Teus planos nem causar um desconforto.
As pernas necessitam caminhar
Distantes, procurando um outro porto.

Eu sei que tu pretendes a mulher
Que um dia já me quis, unhas e dentes.
Te juro, se ela um dia me quiser,
Meus braços não serão mais envolventes.

Pois ela, que já fora a companheira
Que sempre desejei, pros dias meus,
Depois em certa altura, quer não queira,
O nosso caso teve fim. Adeus...

Por isso não se perca mais amigo,
Eu nunca te trarei qualquer perigo...



1846


Amigo, somos ecos do passado,
Por isso nossas bases asseguram
As luzes de um futuro sonhado
Aonde nossos males já se curam.

Do que tivemos, tudo o que valeu
Estará no futuro e nos trará
O melhor. Claridade em pleno breu
O que fomos; o futuro mostrará.

Não pense que o que fomos já não vale,
Apenas aprendendo, se renova.
Montanhas são promessas: calmo vale.
Nunca leve seus erros para a cova,

Aprenda com que foi para o virá,
Somente assim a vida brilhará!



1847

Amigo, não se deixe mais levar
Por ondas tão distantes e profanas,
Ao mesmo tempo enfrentas céu e mar
Depois tão calmamente desenganas.

Bem sei que estas tempestas passageiras
Assustam quem jamais enfrenta a vida,
Mas saiba que amizades verdadeiras
Encontram facilmente uma saída.

Eu sou o mesmo que ontem te dizia
Das ondas tão difíceis, das marés,
Viver não é somente fantasias,
No chão é necessário fincar pés.

Tu sabes quem nós somos desde infância
Por isso não entendo essa inconstância...



1848

Amigo, como é dura esta batalha!
A vida sempre traz uma surpresa,
Andamos neste gume da navalha
Coragem pode ser nossa defesa!

Quem sobe uma montanha já se talha
Com pedras e com cardos. A riqueza
Exige muita luta; mesmo a falha
Não deve ser devida a uma fraqueza.

As urzes do caminho valorizam
Tua conquista e glória nesta luta.
As dores em tocaia não avisam

Por isso com cuidado e destemor,
A cada novo dia uma disputa,
No final, tu serás um vencedor!

1849


Amigo, quando a musa te encontrou
Por certo ela ficou apaixonada,
Sabendo dos teus versos se encantou
E desde então não foi abandonada.

Tu tens na poesia tanta verve
Que a musa se perdeu nos braços teus.
Beleza enamorada sempre serve
A quem traz claridade em tristes breus.

Amigo, teus sonetos e poemas
Brilhando no recanto são gigantes,
Versejas sobre os mais difíceis temas
Com formas e palavras deslumbrantes.

Ternura como tal só tem nas mães
Caro Mario Roberto Guimarães!



1850


Amigo, nem preciso te pedir,
Tampouco é necessário te falar.
Nem menos, um desejo, repetir.
Tu já sabes, bem sei, adivinhar.

Conheces meus segredos, companheiro,
Contigo nada tenho pr'esconder.
Tu sabes como sou, e por inteiro,
Te falo desta dor e do prazer.

Eu posso, camarada, sem temor,
Falar do sentimento mais profundo,
Não tenho nenhum medo de me expor,
Por certo, com teu braço, enfrento o mundo.

Por isso, te agradeço, e sinto falta.
Exponho os pensamentos, em voz alta!



1851

Amigo, eu sou sincero, não te engano.
Tu queres impossível realidade,
Assim tu viverás neste abandono,
Sem luz, sem fantasia, só saudade...

Amigo não se cobra a perfeição
Os erros cometidos são humanos.
Assim quem procurar ouvirá não,
E tu te embrenharás nos desenganos.

Amigo, somos parte deste mundo,
Por isso é que nós temos tantas falhas,
Não tente vigiar cada segundo
Senão, na tua vida, só batalhas...

Amigo quando exiges perfeição,
Só baterá na porta, a solidão...



1852


Amigo, reparaste numa coisa?
A cada dia estamos mais unidos.
Uma alma que em dois corpos sempre poisa
Traçando rumo em corpos divididos...

Sentindo uma emoção abençoada,
Vivemos nossas vidas lado a lado.
Por mais que tantas vezes vai calada
A sorte de viver recompensado.

