Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 074

 
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1

Graníticas verdades, naturezas...
As tramas que forjaste veras redes...
Ascendo a tentadoras, vãs, belezas
Matando nos teus lábios tantas sedes...

As íngremes montanhas, incertezas,
São minhas companheiras, penedias...
Quem sempre se investira de proezas,
Agora representa aves vadias.

Não sabe mais colher o que plantou,
Espinhos e vergões machucam tanto...
Entranhas as mentiras que contou,

Parado, não procuro mais teu colo.
Amor que travestindo-se de santo,
Mergulha das montanhas rumo ao solo...
Marcos Loures


2

Granando todo dia, intenso amor
Colheita garantida em alegrias,
Um bom e verdadeiro agricultor
Já sabe, o que em carinhos me dizias.

Cevando com fervor este canteiro
Não temo as intempéries. Sigo em frente
As mãos de um delicado jardineiro
Prometem maravilhas, de repente

Assim sabendo disso eu sempre tento
Viver cada momento em plena glória
Protejo contra a chuva, encaro o vento
Sabendo que terei farta vitória

Regando com ternuras e esplendores,
Recolhendo no canteiro as belas flores.


3

Gracejos e desejos misturados
Atando os olhos teus com velhos meus.
Não vejo nem sombreio, sei do adeus
Aguando em esperança tolos Fados,

Os dentes da pantera em mim cravados
Aguados pelos medos todos teus
Ancoro meus momentos nestes breus
Roubando da ilusão pobres recados.

Arcando com meus erros e promessas
Deveras sou assim, quase ninguém.
A mando deste amor que nunca vem

Enquanto o desencanto me confessas
Sacrílego, no altar das fantasias
Eu sei que tu jamais, aqui virias...
Marcos Loures


4

Gracejos desta sorte tão irônica
Mudando todo o curso de uma vida.
Quem dera se pudesse ser harmônica
A velha sinfonia mal parida.

A corja ao caminhar vã e histriônica,
Vacilante e sem rumo, vai perdida,
Esperança se encontra ali, agônica
A morte não a pega distraída.

Na ponta do punhal ou do fuzil,
O riso desta Pátria Mãe gentil
Debruça as samambaias na varanda.

Girando, enluarada, nunca pára,
E a sorte se mostrando bem mais rara
Enquanto desafina, traz demanda...
Marcos Loures


5

Gozar total prazer do sofrimento,
Enaltecendo a dor que ora me ronda,
Ao termo anunciado, sem lamento,
O barco soçobrando, mares sonda.
A vida se fartando num momento
Voltando e revoltando como uma onda.

Arquétipos de sonhos, desabrigos,
Arvoro-me a ser teu, felicidade.
Inverno destruindo campos, trigos,
A par dos descaminhos, falsidade.
Crivado em frágeis pedras eu prossigo,
Audacioso passo em liberdade.

Afásica emoção que me assombrando,
Avança sobre o inferno em fogo brando..


6

Gozando essa ventura magistral,
De ser teu companheiro e ser teu par,
Da fonte inesgotável quero estar
Ao lado e ser por isso, triunfal.

Decerto um ser sublime e divinal
Pôde em perfeição rara , transformar
Transportando do Céu feito luar
O brilho em maravilha sem igual.

A mãe, amante, amiga e camarada,
Decerto eu não te canto neste dia,
É pouco, na verdade, quase nada.

Pois para quem nos traz a vida e o gozo,
A vida inteira, enfim não bastaria,
Para cantar um ser tão fabuloso...
Marcos Loures


7

Gotículas de lágrimas esquecidas,
A gente não quer mais saber da dor.
Juntando com desejos nossas vidas
Germina em esperança cada flor.

Por mais que tão difíceis nossas lidas
À noite se entregando em tanto amor,
Angústias já não são nem mais sentidas,
No céu outrora escuro, luz e cor.

No dia que amanhece, um sol que crio,
Beijando com desejos o rocio,
Diamantina imagem, sem igual.

Olhando de soslaio, em puro encanto,
Por sobre este jardim, em todo canto,
Gotículas que eu vejo. De cristal...
Marcos Loures


8

Gotas de chuva caem dos teus olhos
Amiga sei que a vida nos maltrata,
Jardins sendo tomados por abrolhos
Um rio que se seca, sem cascata.

