Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 039

 
Tags:  sonetos    Marcos Loures  
 
1


Buscando tão somente por alguém,
Mineiro coração faz a colheita
A claridade em sonhos sendo feita
Esconde a tempestade que inda vem.

Atrás daquele monte a negra nuvem
Enquanto o sol ainda não se deita
Parece que em tocaia, numa espreita
O dom de destruir, percebo, tem.

Na falsa calmaria desta tarde
O gozo da ilusão que eu sei inda arde
Depois de certo tempo em alto brado

Trará a tempestade mais cruel,
Porém a sensação de um calmo céu
Retrata o que vivemos no passado.



2


Buscando ter sossego, certo dia,
Entranho meu desejo numa mata
Aberta nos meus sonhos de alegria
Deitado numa pedra, uma cascata

Roncando maviosa melodia,
Que invade traz a paz e me arrebata
Formando o fundo para a sinfonia
Dos pássaros. Trancado em casamata

Levando minha vida sem descanso,
Somente desta forma uma ventura
Depois de tanto tempo; sinto, alcanço...

Tua presença amada no aconchego
Aumenta muito a chance de uma cura
Mas, nua como estás... Cadê sossego?



3



Buscando tua sombra em noite clara
Vagando sem destino por aí,
O quanto; no passado, amor; sofri
O verso que ora faço já declara.

Quando tua presença tudo aclara,
Sabendo desta luz que existe em ti,
Valeu a pena; a dor que conheci,
E sei que este sorriso, cura, sara...

Abrindo o coração, sendo sincero,
Tu tens toda a loucura que eu espero
Num misto de ternura e insanidade

Na doce fantasia que me encanta,
A deusa sem pudor e sacra, santa
Malícia com sutil ingenuidade...


4

Buscando uma alegria, bebe um trago
Do fel que recebera como herança.
Numa macabra insana e louca dança,
Procura em desconsolo algum afago.

O sonho muitas vezes qual um mago
Engana e até promete uma esperança.
Farrapos do que fora uma criança
Jogados das janelas neste lago

Que em tez tão poluída não disfarça.
Repete a tão useira e antiga farsa
Criada em noite insone e mais sombria.

Gargalho sobre os restos que carrego,
Fingindo ser estúpido, vou cego
Forrando a minha noite em ironia.


5


Buscando uma guarida no teu peito,
Amiga, minha eterna companheira,
Tomado pelo grito insatisfeito
Da dor que se mostrou bem mais inteira.
Persigo, neste mundo o meu direito
De ter felicidade verdadeira...

Quem fora plenitude de ternura
Agora sem ninguém vai tão sozinho.
A vida se pintando em amargura,
Maltrata me deixando sem carinho.
A noite sem estrelas morre escura,
Um pássaro se perde sem seu ninho...

Por isso te procuro e na verdade,
Eu creio em toda a força da amizade...


6


Buscando, da fortuna, o meu direito
Encontro meus pedaços pelo chão.
O manto que cobria contrafeito
Embala tantos sonhos de perdão.

Vencer que me fizera satisfeito
E dar o meu recado, rente ao chão,
Vertendo meu amor, insatisfeito,
Tocando bem de leve o coração,

Permita te fazer um novo filho
E saibas que com isso, maravilho.
Não deixe que o destino nos afaste.

Amor que sempre teve o sentimento
De desabar assim, cada momento.
Não sabe que o futuro nos deu a haste.


7



Buscar a claridade em cada noite...
Ser vão e companheiro da verdade.
A noite perspicaz me traz açoite
O vento de meus sonhos, u’a saudade...

Não posso conviver com tanto engano,
Nem posso me deixar ao desatino...
O medo renovando torpe plano,
O canto da sereia é meu destino...

A minha alma procura por saída,
Nos teus braços remansos e delícias...
Venerando total e leda vida,

Já busquei por teus passos, nada encontro...
Desfrutei liberdades e malícias,
Nossa vida é completo desencontro...


8


Buscar a plenitude na aliança
Que possa permitir um novo dia.
Saber qual a importância da alegria
Movendo com firmeza uma esperança;

Quem luta com vigor, o amor alcança
E um templo ao Deus Eterno, em si, já cria,
Deixando para trás, terra sombria,
Tornando assim a vida, calma e mansa.

Vivi tantas mentiras; só restando
De tudo o que sonhara, medo e dor.
Ao conhecer palavras do Senhor,

O mundo se transforma. Em passo brando,
Caminho sem temores pela senda
Que Amor pleno e sereno, já desvenda...


9



Buscava meu caminho em senda quase escura,
Os rios, bela fonte, em doce melodia.
O rumo desta estrada, incerto, eu não sabia.
Só sei que caminhava, a trilha tão bela e dura.

Na fonte cristalina, o frescor d’água pura,
Entretanto estranhava, estava sempre fria.
Por mais forte esse sol, mais e mais se resfria.
Na senda maviosa, estranha criatura.

O meu olhar, curioso, embalde se detinha;
A senda que segui, decerto não é minha!
Um olho mais atento observa e não se engana...

O meu caminho é leve, as fontes são risonhas...
Não tem nenhuma dor, não tem águas medonhas.
Mas, logo que acordei, o adeus de Mariana...


10


Busco em cada sinal, em cada esquina
A sombra de quem foi morte e começo.
Qualquer sinal chegando me alucina
E nos meus pés, teus rastros, eu tropeço.

Corto meus pulsos, sangro; cego a sina
Que muda todo instante de endereço.
A lua penetrando esta cortina
Servindo de consolo e de adereço.

Como o Rio de Janeiro me inebria!
Teu nome repercute como um eco.
A noite tropical depressa esfria

Esguia esta cidade é muito pouca.
Entrando num cortiço ou num boteco
A corda em meu pescoço abrindo a boca
Marcos Loures


11



Busquei a vida inteira, nunca nego,
Uma pessoa amiga que pudesse,
Amenizar a dor que assim carrego,
Sem que sequer cobrança me trouxesse

Poder compartilhar os meus problemas,
Ouvir-me, tão somente ou me alertar,
Alegria e conforto sendo os lemas
De quem já sabe, enfim, nos apoiar.

Por mais que isto pareça ser bem fácil,
Garanto ser imensa raridade.
Um coração gentil, por vezes grácil

Que traga tanto alento para a vida
Nos laços bem mais firmes da amizade,
Só encontrei em ti, minha querida...



12


Bye bye, adeus, so long, já fui,galera;
Não guardo mais as fotos nem recados,
Os quadros esquecidos, pois mofados,
Depois de certo tempo, enfado e espera.

Quem sabe reconhece e até tempera
A vida com desejos malcriados,
Em outras direções, olhos focados,
Desleixo, a solidão, aos poucos gera.

No quarto as bandeirolas, velhas flâmulas
Futuro de fumante diz das cânulas
Traqueotomia à vista, morte a prazo.

Se eu tenho enfim por mim, tanto descaso,
A culpa é deste inferno que hoje piso
Teimando ver após, o Paraíso...


13


Cabeça decepada na bandeja
Servida com pimenta, azeite e sal.
Banquete que esta corja já deseja
Em rito bem sacana e sensual.