Um coração nos une, em nossas almas,
Somente um coração, que bate junto.
Nos vemos refletidos, mesmas palmas,
As almas se completam, no conjunto.

Amigo, se no espelho, és diferente,
As almas se completam totalmente...



1853


Amigo, há quanto tempo! Que saudades.
A vida nos afasta e aproxima.
Decerto conheci felicidades
Momentos de maior, menor estima.

Distantes os caminhos se cruzaram
Mas foram poucas vezes meu amigo.
Meus braços nos teus braços se ampararam
Mas pude enfim contar sempre contigo.

Casei, joguei, remei contra o destino,
Vencido tantas vezes, não desisto.
Mas guardo o velho sonho de menino,
Bem sabes como é bom saberes disto.

Que temos a certeza da amizade,
Que pode assegurar tranqüilidade.



1854


Amigo, não permita que a distância
Destroce um sentimento tão feliz...
Espero que tu tenhas tolerância
E saiba que amizade sempre quis.

Nos trôpegos caminhos pela vida,
Por vezes estaremos mais sozinhos.
Assim uma presença tão querida
Liberta das tristezas, os caminhos...

A vida vem em ondas e maltrata,
Espero teu amparo tão sincero.
Uma amizade nunca se desata,
Num sentimento triste, duro, fero...

Eu quero encantamento que me traz,
Nosso companheirismo, sempre em paz...



1855


Amigo, não critique tanto assim,
Ajude sem tentar me magoar.
Por vezes a ferida sangra sim
E pode demorar cicatrizar...

Quem tanto me critica não percebe
Que aos poucos solidão faz seu reinado.
Quem nunca dá também nunca recebe,
Aos poucos vai ficando, assim, de lado...

Se gostas, meu amigo, como falas,
Me mostre em teu caminho como agir.
Ajude a carregar as minhas malas,
Nós temos um caminho pr'a cumprir...

E digo, sem qualquer contrariedade,
Demonstre, nos teus atos, a amizade...



1856

Amigo, nunca espere pela sorte.
A sorte, uma ilusão que logo cessa.
Erguei; nessa batalha, o braço forte.
A luta todo dia recomeça...

Não tema se a verdade não se aflora
No fim ela virá e te liberta,
Quem sabe nunca esquece quando é hora,
Por isso, nesta vida, sempre alerta...

Por vezes a mulher que não sonhamos
Aquela que nos tira do buraco.
Enquanto a quem tanto dedicamos,
Aos poucos te tornando bem mais fraco...

Se queres para as dores, solução,
A chave sempre está no coração...



1857


Amigo, nos meus cantos que fizera,
No peito sem saber por onde estavas.
A vida se encontrando em primavera,
Embora; tão silente, me deixavas.

Não vejo mais sequer um só disfarce
Que possa utilizar, pois vou vencido.
É duro ter que dar minha outra face
Aos cortes tantas vezes desferidos.

Ferido por quem mais, um dia, amara.
Sangrantes esperanças consumidas.
Amar pode ser perla muito rara,
Porém uma amizade vale vidas...

Desculpe se te faço essa canção,
As notas nascem fundo: coração!



1858



Amigo, em nossas lutas pela vida,
Tantas vezes pensei que estava só.
Acumulando dor e despedida,
Esperança morrendo, feito pó...

Demorei certo tempo sem saber,
Que jamais encontrara solidão...
Nesta espera terrível por viver
Tanto amor; ou quem sabe, uma paixão;

Eu confundia tudo, meu amigo...
Solidão com tristeza e com saudade,
Saudade desse sonho que persigo,
Que um dia possa ter, em liberdade...

Porém, quem tem amigo; tem irmão!
Por certo, nunca teve solidão!



1859



Amigo ao me trazer um novo dia
Que porte uma esperança mais acesa,
Virando deste jogo, logo a mesa,
A sorte em minha vida principia.

A mão que tantas vezes já me guia
Mostrando um novo mundo com clareza,
Em honras me cobrindo de riqueza,
Transforma minha dor em alegria.

Estampa uma certeza em caridade,
Forrando todo o céu com claridade
Trazendo idéias sempre fascinantes.

Estar contigo, amigo, por instantes
Demonstra como são tão importantes
Os raios que fulguram na amizade...


1860


Amigo chegue cedo
Que a morte vai chegar
Mudando todo enredo
Invade sem pensar

Conhece o teu segredo
E gosta de mostrar
Poder que traz degredo,
E nada faz mudar.