Viseira que nos turva qual antolhos,
Queimada destruindo toda a mata.
Os males invadindo, vários, molhos,
Somente uma amizade nos resgata

E mostra alvorecer em cada gesto,
Por mais que seja dura a nossa vida,
Sentido no que vivo sempre empresto;

Rebento o cadeado da clausura
Tomando tuas mãos, nossa saída,
Com toda magnitude da ternura...


9

Gostosos, protetores, dos teus braços;
Carinhosos desejos; entrelaces.
Cometas espalhando nos teus passos
Por onde em maravilhas; lumes grasses.

Amor fazendo em nós um arrastão
Tomando cada espaço, prolifera
O gozo da alegria, aluvião
Granando a mais sublime primavera.

Da outrora fantasia tão dispersa,
Unindo cada parte, plenitude.
Na foz maravilhosa, o rio versa
Atalho que em caminho se transmude,

Contigo, mulher bela e fabulosa,
Eu quero ter a noite mais gostosa...
Marcos Loures


7310

Gostoso te encontrar toda manhã
Desnuda em minha cama, tão fogosa.
Prometo enfim, meter com tanto afã
Na gruta molhadinha e bem cheirosa.

Sentir a tua boca me chupando,
Depois ir te lambendo até deixar
A greta bem molhada e adentrando
Até que... Totalmente... Penetrar.

Não vou deixar morena sem ter gozo,
Prometo- todo dia – te trazer
Eu juro, e te garanto bem gostoso,
Deixar-te bem molinha de prazer...

Amada, minha jóia perla rica...
Não precisa bater mais siririca...


11

Gostoso quando, abrindo tuas pernas
Permites que eu te veja por inteiro.
Carícias tresloucadas, porém ternas
Acendem todo o fogo costumeiro.

Abrindo os lábios todos, com cuidado,
Vislumbro o paraíso que desejo
Que tendo este portal todo molhado
Já pede um tão sedento sacolejo.

Na hora que tu quiseres, estou disposto
A te fazer levar para o Nirvana,
Do jeito mais gostoso e mais sacana.

Eu quero o teu grelinho no meu rosto,
Depois pra não deixar ninguém à mingua
Passar devagarinho a minha língua.



12

Gostoso é tu fuder a noite inteira,
Te quero em cama bem putinha,
Lambendo com tesão tua grutinha
Safada, bem sacana, feiticeira.

Eu quero que tu venhas bem ligeira,
Abrindo bem gostoso a xoxotinha,
A puta generosa, sacaninha
Fazendo da buceta uma fogueira

No teu cuzinho, eu boto devagar,
Prometo que não vou te machucar,
Engole com vontade que ele cresce

Depois quero um boquete que alucina,
A porra tendo muita proteína
Em sobremesa, agora se oferece...
Marcos Loures


13




Gostoso é te sentir bem junto a mim
Rolando entre lençóis num fogaréu
Roubando cada estrela, subo ao Céu
E acendo deste incêndio, um estopim.

Depois de ter chegado ao mesmo fim
Eu recomeço e sei do meu papel,
Unidas neste louco carretel,
As pernas confundidas... Ouço o trim

De um telefone chato e sem noção.
Amanhã vou fazer outro plantão
Não é nada, por certo excepcional,

Porém tenho direitos ao prazer.
Do jeito que isto está, é bom saber
Não precisa de anticoncepcional


14

Gostoso é te deixar extasiada
E ter o teu prazer bem junto ao meu.
Enquanto a poesia te elegeu
A estrela nos meus braços desmaiada.

A noite sendo assim, alvoroçada
Intensa sensação nos acolheu
Meu corpo nos teus vales se perdeu,
Sorvendo cada ponto desta estada.

De todos os desejos, companheira,
Despida em minha cama, por inteira
Numa entrega divina e sensual.

Querendo estar além deste infinito,
No amor que sem demora, se faz rito
Num toque de prazer consensual...
Marcos Loures


15

Gostoso é poder ter tua nudez
Abrindo este portal do paraíso.
No gozo e na ventura amor se fez,
No toque sensual e mais preciso.

Tua buceta toda molhadinha,
Sem pêlos, num apelo magistral,
Eu gosto de te ter assim, putinha
Enquanto lambo o grelo, chupa o pau..