Fartura em que a vida, assim preveja
Delírios desta gente canibal
Em nome de um amor que sempre almeja
Prazer tão imbecil quanto carnal.

Nas gargalhadas sinto que esta festa
Um dia não terá prosseguimento;
Cadáver que em cadáver já se gesta

Depois de certo tempo, vira fera.
Nas armas, cocaína, condimento
No qual fino festejo se tempera...


14


Cabeça tá coçando? Fique de olho
Aberto; meu querido companheiro.
Pois pode ser a peste do piolho
Um bicho sem vergonha e bem matreiro.
Ataca jovem, velho até pimpolho
Passeia no cabelo e travesseiro.

Já tive esse bichinho aqui comigo
E foi um osso duro de roer,
Parece na verdade até castigo,
Passando um pente fino pude ver
O quanto de piolho fez abrigo
É coisa bem difícil de esquecer.

Pequenino, mas coça assim à beça
Andando com os pés sobre a cabeça...

15


Cabeça vai girando qual piorra
Rodando bar em bar, bocas e seios,
A sorte lamentada, uma cachorra
Usando sem limites podres meios,

Procuro que alguém que me socorra
Não importando quais sejam os meios
Cansado desta merda, dessa porra
Que se danem juízos ou receios.

Eu quero navegar em mansos mares,
E o gozo da amizade que inda venha.
Revejo velhas caras, seus altares

Halteres tão inúteis, força insana,
Assando minha vida e pondo lenha
Na força em babaquice que me engana.

16


Cabelos desmanchados pelo vento,
Sorrisos estampados nesta face,
Vontade de sentir cada momento,
A vida sem sequer qualquer disfarce.

Eu sinto cada toque desejoso
Qual fosse uma explosão imensurável
Depois de tudo vem o gozo
Imensidão de estrelas incontável.

A mão tão delicada vira garra,
Entranha no meu peito, dilacera,
O coração exposto vem, agarra,
Os dentes da princesa são de fera...

Vontade de sentir cada detalhe
Da força que penetra em cada entalhe...



17


Cabelos tão dourados quanto os teus
Roubando deste sol, a claridade.
Não posso permitir, de novo, adeus,
Nem quero mais saber de uma saudade...

Bem sei que o sol te vendo não nunca esquece
Dos raios que roubaste na manhã.
O deus enamorado se enlouquece
Se esconde em tantas nuvens, triste afã...

Bem sei que quando andavas pelas praias,
O vento em teus cabelos, mil carinhos...
Beijava tuas pernas, coxas, saias...
Buscava sem juízo, doces ninhos...

Inveja que causamos á natura,
Fazendo em pleno dia, noite escura...




18


Cabem mil universos no meu peito,
Embora tantas vezes siga só.
Dos passos não deixando nem o pó
O sonho não se afasta do meu leito.

Um velho coração insatisfeito
Procura desvendar sem medo ou dó.
Porém realidade, amarga mó
Destrói o que em delírios fora feito.

O mundo sendo vasto é tão pequeno,
Dos versos há quem sabe algum aceno,
Mas nada se movendo sobre a Terra,

Poética ilusão, frágil paisagem,
Efêmera e sublime esta viagem,
Transpõe num vôo audaz montanha e serra...


19

Caçando o que não tive, vou sozinho
Na inglória caminhada pela vida,
Às vezes percebendo uma saída,
Engano, então retorno ao velho ninho.

O peito aberto imita um passarinho
Que voa em liberdade, construída
A cada amanhecer e concebida
Ao perceber aberto o seu caminho.

Porém na flor da minha mocidade,
Imerso na total iniqüidade
Não tive, na verdade, quase nada.

Agora que o outono rouba a cena
E a vida cruelmente já me apena,
Aguardo que inda tenha uma guinada,



20


Caçando os meus fantasmas pela casa
Que sei mal assombrada, dos meus sonhos.
Os ritos corriqueiros são medonhos,
Tristonho coração já não se atrasa.

Chegando de manhã, nada mais tendo,
A falsa plenitude vira arroto,
Movido por controle mais remoto,
Segredos do que fomos não desvendo.

Quis chácara, mas xícaras, trouxeste,
Os chacras, tolos mantras, mantas ânsias...
Confusas expressões mostram ganâncias

Plantando neste solo mais agreste
Minha boca esfaimada se sacia
Nos resíduos banais da fantasia...



21


Caçando, devoramos nossa caça
E dela em regozijo faço a festa
Amor que sutilmente ganha a praça
Ternura em fantasia sempre gesta.

Arestas que podamos no passado
Permitem que pensemos no futuro
De um jeito mais feliz, anunciado
Dourando em alegria um céu escuro.

A mão de uma ventura sem igual
Pressente com firmeza, amanhecer,
Bebendo tua pele sensual,
Amor que se transforma quer prazer

A vida estende encanto que deseja
No peito uma alvorada benfazeja.


22


Caçando-te querida sou a presa
Que sabe do poder desta pantera,
Mantendo amor em chama sempre acesa
Jamais outro caminho, assim, me espera.

Tu trazes nestas mãos, a primavera
E mostras com carinho esta certeza
De tudo o que sonhei. Ah! Quem me dera
Não perderia nunca esta princesa

Que é maga nas carícias e nos beijos,
Treslouca minha vida, e faz feliz.
Cumprindo o que diziam realejos

Encontro nos teus braços o que eu quis.
Certeza de poder ser devorado,
Num sonho assim bendito, iluminado...


23


Cacarejando festas por aí
Decifras as baroas e os barões
De todas as medalhas que sofri
Pelejas são apenas mergulhões.

Metáfora demais que me perdi
Fazendo dos enredos, turbilhões.
As bocas que entre trevas percebi
Estrelas entre céus viram bilhões.

Pacotes e coiotes, alquimias
Se mias não humilhas quem seria
São sérias estas séries, certos dias

As sondas feita em línguas não se cansam,
Enquanto provocando hemorragia
O gozo das festanças logo alcançam...



24


Cachorro que se perde do seu dono
Vagando pelas ruas sem licença
Vivendo a sensação de um abandono
Na vida perpetua uma descrença.

Tentando descansar, esquece o sono,
Um osso sem valor é recompensa,
Um beijo apodrecido vira abono,
A noite sem ninguém, passando imensa.

Uivando de saudade se lembrando
Do tempo em que podia até sonhar
Castelos de ilusões se desabando.

O frio desta noite me enregela,
Preciso urgentemente te encontrar,
Mesmo que seja sempre uma cadela!


25


Caço-te nos lençóis de nossa cama,
Não encontrando nada, a noite passa,
No que se fora assim, intensa chama
Sobrando tão somente esta fumaça

Em mil gracejos tolos, sutil trama
Se mostra sem motivo, uma chalaça
Apenas minha voz inda reclama,
Ausência que se fez,a minha alma esgarça.

Errante te procuro e nada vejo,
Mas mesmo assim valeu o nosso amor.
Talvez pra ser feliz, outro traquejo

Que nunca mais teria quem sonhou.
Buscando o teu carinho redentor,
Esqueço tanta vez quem mesmo sou...