Por isso venha, amigo
Que a festa determina
Não tema mais perigo

No solo em cada mina,
O sonho que persigo
Por si nos ilumina



1861

Amigo compartilha uma tristeza,
Duplica uma alegria, esteja certa.
Divide o que encontramos nesta mesa,
Ajuda a penetrar na porta incerta.

Numa amizade feita em tal certeza,
A vida não será jamais deserta,
Vencendo com vontade a correnteza,
Abrindo o coração, e dando o alerta

Se a tempestade chega e nos conturba,
Amigo nos acalma e nos protege,
Deixando bem distante de uma turba,

Caminho mais airoso nos concede,
Jamais se submetendo a um herege
Oferecendo muito mais que pede...


1862


Amigo de verdade não precisa
Falar de uma amizade o tempo inteiro.
Palavra mais sincera e mais concisa
Não vale qualquer ato verdadeiro.

Andando nesta estrada tão distante,
Amigo não faz sombra nem recebe.
Ajuda numa queda ao mesmo instante
Em que um apoio firme já concebe.

Nas sebes espinhentas desta vida,
Quando a tristeza fica de tocaia,
A mão dos bons amigos é sentida
Levando o nosso barco para a praia

Aonde poderemos refazer
A vida, com mais fibra e mais prazer...


1863


Amigo dentre tantos companheiros,
Seguindo cada passo lado a lado,
Nos sentimentos nobres, verdadeiros
Por certo cada rumo foi trilhado;

Fazendo da humildade seus canteiros
No verso mais gentil, extasiado,
De uma esperança nobre tem os cheiros,
De um canto sempre vivo, acompanhado.

Amigo que se faz no dia a dia,
Nestes momentos duros; mais fiel.
Um mensageiro eterno da alegria,

Com todas as serenas humildades
Nos traz em horas tristes, todo o céu.
Mostrando em tal poder, as santidades...



1864


Amigo deste amor que não me quer,
Sabendo que cantei por tanto tempo
O rosto tão bonito da mulher
Vencido por imenso contratempo...

Bem sei quanto negar não adianta,
Amor que se incrustou dentro do peito;
A voz desta saudade se levanta
E traz um sentimento insatisfeito.

Amigo deste amor, eu não desisto...
Lutando contra as dores sem ter tréguas.
Eu sei que deste amor eu não desisto,
Embora tão distante, tantas léguas...

Beijando a fantasia, peço ao vento,
Que beije tua boca, em pensamento...


1865






"Amigo é coisa pra se guardar",
Protegendo de tantas intempéries,
Não importando a luta a se lutar.
Amigo é coisa rara. Nunca em séries...

Nas noites tenebrosas, sem luar;
Nas horas mais difíceis dessa vida,
Quando não há mais porto pra atracar.
Quando não há sequer uma saída!

Quando esta vida sangra sem perdão...
Quando a dor vem, penetra, maldade...
Quando estamos perdidos, solidão.

Quando estamos vagando na cidade.
Quando as portas se fecham... A amizade
Conhece as sete chaves, coração!



1866

Amigo e companheiro, esses meus versos
São feitos para ti, bom sonetista.
Tu sabes traduzir teus universos
Com mão e com fineza de um artista.

Abraços lusos sempre te darei
E sorte em tua vida, o que desejo.
Confesso tantas vezes me espelhei
Na qualidade imensa que, em ti, vejo.

Receba deste simples trovador
Um canto em homenagem bem sincera.
Nos versos sei tu és um professor,
Falando em "brasileiro" tu és fera!

Desejo-te felizes, belos dias.
Repletos de alegria e poesias!

Ao grande amigo e poeta português
Henricabílio.



1867


Amigo é muito mais que imaginário
O canto que te faço neste dia,
Não diga, pois que eu seja um visionário
Mas vejo como é bom ter fantasia.

No canto que te faço, embrionário
De um sonho que é mais pleno em harmonia,
Dizendo deste teu aniversário,
Te falo com carinho e alegria

De um tempo que virá bem mais sensato,
Em que todos seremos mais felizes,
Pintando da alegria um bom retrato,

Usando em aquarela mil matizes
Que falem deste sonho com certeza.
Mostrando-te perfeito na grandeza...