Teu rabo generoso, belo cu
Carícias e delírios prometidos,
Teu corpo tão sublime, agora nu

Brincando com tesão, os meus sentidos
Afloram-se em desejo e fantasia.
Promessa de loucura e putaria!
Marcos Loures


16

Gostoso é perceber a tua boca
Chupando meu caralho com vigor,
Depois vou invadir a tua loca,
E derramar com fogo o meu amor.

Lamber o teu grelinho em meia nove,
Cheirosa esta buceta, gostosinha,
Quero que minha porra logo prove,
Depois de ter sarrado esta bundinha.

A gente faz amor o tempo inteiro,
Ninguém conseguirá mais nos deter,
Eu quero ser teu macho e companheiro,
Durante toda a vida te fuder.

Mas quero este boquete divinal,
Que pagas com volúpia sem igual...


17

Gostoso de viver e desfrutar
O bem do amor imenso que tu trazes,
Tomando toda a casa, devagar,
Tocando bem mais fundo em nossas bases.

Viajo a noite inteira sem parar,
Ao ver a lua clara em novas fases,
Vontade de chegar e te pegar
Com olhos e desejos mais vorazes.

Amor que a gente vive e não se cansa,
Não deixa nenhum dia ser vazio.
Na boca esta loucura, doce e mansa.

No corpo um sol moreno irradiando,
A cada novo verso que hoje eu crio
Declaro quanto é bom seguir te amando...
Marcos Loures


18


Gosto tanto do teu jeito
Tão brejeiro, assim sincero,
Tens no olhar tudo o que eu quero
Vou contigo, satisfeito,

Quando amor fez o seu pleito
Com carinho e com esmero,
Mesmo outrora amargo e fero,
Ser feliz era um direito

E lutando sem cansaço
Percebi no teu abraço
Tudo aquilo que eu queria.

Conhecer felicidade,
Tendo em ti toda a verdade
Que julguei ser fantasia.


19

Gostar de amar o amor como gostamos,
É cara sensação que assim semeia
Além do que tivemos e sonhamos
Sabemos desfrutar do que se anseia.

Desbainhamos as armas mais audazes
E vamos sem temores pela vida.
Nos sonhos que se entornam, tão vorazes,
Queremos conhecer cada saída

Que leve a tal portal de uma esperança
Sem mágoas e sem dores, livremente.
No paraíso, amor, já nos alcança
Invade coração, vontade e mente.

Não somos nada além do que queremos,
No amor que cultivamos, tudo temos...
Marcos Loures


7320

Golfinhos nossos mares vão nadando
Nas ondas que procuro, céu azul...
Meus dias são sinceros, mergulhando
Profundamente, verdes mares, sul.

Recebi tua carta me entregando
Nossas recordações, o mundo é blue
Quem dera ser golfinho neste bando
E gozar minha vida, não ser fool...

A lua vai brincando prateada,
O tempo se disfarça e nem percebe.
Nos braços da lunática enteada

Que é filha dessa estrela e dum cometa,
A vida se esvaindo não concebe
Sem te ter, meu amor, vida incompleta...


21

Girassóis entre estrelas posso ver
Rondando a nossa cama em noite imensa...
Bebendo gota a gota a recompensa
Que é feita com ternura em bel prazer.

Incendiando tudo eu quero crer
No bem que se mostrando nos convença
Amor desenha em belo templo a crença
Trazendo a dois amantes o poder.

O canto que me encanta, um desafio,
Andorinhas penduradas neste fio
Aguardam a final arribação.

Será que nosso amor vence o verão?
Amor que imaginei um girassol,
No inverno servirá como farol?
Marcos Loures


22

Girando totalmente em carrossel
Numa roda gigante da esperança
Alçando plenamente imenso céu
Fazendo novamente ser criança

Galope da alegria em seu corcel
Voando em liberdade, cada dança
Rolando tobogãs, barco papel,
Guardado no envelope da lembrança...

Na cama em que te tenho e te possuo
Girando sem limites continuo
No baile dos prazeres e desejos.

Menina que me ensina a ser feliz
Mostrando de repente em todo bis
Marcas da fantasia em mil lampejos...
Marcos Loures


23

Girando pela vida, carrosséis
Dos sonhos e das bocas mais ferinas,
Enquanto inda destruo falsos méis
Eu sinto na canela tais botinas.

Regresso dos passeios, vis corcéis
Ainda quero o xote das meninas
Dançando mesmo tonto e de viés
Agarro em pensamento suas crinas...