26


Cada dia renovando uma esperança
De ter essa alegria que buscara,
Sabendo que esta noite é qual criança;
É pedra preciosa; jóia rara...

Nas horas imprecisas, minha amiga;
Que bom saber que posso te encontrar.
Por vezes nossa vida já periga
Qual barca que teima em naufragar.

Meus versos são meu canto de amizade
Em busca da verdade desta vida.
Eu sei que sempre dói uma saudade,
Da luz que se passou, está perdida...

Por isso, minha amiga te agradeço,
E todo o teu carinho, reconheço...


27



Cada macaco sabe do seu galho
E desta forma a vida é mais suave,
Quando compartilhamos nossa nave
É certo que teremos mais trabalho.

Se ao teu lado, querida, eu me atrapalho,
Eu vejo agora nisto um grande entrave,
Para evitar que a dor assim se agrave,
Eu mostro esta carranca de espantalho.

Cada um no seu quadrado; estou na minha,
Seguindo o meu destino nesta linha
Depois de certo tempo; estou sozinho.

Um pássaro procura companhia,
Mas não suporto mais tanta agonia
Ao ver outro canário no meu ninho...


28


Cada qual com seu cada qual, dizia
Um velho amigo lá das Minas Gerais
Assim também se faz a poesia
Que tem os seus segredos, rituais.

Soneto necessita de harmonia,
Por mais que as rimas sejam tão banais,
Sem métrica soneto não se cria,
A roupa só se quara nos varais.

Não vejo porque tanta discussão.
A criança conhece a redondilha
Dançando na ciranda. É tradição

Do povo brasileiro e lusitano,
Depois do que aprendeu se desvencilha
Cravo fugiu da rosa? Desengano...


29


Cadáver de um romântico, passeia
Entre as estrelas tolas da ilusão.
Celestes armadilhas da expressão,
A lua não seria, assim tão cheia.

Hipérboles, metáfora incendeia
Andinas maravilhas, rés do chão.
Das almas andarilhas, negação,
Realidade mata aranha e teia...

A poesia, agora, perde a tinta,
Desta aquarela, poucos os matizes,
Mulheres tão distantes, más atrizes

A peça há tanto tempo vai extinta,
Meu passo quase trôpego se esconde
Aonde a fantasia perde o bonde...


30


Cadáver insepulto que carrego;
De um tempo que passou, deixou resquícios...
Não sei bem se eu afirmo enquanto nego
Embora saiba bem destes indícios...

Depois de tantos mares que navego
As asas decolando em precipícios,
Distante do que fosse esse meu ego,
Se sigo, talvez sejam só meus vícios.

Os nomes, muitas vezes sepultados,
Volta e meia pululam e renascem.
Diversos, os caminhos, nossos fados,

São mais do que retratos na parede.
Falar neles é como se voassem
Em busca de outras fontes, matar sede...


31


Cadáver putrefeito da esperança
Algoz que tantas vezes me iludiu,
Sorriso em face estúpida, imbecil
Cravando na ilusão espada e lança.

Arcana das paixões, a morte avança
Dos cárceres dos sonhos, mãe gentil,
Enquanto a fantasia, serva vil
Espalha as suas garras por vingança.

Acorrentando as mãos de quem resiste,
Ao fim verei num ato tolo e triste
A cena derradeira desta peça.

Sem ter sequer a chance de sonhar,
A morte devorando devagar
Sem nada, nem ninguém que ainda a impeça.


32




Cadáveres carrego, bem pesados...
Amores e saudades sempre voltam
Nos sonhos, pesadelos, sinas, fados...
Tantas horas perdidas me revoltam

Pés cansados, imersos, afogados
Em plena comunhão, vultos escoltam...
Nas mantas, meus temores abrigados
Precisam de tais nuvens que se envoltam.

A vida foi passando de viés,
Saudades e esperanças; o que eu trago.
O mundo que pensei atou meus pés

Carrego minhas dores – turbilhões...
Todos os meus cadáveres; afago.
Cansaço de quem leva multidões!


33

Cadáveres dos sonhos vão à toa,
Devoram cada parte do que fui,
Se o tempo como insano ainda flui
A voz do meu passado vem e ecoa

Adorna uma ilusão, cevando o nada
E quando me surpreende está vazio.
Alheio ao que tivemos, não adio
Inverno de minha alma, destroçada.

As marcas de teus lábios em meu rosto,
O beijo apodrecido da pantera,
A vida que em teus braços degenera

Deixando o cerne frio, amargo; exposto.
Esposo da esperança, a realidade
Devasta provocando mortandade...


34


Cadáveres que trago do passado
Entranham nos meus versos, degeneram.
O quanto que pensara fosse um brado
Agora os sons diversos desesperam.

Carcaças espalhadas pelas ruas,
Na mendicância crua, esparramada.
Enquanto mansamente continuas,
Não resta dos meus sonhos quase nada.

Apenas um sepulcro dentro da alma,
Vestígios do que fomos, vãos carinhos.
Colecionando dores, vivo o trauma
Da solidão imensa em nossos ninhos.

Assídua tempestade não se vai,
A tela ao fim da peça nunca cai...


35


Cadê minha Tereza? Foi pro mar...
Quem era ventania, virou brisa,
A morte traz medida mais precisa.
Quem fora majestade? Sem altar...

Depois dessa viagem, foi parar
Onde toda maré se torna lisa...
Tereza, bem distante, o mar avisa,
Que nunca poderei mais te encontrar...

Perdoe se não pude nem sentir
O que pensei doesse. Vou pedir
A Netuno que nunca mais te veja...

É tudo que minh’alma mais deseja,
Tua cabeça traga na bandeja;
Nem quero teu cadáver prá carpir...

36


Cadê teus olhos tristes que não vejo?
Cadê a poesia que fizeste?
A noite se engalana sem desejo
E a sorte quase sempre não me veste...

Vento que balançando essas palmeiras
Nas praias deste amor que nunca tive.
As horas sem amor são verdadeiras
O resto do que penso não contive...

Agora não me venha com certezas
Que sabes que não é o meu direito,
Vivendo sem sequer sentir tristezas,
Do nada sempre ao nada, satisfeito...

Porém eu jamais nego que eu te amei
Em versos e metáforas fui rei...


37


Cadeias da tristeza, me livraste...
Deixando meus pés livres para a vida...
Das dores infinitas, me abjuraste.
Deixando essa mãos livres... Esquecida

Da proteção divina, me negaste...
Então mãos e pés, trazem despedida.
Quebraste sem saber toda fina haste
Que mantinha meus pés. Foste bandida!

Cadeias de tristezas, teu legado...
Preâmbulos mortais, velhas cantigas...
Um coração que fora apaixonado

Percebe velhas dores, tão antigas...
Um coração que bate, vai de lado...
Te imploro, vou tristonho, mas nem ligas!


38


Caia por cima de mim,
Nas danças e nos folguedos
Meu amor tão grande assim
Vai em busca dos segredos,

Tua boca carmesim,
Tua língua, lábios, dedos,
Tanto amor que não tem fim,
Aplacando os velhos medos.

Nos meus braços, tua pele,
Silhueta mais esguia
O teu corpo me compele

A fazer estripulia.
Antes que a noite congele
Aqueçamos a alegria.