1868


Amigo é necessária a persistência
Se queres conquistar esta mulher.
Embora eu já perceba; a paciência
Não é característica qualquer

Em quem jamais passou por penitência
E trama em desespero o que mais quer,
Não é tão simplesmente competência
É mais do que se pode, se vier.

O rumo de teu canto andando a esmo,
Se perde dos caminhos mais sensatos.
Te falo, pois dos erros sempre o mesmo,

Comete quem se encontra apaixonado.
Cumprindo fielmente os velhos tratos
Terás amor, enfim, recompensado...



1869

Amigo é quem sabe
O quanto não sei
De tudo o que cabe
E não caberei
Pois antes que acabe
Amigos; terei.

Um passo que é dado
Com força e vontade
Num sonho que alado
Mostra na verdade
Futuro e passado
Vibrante amizade

Faz-se dia a dia
Intensa magia...



1870


Amigo é verdadeira esta emoção,
Pois nasce com tal força em sentimento
Que traz uma alegria em floração
Num canto que se vai esparso ao vento.

Sabendo desfrutar cada momento,
Encontro na amizade a solução
De toda tempestade, do tormento
Que toca, nos ferindo o coração.

Embora sejam duros os meus versos,
Encontro na amizade, esta harmonia
Que trama nos sentidos mais diversos

Louvando a própria vida em sintonia.
Distante de outros tempos tão perversos,
Promessa de carinho e de alegria...


1871


Amigo em nobre cofre coração
Guardado com carinho dentro em mim,
Precisa de vontade e doação?
Jamais amigo cobra nada assim.

Uma amizade é feita no perdão
Incondicionalmente. Nada enfim
Compara-se com essa sensação
Saber que na verdade, existe o sim.

E o não se necessário nunca omite,
Amor que se faz pleno e nada cobra,
Não sabe e nem conhece qual limite

Abrindo com carinho o dito cofre,
A força para a luta já recobra.
E junto com quem gosta, amigo sofre...



1872




Amigo em nossos passos que os loureiros
Espalhem-se na glória de assim sermos,
Amigos e comparsas, bons guerreiros,
Sem medo de encararmos mesmo os ermos.
O canto da amizade, alvissareiro,
Conhece na verdade, tratos, termos

Que servem como amparo e assim entrego
A sorte de saber a liberdade;
Por isso meu preclaro, eu nunca nego
Que tendo este poder de uma amizade,
A vida facilmente, enfim carrego
Alçando com meu canto, eternidade,

Sacrário que nos trouxe este bom Deus,
Meus êxitos, querido, também teus...



1873

Amigo em nossos passos
Momentos concernentes
E quando são escassos
Os dias em que mentes
Vencendo os vãos espaços
Ainda quando tentes
Alçando velhos laços
E nisso tu te assentes.
Pulsando numa artéria
A sorte sem miséria
O vento nos consola
E o tanto quanto pude
Vestir em plenitude,
A vida entra de sola.


1874

Amigo em sertaneja e rara fonte,
Embriaguez de sonhos, água fresca,
Por mais que tenha a vida romanesca,
Jamais verás belíssimo horizonte

Na argêntea maravilha, nívea lua,
Que inteira se mostrando em pleno céu,
Caminha mansamente e continua
Nos sonhos de um caboclo em seu corcel.

Amigo, em sua glória a dama imensa,
Deitando na cacimba um raio belo,
Terás ao vê-la, inteira, a recompensa
De um pobre lavrador com seu rastelo

Que longe de um castelo imaginário
Estende-se ao luar, seu relicário...


1875


Amigo esta cachaça nos vicia,
Não tenho mais sequer escapatória
A vida se fazendo sem vitória
Impede que se tenha um claro dia.

O quanto o pensamento ainda adia
A solidão cruel e merencória,
O amor nos transformando, eu luta inglória
Expressa este vazio em poesia.

Porém ao ter bem perto esta aguardente,
O riso vem surgindo novamente
Trazendo algum alento, eis a verdade.

Façamos mais um brinde, meu amigo,
Nos goles eu encontro um doce abrigo,
Chegando num segundo à liberdade!



1876


Amigo eu não me esqueço quando um dia
Falavas de amizade e de carinho,
Agora, me permita, em poesia
Falar de um coração que, de mansinho

Vencendo a mais temível ventania,
Arranca das estradas cada espinho.
Louvando o amanhecer ao sol me guia
Mostrando o seu valor, eterno vinho

Não deixe que este sonho se avinagre,
Permita que alegria nos consagre
E trague uma certeza de poder

Colher a cada tempo a rara flor
Cevada com o esterco deste amor
Que em plena liberdade diz prazer...