39

Caindo a noite, pântanos brilhando...
As almas subiriam para o espaço.
Azuis com as tristezas carregando,
Não deixam testemunhas nem um laço...

As horas enlutadas vão passando...
A solidão e o medo, meu cansaço...
As almas ao subirem, já deixando
A noite onde mergulho e me disfarço...

As luzes azuladas trazem medo.
A morte se refaz nesse segredo,
Quem são? Por quê? Ninguém responderá!

Mistérios d’existência ficam lá,
Nas almas que fugiram do degredo...
Meu amor, porventura, onde estará?

40


Caindo sobre os sonhos, pesadelos...
Nos seios desta amada que não ama...
Meus mundos não permitem revivê-los
Nas lavas dos vulcões percorro chama.

Nos brotos das abóboras, seus grelos,
Quem dera reviver amor sem lama.
Envolto nos meus sonhos qual novelos
Que trazem meus destinos. Velha trama...

Adormeci nos braços desta lua...
Balançando, deitei na mansa rede.
Mulher que nunca veio, estava nua...

Nos desertos, meu corpo mata a sede.
A boca que silvava, continua.
Um grande amor que nunca tive, atua...


41


Caiu um aguaceiro dos meus olhos
No dia que a morena foi embora,
Tristeza eu colhi em tantos molhos,
Meu peito foi sozinho e chora, chora...

Saudade é como um trem desgovernado
Não deixa mais a gente nem dormir,
Lembrando do seu beijo tão molhado,
Perdão, morena, agora, vou pedir...

Eu sei quanto que errei; morena linda,
Fiz tanta bobageira pela vida...
Meu coração, morena, é seu ainda,
Sem você, minha estrada vai perdida...

Não deixe que a saudade matadeira
Acabe com paixão tão verdadeira!


42


Calado pelo encanto – amor harmônico,
O verso que se fez em pessimismo.
O brado em solidão morrendo afônico,
Amor causando em nós um cataclismo.

Furores sem limites, fogaréu,
Ardências e calores, jogo feito.
Aladas fantasias, risco e céu.
Floradas de esperança no meu peito

Alcanço o que queria e desejava
Embora a lava queime nossos pés,
O quanto tantas vezes procurava,
Em sonhos, catedrais, altares, sés

Debulho os nossos ritos, faço a festa
O quanto ser feliz é o que nos resta.



43

Calados passarinhos, ninho morto...
Nas vibrações etéreas, vento manso.
Meu pensamento frágil voa absorto
Em meio a mansidão deste remanso...

Nos áditos perdidos, rumo torto,
Embalde tantas ruas, eu me canso...
Amar sem ter alguém, é meu aborto,
Procuro pela guia e não avanço!

Espedaçado, pávido, indeciso...
Caminhos inauditos e ferozes.
Edênico desejo, paraíso,

Conglobam-se velórios e quimeras...
Nos meus escuros sonhos, ouço vozes
Distantes. Dos amores d’outras eras!


44


Calando as mais temíveis penitências,
O amor abriu as portas da alegria,
Não vejo tão somente coincidências
Percebo este poder feito alquimia.
Espalha assim o amor, benevolências
Trazendo a luz intensa a cada dia.

Impávidos olhares no horizonte,
Traduzem claras nuvens- esperanças.
No quanto o meu desejo sempre aponte
O riso prometido nas festanças,
Marcado por franqueza, viva fonte,
Na plena fortaleza em alianças.

Arcando com meus erros, sou feliz,
Um velho sonhador, vero aprendiz...


45


Calando o canto amargo do passado,
Lúgubre cantochão em ladainha,
Amor em nosso peito emoldurado
Permite uma colheita em rara vinha.

Se eu vinha de um destino traiçoeiro,
Agora em tom maior, a melodia
Adentra e modifica o cancioneiro
Perfaz pura emoção, nova harmonia.

A voz que se mostrara quase agônica
Expressa a fantasia de um tenor.
Mudando em alegria, antiga tônica
Recobre este cenário em farto amor.

Homérico caminho que deságua
No gozo do desejo, aborta a mágoa...


46


Calando o coração tão andarilho
A voz do amor se fez inquestionável.
Na fonte do prazer inesgotável
Derramo o quanto quero e maravilho.

Não vejo mais qualquer um empecilho
E sigo percorrendo o passo amável,
No mar do amor imenso, navegável
Eu traço com certeza o bem que trilho.

Por mais que tantas vezes enganado,
Andando por caminho torto, errado,
Eu inda tinha um resto de esperança

De ter após a dura tempestade
Algum caminho solto, em liberdade
Trazendo enfim um pouco de bonança.


47


Calando para sempre os meus deslizes
Jamais esquecerei o que vivemos
Por mais que noutras sanhas nos perdemos
Amor já superando velhas crises.

As dores se despedem, más atrizes
Do gozo mais profano que bebemos
Decerto navegar exige remos
Vontades que decerto queres, bises.

Melancolia é coisa do passado,
Jamais imaginei o que me trazes,
A vida se permite em várias fases

Porém ao ter alguém sempre ao meu lado
Não vejo mais problemas nem terrores,
Entregue à mansidão nego pudores...


48


Calando sobre o quanto não sabia
Rugindo sobre o quase que perdi
Remorso colorindo a noite fria,
Vencido pelo quadro que esqueci

Rolando pela velha escadaria
Da casa que matei quando nasci.
Talvez inda me reste uma alegria
Despida em noite boa. Vem pra aqui.

Remédios para quê? Já basta o tédio.
Maldito este luar em seu assédio
No orgasmo que chamei, mas que não veio.

Problemas acumulo; mas sem seio;
Sem coxa de morena ou de mulata
Caleidoscópio cego me retrata...


49


Calaram já faz tempo nossas vozes
Deitando sobre todos; a amargura
De tantas esperanças vis algozes
Aos quais nem mesmo a morte, enfim, depura.

Enquanto o manso amor aqui floria
Espinhos espalhados pelos ventos,
Matando em nascedouro a poesia
Gerando em triste aborto estes tormentos

Na podridão dos olhos da pantera
O vício no hemorrágico banquete
Recobrem com mortalha a primavera
Fazendo de minha alma atroz joguete

Esparramando a dor tão simplesmente
O desamor sorri; cruel serpente...


50


Caldo de cana, mel, ou rapadura.
Doçura se tornou, querida, um saco,
O amor se confundiu, foi pro buraco,
Matando qualquer forma de ternura.

Amor errado, trama em noite escura,
Confere solidão, ingênuo e fraco.
Recolho os cacarecos num só taco
Cortando em minha carne, vejo a cura.

É carne de pescoço, eu te garanto,
Causada pelo tédio e desencanto,
Atrás da solução, quebrei a cara.

Enroscas tuas pernas noutras pernas,
Em plena primavera, o amor invernas,
Mas deixe-me sozinho, vê se pára...


51


Caleidoscópio diverso,
Amor muda seu matiz.
Cantando assim cada verso
Procurando ser feliz...

Porém no fundo, o poeta,
Finge mais que se imagina.
Mesmo quando se alucina
Ou Cupido acerta a seta

A palavra é feiticeira
Pouco a pouco nos invade
Mentirosa é verdadeira.