1877


Amigo eu não me esqueço
De tudo o que vivemos,
Decerto eu nunca meço
O quanto nos queremos,

Se tenho algum tropeço,
Isso é comum, sabemos,
Apoio enfim te peço,
Estendes os teus remos

E ajudas navegar
Por mares violentos,
Em meio a tanto mar,

Percebo que em momentos,
Eu sinto-te a soprar,
Pra longe os duros ventos...

1878



Amigo eu te agradeço e dentro da alma
Eu ouço um canto mágico e divino.
Por quantas vezes vi-o cristalino
Trazendo ao coração ternura e calma.

Numa Espera contínua, mas feliz,
Mudando os ares, sigo em noite imensa,
Alegre foi decerto a recompensa
Aonde a fantasia não desdiz

O quanto é realidade extenso brilho,
A dádiva; mereço por acaso?
E tendo tudo aquilo que eu aprazo,

Sossega o velho peito do andarilho,
Que no solo alegrense, capixaba
Em lágrimas sinceras já desaba...



1879


Amigo eu te encontrei pedindo esmola
Nas ruas, nas favelas e nos portos.
Tu eras a criança com a cola
Mostrando teus caminhos, todos mortos...

Tu eras meretriz, pobre menina,
Vendida por centavos, corpo exposto.
Lavavas a tua alma na latrina
Sentias podridão com fino gosto.

Te vi nos miseráveis combalidos,
Vestidos de fantasmas sem futuro.
Os pés já derrubados, distorcidos,
A morte te esperando atrás do muro.

Amigo eu reconheço pela cruz,
Crucificado sempre, vai Jesus...



1880


Amigo eu te encontrei
Nos vales e montanhas
Ainda quando ganhas
As sortes noutra grei
O tanto dita a lei
E nisto não entranhas
Sequer estas tamanhas
Vontades que eu terei.
Invisto cada passo
No quanto busco e traço
Vencendo o destemor.
A vida se desdita
E sei desta infinita
Vontade a se compor.



1881

Amigo há quanto tempo não te vejo!
Passamos tantos dias mais distantes...
A paz que me demonstras; eu prevejo,
Provém destes teus sonhos deslumbrantes...

Não sinto tantas dores, vacinado.
Não sinto mais o medo de viver.
Amigo, meu destino vai traçado,
Nos passos que aprendemos percorrer...

A vida é um dilema, com certeza
Não há muita saída, só lutar.
A vida traz problemas; correnteza
Que trouxe, também pode carregar...

Depois de tanto tempo sem notícia.
Poder falar contigo: que delícia!



1882



Amigo há quantos dias
A vida não se fez
Além da estupidez
E nada mais verias,
Se tanto em poesias
Ou mesmo em lucidez
O rumo se desfez
E nele não terias
As sortes mais exatas
E quando além constatas
Momentos mais felizes
Deixando para trás
O canto mais audaz
O sonho contradizes.




1883

Amigo me perdoe quando calo
O mundo parecendo uma mentira
Vencendo todo encanto de uma lira
De amores, na verdade sempre falo.

Quem vive neste mundo sem amá-lo
E como numa esfera volta e gira
Apenas tanta pena já me inspira.
Difícil de entender e perdoá-lo.

Amor que com certeza é bem sagrado
E deve ser assim eternizado,
Pois segue-nos do berço até sepulcro.

E toda sorte faz-se alvissareira
Numa amizade plena e verdadeira,
Que desta Terra deve ser o fulcro...



1884


Amigo me perdoe se em meus versos
Eu tantas vezes mostro-me egoísta.
Eu sei que somos muito mais diversos
Mas isso não impede que resista

Um sentimento claro de amizade
Unindo nossos mundos num só canto
Que faça nos mostrar a qualidade
Da vida com meandros, mas encanto.

Por vezes te pareço bem distante
Pensando em outras coisas desta vida.
Porém pode saber que neste instante
Eu procuro encontrar uma saída

Que possa permitir que um novo dia
Renasça com mais paz em harmonia...