Amar é mais que vontade.
Dor é também companheira,
Se juntar vira saudade...

52

Caleidoscópio, eu vejo em tantas flores
Mostrando uma beleza interminável,
Por onde tu seguires, onde fores
Reflexos de um prazer inesgotável.

Ditando sobre nós a redenção
Teus passos me servindo como guias
A vida transportando em turbilhão
Eterna maravilha em melodias.

Nas ilhas que deveras foram tantas
Durante minha dura caminhada,
Agora que em verdade tu me encantas
Não temo nem soçobro em derrocada.

Deixando bem distante o meu calvário
Encontro o paraíso imaginário...



53


Calor enlanguescente que desperta
Não deixa quem amava mais dormir.
Amor um sentinela sempre alerta
Embora na distância, hei de te ouvir...

Palavras que soltamos, mais dispersas,
Não cabem nos meus versos enfadonhos,
De tanto que esperamos nas conversas
Agora quê que faço com meus sonhos?

Jogados sobre a cama, sem sentido,
Não deixam os meus olhos mais fechados,
Perdendo-me nos braços deste olvido,
Os sonhos se tornaram duros fados...

Amada não permita que isso ocorra,
Amor tão delicado: me socorra!


54


Calor vai consumindo e tão confusa
A deusa se perdendo no suor,
O mundo talvez fosse bem melhor
Se a moça levantasse a sua blusa...

Talvez inda tivesse num nuance
Visão do mais sublime paraíso,
Porém a chuva chega sem aviso
E rouba da ilusão última chance.

Apenas sou mais um que se perdeu
Tentando receber o que foi meu
E agora não pertence a ninguém mais.

Recibo já rasgado, o que fazer?
Se teimo e nada tendo a receber
Arranco o que sobrou dos meus varais.


55


Calor vai me tomando esta manhã
Ao ver deitada aqui tua beleza,
Vontade me domina em louco afã
De ter entre meus braços tal princesa.

Teu seio no formato de romã
Na boca maravilha em framboesa.
A febre me tocando, mais louçã;
Querer-te toda minha, uma certeza...

Sorris e nisto excitas-me bem mais.
Sussurros meus desejos, devagar.
Tremores e ternuras já me traz

Olhar de uma menina apaixonada.
Na chama em que me sinto fervilhar,
Amando sem parar, fazer mais nada...



56


Camaleão audaz mudo de cores.
Em tardes eu vou blue, negro noturno.
Carrego inda comigo meus amores.
Meu passo numa espreita sói soturno

Levando como cargas,dissabores.
A vida transtornando cada turno
Plantei felicidade colhi dores,
Nos porões de minha alma eu já me enfurno.

Coração tão vira-lata rebate
Nas madrugadas frias, triste, late.
Uivando em dissonância, a noite traz

Um pesadelo enorme, mata a paz
Amores sem vergonhas ou verdades
Transparecendo cedo as veleidades...



57



Caminhando busquei novas manhãs.
Os ventos tempestades me queimaram...
As mãos se esfarraparam, foram vãs,
Os tiros e canhões dilapidaram...

Nas tentações profanas das maçãs
Dos sonhos, pesadelos me sangravam
As noites solitárias são malsãs
Meus sonhos – liberdade - já calaram...

Os dias que se mostram mais saudáveis
Rapinas, tentam loucas; destruir.
As dores se tornando insuportáveis,

Vorazes, as tristezas não disfarçam
E querem nosso amor já destruir...
Bicos esfomeados, tudo caçam...


58


Caminhando comigo, lado a lado,
Aladas esperanças vêm à tona,
Atadas minhas mãos em outro prado,
Calado; o sentimento inda ressona.

Abandonado, eu tento um novo curso,
De tudo o que já tive; nada resta.
Mudando novamente o meu percurso
Adentro a ventania que se empresta

À sorte de quem fora e não voltou,
Partícipe de um duro pesadelo.
Saudade em minha pele se entranhou,
Deixando ao coração, o frio e o gelo.

Dos elos que se quebram, liberdade?
Apenas tão somente esta saudade...


59

“Caminhando e cantando e seguindo a lição”
Que a cada novo dia aprendemos bem mais.
Mais forte do que o medo, e o vento da paixão
Além do que se mostra em longínquo e bom cais

Demonstra uma alegria em força e sedução
Unindo em diferença a derrota jamais
Virá para quem sabe e tem plena noção
De um mundo bem melhor que é feito em plena paz

A partir deste sonho, um mar em calmaria
Na placidez do canto, a brisa soberana
Que faz de cada noite a promessa de um dia

Sem lutas e sem fome, assim felicidade
Da qual sempre quem ama em versos já se ufana
Virá tendo por lastro, a força da amizade...


60



Caminhando por aí, pelas esquinas,
Teus passos flutuantes, vou seguindo...
Sem saber, nunca sai destas retinas;
Que tanto,um só carinho, vão pedindo...

Caminhando por aí, sequer percebes,
Meus versos se perdendo, sem sentido.
Transmites mansos ventos que recebes,
Enquanto eu...Nos teus passos, vou perdido...

Quem sabe encontrarei o meu caminho?
Quem sabe... Me perdoe mas eu te amo,
Não sei se nos teus braços eu me alinho,

Decerto sem saber que te reclamo
Desfilas pelas ruas, galerias...
Enquanto eu... Me sobraram poesias...


61


Caminhando por ruas tão vazias,
Somente a minha sombra me acompanha.
Luar adormecido na montanha
Deixando estas calçadas mais sombrias.

Sonhando com prazeres; fantasias
Um mundo mais feliz. Terrível sanha.
Apenas solidão ainda entranha
Matando pouco a pouco as alegrias...

Eu te procuro e nada tendo
O dia novamente amanhecendo,
Caminhos paralelos, infinitos...

Há tanto que eu queria te dizer
Do amor que ainda sinto. Sem te ver,
Os versos são somente sons aflitos...

62


Caminhando sem cansaço
Pelo sertão das Gerais,
Procurando um forte abraço
Da amizade feita em cais.

Esperança eu logo traço,
Pois sei que isto é bom demais,
Estreitando cada laço,
Sem eu me esquecer jamais

De uma amiga que carrego,
Dentro do peito em abrigo,
Sem seu brilho fico cego,

Sem a sorte que persigo,
À amizade eu já me entrego,
Deixe-me ser teu amigo.

63



Caminhante perdido sem ter trilhos,
Desconforto gigante em impotentes
Passos que se fazem andarilhos
Buscando outro caminho, outras vertentes.

Encontro na verdade os empecilhos
Comuns da miopia que sem lentes
Confunde seus amigos com caudilhos
E rosna pra quem ama, unhas, dentes...

A sonda que lancei, sem ter resposta
Sonares se perderam neste mar.
Porém pele curtida cria crosta

E aos poucos se transforma na couraça
Que penso proteger do que encontrar...
Só resta uma saudade e a vida passa...


64


Caminhas entre luzes, na calçada
Néons acompanhando cada passo.
A lua se embebeu de madrugada
E vaga sem destino pelo espaço.

Os sons se misturando na balada,
Nos olhos a vitória diz fracasso,
Imagem distorcida não diz nada.
O rito de esperança então devasso

E caço cada parte do que fomos,
Na múltipla visão dos mesmos gomos
Flutuas pelos bares, ruas, becos.

Da música de outrora ouvindo os ecos,
Eternamente jovem. Quem me dera.
Inverna em noite clara, a primavera...


65


Caminhas pela casa toda nua,
Beleza sem igual já se acentua
Ventura incomparável, gozo e festa
Calando com ternura uma tempesta.

A sanha sem pudores continua,
Na cama, no motel, em plena rua.
Na fúria inesgotável que se atesta
Fartura que o desejo nos empresta.

E quando penetrando em cada gruta,
A fêmea insaciável determina
O andar da carruagem. Sempre astuta

Abrindo suas coxas, minha lança
Invadindo as entranhas da menina
Que engole tão voraz e não se cansa...


66


Caminhas sutilmente pela praia
Requebros entre as ondas, sol e areia
Enquanto o teu olhar já me incendeia
O vento levantando a tua saia

Permite que se vejam belas pernas
Morenas e roliças, fogo e chama,
O meu desejo agora te reclama
E quer nossas venturas, doces, ternas.

Tua nudez; prevejo num momento,
E quero sempre e tanto, sem juízo,
Chegando num galope ao paraíso,

Liberto o meu sedento pensamento,
Querendo, toda noite muito mais,
Trejeitos e vontades sensuais...


67


Caminheiro, as estradas do sertão
Desabando o vazio das andanças
Desaguando no mar do coração
Sem força sem pecado e confiança
No resto do que fora uma canção
Guardado em algum canto uma lembrança.

Um gosto de saudade sangra a boca
Deixando bem distante a juventude
Que foi-se em agonia quase louca,
Vontade de sentir nova atitude
Mas força que restou parece pouca,
Morrendo sem ter gana ou ter saúde.

Caminheiro; em teu passo eu já prossigo,
E posso te dizer, és meu amigo...


68



Caminho cabisbaixo, vou cismando
Buscando teu retrato, bem guardado
A vida pouco a pouco vai passando,
Meu peito em sofrimento, torturado...

Meus males são reféns do nosso amor
De tantas amarguras que carrego.
Dizendo que te encontro em cada dor
Que tento e não consigo, nunca nego.

Desdéns colecionados pela vida,
Nos temporais ferozes que enfrentei,
Minha alma sem sonhar segue sofrida
Por campos e montanhas que nevei

Com lágrimas e frio, vento forte,
Sentindo esse bafio, minha morte!




69


Caminho em noite vaga, tolo, insano
Navego pelos bares e caladas.
Jogado pelos cantos e calçadas
Amor feito saudade é tão tirano.

Quem dera reviver cotidiano
Palavras entre sinas bem traçadas,
Porém as luas sempre disfarçadas
Demoram transtornando cada plano.

Queria a cor do mundo em meu olhar
O brilho esmeraldino da floresta.
Se apenas solidão é o que me resta

Apenas solidão; vou encontrar;
Amor porta-estandarte do vazio,
Promete em carnaval somente o frio...


70



Caminho em pedregulhos; perco a linha
O trem de minha vida descarrila
As dores vão fechando e fazem fila,
A noite que congela é toda minha.

Buscando uma alegria que não vinha
O sangue em agonia já destila
Em goles gigantescos de tequila,
Uma esperança aos poucos se definha.

Amigo, na verdade me liberto
Das pedras que encontrei estrada afora.
A bosta que estercara revigora

E deixa até florir neste deserto.
Bebendo deste sonho em conta-gotas
As roupas que eu vesti ficaram rotas...


71


Caminho em tempestade, devagar
Mineiramente venço os vendavais
Chegando calmamente em cada cais
Vejo o melhor momento de ancorar.

Na praia dos meus sonhos céu e mar
Em tons maravilhosos, sensuais
Fazendo desse todo um pouco mais
Num gozo esmeraldino azulejar...

Jogado pelas ondas barco segue
Sem blague, sem mentiras, peito aberto,
Aos braços e carinhos vou entregue

Vogando por errantes caminhares
Nos ventos, sem temores me liberto
Amor bem junto a mim, nos calcanhares...


72


Caminho feito em glória, meu tesouro.
Florida senda exposta dentro da alma,
Do verdejante sonho, ancoradouro,
Dos louros e vitórias, luz que acalma.

Encontros entre as almas que se buscam,
Verdades infinitas que nos guiam
Sem trevas nem neblinas, não se ofuscam,
E tantas maravilhas fantasiam.

Passando pelas noites sem temor.
Tremulam esperanças nos seus passos,
Cenário divinal a se compor,
Tomando num momento estes espaços.

Delírios virginais em claros tons,
Espalham pelas terras, belos sons...


73


Caminho feito em luz glorificou
Porém o meu destino é ser sozinho
Saudade de quem foi e não voltou
Deixando simples sombra sem carinho.

De tudo o que eu pensei nada restou,
Somente esta saudade onde me aninho.
O canto deste sonho me chamou
De volta a percorrer velho caminho

Que leva, num instante à mesma cama
Aonde em toda noite ardia em chama.
Amor que com loucuras se verteu

Em mágicas palavras, sonho breve
Felicidade, agora não se atreve
Matando o que pensara ser só meu...


74


Caminho junto a ti a vida inteira
Com passos bem mais firmes, dia a dia...
A vida se mostrando feiticeira
Encanta-nos com força e com magia...

Colhendo cada flor desta roseira
Que traz em seu perfume a garantia
Da paz tão delicada e verdadeira
Do amor que mais que tudo, sempre queria..

Amada, seguiremos nossa vida
Em toda a primavera da esperança.
Deixando a solidão bem esquecida

Num canto abandonado, tão distante...
Em nosso amor, querida uma fiança
Do dia que virá, mais deslumbrante...


75


Caminho numa praia junto a ti,
A noite traz a lua como guia.
Espraio nos meus olhos alegria
Depois de tudo aquilo que vivi

Saber que enfim consigo o que pedi
Amor que seja intenso em fantasia
E mate, de uma vez toda a agonia
Que um dia em falsos beijos conheci.

Reflexos do luar por sobre as águas
Convite para um louco mergulhar.
Agora um coração que não tem mágoas

Encontra seu destino mais sereno,
E a noite vai passando, devagar,
O amor que a gente faz, sincero e pleno...


76


Caminho passo a passo com quem amo
Enveredando espaços infinitos.
Versejo e com força amor eu chamo
E venço a solidão em claros ritos.

Meus olhos que já foram tão aflitos
Agora neste sonho em que amor tramo
Reféns de uma alegria, vão benditos
Somente em teu olhar encontram amo.

A vida em perfeição com plenitude
Remoça no teu canto em juventude
Amando-te demais, vou amiúde

Na busca sertaneja por açude
Assim como é preciso ter saúde
Amar é sempre um gesto de atitude!


77

Caminho pela vida, simplesmente,
Na semi-morta luz de uma esperança
Aguardo em fantasia a nova dança
Que um dia prometida, qual demente

Escapa entre meus dedos, novamente.
Guardando o que já fui, leda lembrança
Quem dera se eu pudesse ser criança
Recuperar a vida totalmente.