1885


Amigo me perdoe
Mas saiba que a amizade
Por mais que a vida doe
Impede a falsidade,
Num canto que se ecoe,
Escoa uma verdade

Não posso te falar
De todas as mentiras
Que tentas me enganar
E ao céu quando as atiras
Destrói já sem pensar,
Rasgando em finas tiras

Um sentimento nobre,
Que lealdade cobre...



1886



Amigo não desejo a tua sorte
Apenas já não quero mais desgraças,
Os olhos vão vazios, velhas traças
Tomando minha vida, sem ter norte.

Rumando vou incólume pra morte
Perdido entre aguardentes e fumaças,
Deixando o coração, percorro as praças
E nada do que encontro dá suporte

Aos passos que; pretendo, da alegria,
Distantes do que os olhos divisaram
Na busca pelo bem que eu já queria,

Somente este vazio imaginaram.
Matando pouco a pouco a poesia,
A clemência e amizade desdenharam...



1887


Amigo não é rastro nem farol
É como um companheiro de viagem,
Não quero ser teu sol nem girassol
Não sou seu amo e nunca vou ser pajem.

Amigo nos ensina que o atol
Se perde em solidão. Distante margem
Impede que se veja o arrebol.
Mais fortes quando unidos, pensam, agem.

Por isso, companheira, já te peço,
Não deixe que se perca esta amizade.
Tanto te quero amiga, te confesso,

Mas não serei teu rastro nesta estrada
Permita que em nós dois, a claridade
Seja bem repartida e não roubada...


1888

Amigo não percebas meu passado
Apenas pelas sombras que ficaram
Resquícios que se encontram demonstraram
Bem pouco do que tive, amargurado.

Quisera há muito tempo sepultado
Meus erros que distantes me tocaram.
Os dias que encontrei tanto ampararam
Que tudo terminou, ficou de lado.

Porém de tal arquivo semimorto
Exala, da lembrança um desconforto
Que, quem dera, estivesse já perdido.

Não fosse teu apoio em amizade,
O sinal deste tempo remoído
Eu levaria por toda eternidade!


1889


Amigo não permita que a criança
Que mora na tua alma se definhe,
Vida se perpetua na esperança
Desde que todo canto já se alinhe

No encanto deste amor que é soberano,
Amor que se traduz em nossa luta
Que é contra essa opressão, formato e plano
Daqueles que só usam força bruta.

Amigo não permita que se mate
Toda a felicidade do viver,
Pois toda essa desgraça que se abate
Começa desde o dia em que nascer

O egoísmo estúpido que traz
Matando o vero amor, o fim da paz...


1890


Amigo não se cobra e nem se pede
Apenas nos apóia, sem por que,
Quem ganha é quase sempre quem concede
Não tem aonde, nunca nem cadê.

Amigo é mais que irmão, é par, é laço,
Uma alma que nos guia e nos conforta,
Estende sempre a mão, nos dá o braço,
E nunca amigo fecha qualquer porta.

Amigos verdadeiros nos consolam
Embora nunca faltem à verdade,
Amigos verdadeiros não imolam.
E nunca faltará sinceridade

Quando amizade é plena e mais sincera,
Não usa de disfarces nem espera...



1891

Amigo não se esqueça que esta vida
Prepara em meu caminho as armadilhas
Às vezes interdita nossas trilhas
Fechando uma porteira. Então decida

E lute até chegar uma saída
Que leve ao renascer em maravilhas.
Se as dores, muitas vezes em matilhas
Sagazes, são terríveis, nessa vida,

Do dia a dia veja, companheiro,
Que tantas vezes somos enganados
Na busca incontrolável - pés ligeiros,

Que tramem novos sonhos outros fados.
Porém ao perceber a realidade
Encontro farta luz nesta amizade...



1892



Amigo não se trai, senão se mata
Uma amizade feita em confiança,
Tampouco se destrói e se maltrata
Quem guarda com carinho esta lembrança

Dos dias mais difíceis que passamos.
Não deve-se ferir quem nos apóia,
Nem mesmo se arvorar a cortar ramos
Desta árvore divina feita em jóia

Podando o que nos trouxe tanto alento,
Serrando na raiz um sonho breve.
Rasgando em virulência, num momento,
Uma alma tão sincera. Quem se atreve?

Por isso é que te peço, na verdade,
Jamais deves trair uma amizade!



1893


Amigo não tens culpa do vexame
Que a tal delegação paga em Beijin,
Mineiro sabe bem ganhar beijim
Trazendo as alegrias num enxame.