Porém um tédio imenso, uma tristeza
Deitando em minha cama, põe a mesa
Deixando uma vontade de morrer.

Quem teve uma alegria, pelo menos,
Recorda de outros dias mais amenos,
Numa ânsia de sonhar e de viver...


78


Caminho pelas ruas do passado...
Meu lago placidez, já se secou.
Meu mundo sem vergonhas, destroçado,
Mostrando que quem vinha já passou.

Recebo, da saudade esse recado:
Esqueça nessa vida quem te amou...
Não posso conviver com tal pecado,
As brasas dos seus olhos me queimou...

Viver é percorrer imenso tédio.
Não posso conceber tanta frieza.
Procuro para a dor, falso remédio.

Espero seu amor, eternamente,
No vento, procurei a natureza
Encontrei triste lago, novamente...

79


Caminho pelas ruas lado a lado
Com bela estrela viva e deslumbrante,
Fazendo de meu canto enamorado
O rumo que procuro a cada instante.

Depois de padecer, muito cansado
Do tanto que sofri, estar diante
Do bem por tanto tempo procurado,
A vida se ilumina, radiante.

Na tua companhia não me canso
E avanço a noite inteira, dança e festa,
Vagando qual cometa as pernas tranço

Inebriado em olhos tão bonitos.
Amar-te em mil delírios, o que resta
Senão felicidade em doces ritos...


80


Caminho pelas ruas sem destino...
Os olhos que me vêm me torturam...
As noites que não tive me asseguram
O resto que sobrou desse menino,

Que as dores tão cruéis em desatino,
No verme que passeia; transmudaram
A minha morte em vida asseguraram.
Onde estará teu olhar? Já me alucino!

Completa a minha cota de tristeza,
Nas ruas que caminho, sem beleza,
A certeza absoluta deste nada,

Que me acompanhará eternamente...
O tempo vai passando. Eu, de repente,
Sentado aqui - sozinho- na calçada...

81


Caminho pelas ruas sem ninguém
Apenas a saudade é companheira
O frio da lembrança quando vem
Deixando para trás qualquer bandeira,

Aguardo em desespero por alguém
Que trague uma esperança costumeira,
Mas olho para o espelho e nada tem
Nem mesmo uma palavra corriqueira

Que fale de um amor ou da amizade
Que mostre uma alegria em meu caminho,
Vivendo tão somente sem carinho

Eu perco meu destino e liberdade,
No peito uma ilusão em desalinho
Repete este estribilho: uma saudade!

82


Caminho pelas trevas mais obscuras
Em busca do clarão que me negaste.
Vivendo nessas tramas da loucura
Aos poucos percebendo tal desgaste.

Não minto sobre os medos que inda tenho,
São tantos que não cabem num poema.
Porém a cada dia sempre venho
Mudando lentamente um velho lema...

A timidez que impede que eu reclame
À lua tanto brilho que desejo,
Por vezes tanto fogo que me inflame
Espero e não consigo, nem um beijo...

É fácil compreender por que reclamo,
Que faço deste amor se não te chamo?



83


Caminho por estrelas quando vejo
Os olhos divinais que tanto quis.
Sabendo que vertido meu desejo
Na boca que me fez ser tão feliz...

Montanhas escaladas nos mistérios
Das noites que passamos acordados,
Amores envolvidos sem critérios
Demonstram velhos sonhos decorados...

Amada que me trouxe liberdade
Das fontes que percebo inigualáveis,
Vasculho pelos becos da cidade
Os olhos divinais inalcançáveis...

Divinos sentimentos são capazes
De penetrar amores mais vorazes...


84



Caminho quando traz tanta aspereza
Que impede a mais tranqüila caminhada,
Moldado nos teares da incerteza
Não deixam nesta vida quase nada.

Quem sabe, num momento de beleza
A vida se mostrando transformada
Com toda uma alegria e com leveza
Ressurja em esperança, qual florada

Que traz a primavera em nossos olhos
Colhendo as alegrias quase em molhos
Deixando uma amargura para trás.

Assim, querida amiga, na verdade,
Se a vida é feita em paz, viva amizade,
Talvez até sonhar seja capaz...


85


Caminho que me leva à sedução
Meu canto é lírico, eu bem sei, mas tento
Usando da palavra como ungüento
Focar na fantasia esta emoção.

Por tantas vezes tão somente o não
Tomava o meu destino, sofrimento,
E quando escuto a tua voz então
Amor vai entranhando o pensamento.

A marca do teu beijo em minha boca
A força deste amor que já nos toca
Permite uma alegria sem limite.

Tristeza perde uma razão de ser
Enquanto vejo em nosso amor prazer
Estrela sensual não mais evite...


86

Caminho que nos leva, todo de ouro,
Aonde as esperanças já florescem
Os sonhos e desejos sempre crescem
Tomando nossa vida em tanto louro.

Tu és, neste caminho, o meu tesouro;
Teus versos carinhosos enobrecem
Amor que se faz fonte, nascedouro
De um tempo divinal que luzes tecem.

Tomado por teus passos, caminhando
Em trêmulas vontades, te tocando
Sorvendo em tua boca um doce vinho.

Amor que se espalhasse pela Terra
Cessaria com toda estupidez da guerra
Trocando estes obuses por carinho...


87



Caminho Santiago, Compostela,
Nas rotas dos romeiros Juazeiro.
Nos raios deste sol, ventos e vela.
No mundo dos migrantes, um luzeiro...

Nas rezas nas oradas, na capela,
Amor que se derrama verdadeiro.
Esperança que sangra se revela,
No pátio deste mundo sorrateiro...

Aparecida traz seu santuário,
Os homens agradecem, procissão...
Nas rias das urgências estuário...

No medo se comprova a devoção.
As tristezas guardadas num armário,
Esperança acalenta um coração...

88


Caminho sob a Lua de São Jorge
Bebendo cada rastro que deixaste
Saudade vai enchendo meu alforje
Lágrima com sorrisos, num contraste

Fazendo da esperança um alimento
Minha alma numa espreita, de tocaia
Aguarda que tu chegues num momento
O vento levantando a tua saia...

Jamais te deixarei, esteja certa
Por mais que sejam duros os caminhos.
Porteira da ilusão pra sempre aberta
Teu cheiro prometendo mais carinhos

O prumo desalinha, não desisto.
Enquanto houver amor, mais eu resisto...

89




Caminho sobre as mágoas que carrego,
De tempos que não foram mais felizes.
Amor que em tanto amor sempre navego,
Mostrando meu futuro sem deslizes.

Não posso permitir a despedida,
Seria tão cruel com quem deseja
Viver o que se resta duma vida
Na brisa em que me amanso e que me areja...

Pois saibas, meu amor; tão obstinado,
Deseja teu amor todos os dias.
Amor quando te vejo, sou guiado
Por lindas, delicadas; melodias...

Amor que reproduz todo o meu céu,
Na boca destilando vinho e mel...



90


Caminho sobre urtigas, urze, erica...
Meus passos se perdendo neste pasto.
Fulvos, os meus desejos, vida rica,
Nos peitos delirantes, sonho casto...

Não posso nem pedir, mas sei que fica
O gosto da saudade, amor bem gasto
As luvas dos meus sonhos, sei pelica,
Nos versos, minha vida já contrasto...

Nas pedras, corredeiras, seixo e lodo...
Os caules dos arbustos espinhosos;
Pairando sobre mim, um triste engodo...

Nas fontes exauridas, mato a sede...
Perfumes que pensei ter; olorosos,
Meu sonho? Estar deitado em uma rede...

91

Caminhos doloridos, percorrera
Aquele que buscara rara luz.
Nas pedras encontradas; percebera,
Que a vida maltratando reproduz

As urzes nos destinos. Toda fera
Ao mesmo tempo assusta e já seduz
Princesa disfarçada na quimera
Que mostra num sorriso, a dura cruz.

Da mesma forma amor que fundo toca
Rasgando a minha pele, não permite
Que tenha uma alegria que se enfoca

No sonho que falseio p’ra mim mesmo.
Não ouço nem sequer sei quem admite
Que amar é como andar bem junto e a esmo...


92


Caminhos em loucura percorridos
Seguindo esta jangada mar adentro,
Cervejas e prazeres embebidos,
Temperos em dendê mel e coentro

No centro do cenário a moça nua,
Rodando sobre a mesa dos meus sonhos,
O corpo ensolarado, agora sua
Encantos entre cantos tão risonhos.

Na praia, areia, gozos de sereia
Acendendo a fogueira no lual,
O fogo do desejo a lua ateia
Andança nesta dança sensual.

Balançando os seus seios e cabelos,
Das coxas a promessa de novelos...


93


Caminhos mais floridos te desejo
Embora tanto espinho nos caminhos.
Na sorte que te quero e que prevejo
As flores se misturam com espinhos.

O céu que traz o sol, nos dá trovejo,
Às vezes no inimigo bons carinhos,
Na boca que não quero, tanto beijo;
Na que mais que necessito, os escarninhos...

A vida é mesmo assim, amada dor.
É flor, espinho e pedras, solidão.
No frio valoriza-se o calor.

Do medo é que se mostra uma coragem,
A liberdade nasce em podridão,
Na mão que nos açoita, nasce o pajem...


94


Caminhos que nos levem mundo afora
Além destas notícias dos jornais.
As dores e maldades jogo fora
O mundo se mostrando muito mais
Que toda a sensação que tenho agora,
Do medo que nos toma e mata a paz.

Passando pelos mares, ilhas, rios
Ardendo nas queimadas da ilusão.
Tocando nestes nervos, olhos, fios
Dizendo da amizade e do perdão.
Povôo os corações que sei vazios,
Com todos os sentidos da emoção.

Os passos prometidos, liberdade,
Os laços bem mais firmes da amizade.



95



Caminhos que percorro em lágrimas marcado
Deixando que se aflore a dor e o sofrimento.
O medo de viver, há tempos entranhado,
Explode vez em quando e invade o pensamento.

No verso que hoje invento, um derradeiro brado.
A dor da solidão no peito toma assento
Matando o que pensara, um dia, no passado
Ser da alegria plena, o forte e belo vento.

Encharco-me do vinho amargo, avinagrando,
O tempo não ignora e segue deformando
Imagem refletida e agônica, num lago.

Amor amortalhado, imensa distorção,
Na quase conseguida, estúpida ilusão,
No espelho da água, a morte, enfim faz seu afago...


96


Caminhos que seguimos mais unidos
São largos sem ter pedras ou espinhos.
Os ventos da esperança são sentidos
Batendo nas janelas, abrem ninhos.

Os pós destas estradas; revolvidos,
Polvilham tais angústias nos sozinhos,
Porém quem tem os sonhos divididos
Recebem tão somente bons carinhos.

Os cardos arrancados, urzes, pedras
Nas mãos do amor; querida, eu sei não medras
E vences qualquer muro, vai liberta.

Palavra que encontrei pra traduzir
O bem que tantas vezes vi surgir,
Felicidade assim, em alma aberta.


97


Caminhos que senti profusamente
Em várias cercanias que eu trilhava.
Vestido deste sol tão inclemente
Por certo em cada passo mais suava
A mão já tão cansada quão tremente
Carinho em outra mão bem sei, buscava.

Tropeça, cai, machuca, mas se ri
E mostra em gargalhadas ser matreira
Depois que novo rumo, assim, perdi
A mão que desejei tão companheira
Encontro, finalmente por aqui
Depois de vasculhar a terra inteira;

Nas ânsias por amor bem mais sincero
Encontro em ti, querida, o que mais quero...


98


Caminhos tão diversos que percorro
Demonstram quanto a vida vale a pena.
Enquanto a solidão ao longe acena
Nos braços de quem amo, eu me socorro.

Depois de cada vale encontro um morro
E após um outro vale toma a cena
Se alma for inteira e não pequena
A vida traz o frio e mostra o gorro.

Assim entre os espinhos e as floradas,
Estrelas tão distantes alcançadas
E o verso me servindo como alento.

No eterno vai e vem, ondas do mar,
Aprendo a cada dia, mais amar,
Libertando afinal meu pensamento...


99

Caminhos tortuosos enfrentamos,
Neste desejo simples, mas audaz.
Dizer que simplesmente nos amamos,
Talvez sangrar a dor que a vida traz.

Nos versos onde em sonho nos beijamos
Com fúria e com ternura tão voraz
Mas saiba que no amor nos encontramos
Um sentimento vivo, manso, em paz...

Se sinto tua falta a cada dia,
Espero tua voz me acalentando,
Tua presença em forma de alegria

Denota quanto bem por ti já tenho.
Por isso é que aos poucos digo, venho
Neste crescendo raro, estou te amando...
Marcos Loures


3900


Camões em seus sonetos qual Vinícius
Faziam do Amor, motes perfeitos,
Às vezes verdadeiros ou fictícios,
Porém por quase todos, bem aceitos

Amar e ter coragem de assumir
Num tempo em que a discórdia já domina,
Talvez garantirá melhor porvir,
Jamais deixe que seque a fonte, a mina...

Por mais que a vida mostre-se macabra,
Fomente esta emoção, nada ela custa.
O peito ao deus erótico, pois, abra
Não creio ter o Amor, medida justa.

“Amar sem ter medidas”, é saber
Olhando para Deus, O conceber...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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Enviado por Tópico
Hisalena
Publicado: 01/12/2010 11:38  Atualizado: 01/12/2010 11:38
Membro de honra
Usuário desde: 30/09/2007
Localidade: Leiria
Mensagens: 734
 Re: MEUS SONETOS VOLUME 039
Opinião sincera: acho um absoluto exagero a quantidade de sonetos que coloca por postagem. Passa-se os olhos, vê-se algum talento, lê-se um ou dois mas ninguem tem paciência para ler todos até ao fim e mesmo que tenho quando chega a meio já esqueceu o primeiro. Acho que só tem a ganhar se postar 1 ou 2 de cada vez porque assim as pessoas vão ler e comentar e não apenas abrir e fechar sem perder tempo a ler mais que meia duzia de linhas.