O Brasil não resiste a um bom exame,
São poucas, raras flores no jardim
A mídia maltratando, pesa assim
Herói que cedo inventa num reclame.

A queda que tiveste teve o peso
De toda uma "nação" mal inventada
Mantenhas o ideal, sublime aceso

Que assim terás em paz, o teu porvir
Medalha, na verdade vale nada
O que importa, querido é competir!



1894

Amigo quando vai, a vida chora...
Estrelas vão perdendo um certo brilho...
O céu de minha vida se descora,
O rumo da existência perde o trilho...

Amigo, na saudade que deixaste
Por certo não consigo mais partir
Na minha insegurança, perco uma haste,
Ficando mais difícil prosseguir...

As duras tempestades do caminho,
Talvez sejam difíceis de encarar...
Agora, como irei seguir sozinho,
Terei quiçá u'a força pr'a lutar?

Estrela dessa sorte, ao fundo cai...
Quando da vida amigo já se vai...



1895


Amigo que os trigais sejam benditos
E deles a colheita garantida.
O dom que sobrepõe-se em nossa vida
Nos traz sempre mais próximos os ritos

Que em paz permitam ter dos infinitos
Sagrada fantasia, que estendida,
Impede que se faça amor de ermida
Matando a cada dia velhos mitos.

Por mais que a terra seja árida e seca
Quem tem felicidade sabe arar
Usando como grão uma amizade.

Quem faz de uma alegria, sua Meca,
Nesta amplitude imensa, vasto mar,
Já sabe cultivar a liberdade!



1896


Amigo quero tanto te falar
Das noites sem disfarce que passei,
Buscando nas estrelas o luar
Depois eu percebi que me enganei.

O brilho da esperança é diferente
Não pude discernir neste horizonte.
Por mais que ser feliz pareça urgente
A vida, quase sempre, nega a fonte.

Amigo, não me escondo da verdade,
Eu sei que me iludi sem perceber,
Por isso, devagar, essa saudade,
Já toma quase todo o meu viver.

Não peço-te conselho, não mereço,
Apenas que me compreenda meu tropeço



1897


Amigo sei que a vida continua,
Também eu sei que tudo passará,
Porém com a distância alma flutua
E sei que outro caminho encontrará.

Mas saiba que agradeço todo dia,
O fato de poder ter conhecido
Alguém que me trazendo essa alegria
Demonstra com bondade o bem vivido.

Não deixe que isso morra. Também peço
Que sempre pense em mim com amizade,
Se a vida te aprontar algum tropeço,
Que saiba que tu tens a liberdade

De sempre procurar um ombro amigo,
Tu sabes que estarei sempre contigo!


1898


Amigo tantas vezes me encontrou
Perdido sem sequer uma alegria.
O barco de meus sonhos naufragou,
Morrendo em solidão. A companhia
De quem meu caminho iluminou
Permite que eu renove a fantasia

E traga uma esperança de saber
Do quanto inda é possível navegar,
Até que ancoradouro em possa ver
Depois desta procela se acabar.
Na força da amizade, eu posso crer,
O dia novamente irá brilhar.

Meus olhos tão cansados perceberam
O quanto desta luz; já receberam...


1899

Amigo tantas vezes perguntei
À vida por que dores ela traz.
Em um momento triste, a dura lei
Mostrando do que a dor é mais capaz

Por um segundo, enfim, desanimei
Sofrendo tal tormenta, nada apraz;
Na morte, meu amigo, até pensei,
Por que viver se nada satisfaz?

Porém num dia calmo eu obtive
Uma resposta clara e verdadeira
A gente, com certeza, sempre vive

A vida na procura de um apoio,
E Deus em atitude alvissareira
Nos fez em plena dor, saber do joio...



1900

Amigo tantas vezes procurando
Pessoas que me dessem proteção.
O mundo que eu sonhara desabando
Em ti, eu encontrei a direção.

Por mais que seja apenas um momento
E te pareça frágil, meu amigo.
Durante o mais terrível sofrimento
Encontrei nos teus braços manso abrigo.

Sabendo quantas vezes me perdi,
Eu vejo a maravilha que há em ti
E sempre que eu puder, eu te agradeço

A vida que prepara uma armadilha,
Também nos dá certeza desta trilha,
Que acolhe mesmo quando num tropeço...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
Texto
Data
Leituras
770
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.