Termino toda noite assim sozinho,
O lobo não conhece chapeuzinho...
Rolando em minha cama, inda desejo

Viver o que jamais eu poderia,
Sabendo no final que em cada orgia
Esconde sob a manga o velho pejo...


24

Girando em rodopio perco o rumo
Espero teus carinhos a girar,
Amar é mais que apenas manter prumo,
Amar é quase em seco, naufragar...

Não sei se nesta dança me acostumo,
Nem sei se sigo sol ou o luar,
Minha alma se elevando, fátuo fumo,
Meu mundo se perdeu ao te encontrar...

Passando pelas ruas, mares, bares,
Voando simplesmente qual cometas
As asas deste amor vão aos luares

E voltam no arco íris que te encanta,
Flutuam como fossem borboletas
Beijando cada parte desta planta...



25

Girando a noite imensa, paraísos
Feitiços de desejos e vontades.
Amores seduzidos por verdades
Negando passos frágeis, indecisos.

Os dias do teu lado são concisos
E nisso justificam claridades
Pois quando busquei reciprocidades
Sabia dos encantos mais precisos.

Preciosidade se emprestando à sorte
Entregue à fantasia, pleno aporte
Cevando com carinho cada grão.

Eternamente frutificará
Enquanto em esperança nos trará
Caminho que me leva à sedução.
Marcos Loures


26

Guardado dentro em mim, espelho e luz.
Vasculho o coração e sinto agora,
Batendo num fremir que reproduz
O quanto a poesia já te implora

Que venhas e que afastes esta cruz
Da dor que não saber quanto demora
Secar minha ferida feita em pus.
Levando esta agonia logo embora.

A mudança dos ventos me levou
Ao porto imaginável e tão presente.
O quanto que inda tenho, aonde vou,

Somente no meu sonho se pressente
Vencendo imensos mares, oceanos,
Netúnicos prazeres, soberanos...
Marcos Loures


27

Guardada num convento, ela sonhava...
Os olhos encantados, cotovia...
O príncipe dos sonhos não chegava,
A noite não trazia um novo dia...

Os sinos repicavam melodia,
O pranto que escondido não calava...
Quem dera conhecer a fantasia.
Janela entreaberta enluarava.

Deitava-se desnuda, mansa orgia...
Um dia, não se sabe com certeza,
Um príncipe chegou no seu corcel.

Deparando-se, enfim com tal beleza,
Calmamente deitou-se em seu dossel..
As pernas entreabertas da princesa...
(Ergueu-se, levitou, subir ao céu!)
Marcos Loures


28

Guardada no meu peito tal fortuna
Que sempre se posou de soberana.
A noite que te trouxe tão soturna
Espera nosso amor numa cabana...

Despisto mas não posso me calar...
O canto que promete não me alcança
Memória bem podia se matar
Assim não cairia noutra dança...

Meu sentimento espera nova vida
Na vida que se mostra mais sensata
Agora que esperança não duvida
Amor quer embrenhar por outra mata...

Vivendo o sofrimento de saber
Que amor demais já faz amor morrer...


29

Guardada no meu peito em sete chaves,
Amiga redentora traz sorriso,
Ajuda a destruir tantos entraves
Facilitando entrar no paraíso.

Na força da amizade, eu trago a sorte
De ser bem mais que alguém cuja tristeza
Temendo um vão momento e sem suporte
Não vê mais nesta vida uma beleza.

Certeza de encontrar em ti, querida,
Apoio pra seguir a cada dia
Até que a morte venha e assim decida
Por fim a tão sublime fantasia

Da vida que se entorna em alegria,
Nos braços da amizade, estrela guia...
Marcos Loures



30


Guardada na retina esta lembrança
De um tempo que se foi pra nunca mais,
O meu olhar atento agora alcança
Passado entre coqueiros, mangueirais.

O riso benfazejo da criança
Que um dia imaginei nos meus bornais,
Jogado pelos cantos da esperança,
Afasta-se da casa, dos umbrais...

Mantendo a porta aberta da saudade,
Quem sabe reviver felicidade,
A idade da razão matou o brilho

O coração naufraga no vazio,
E feito um tresloucado, sonho e crio
Da inútil melodia, um estribilho.


31

Guardada há tanto tempo em negro véu
Imagem destroçada da esperança
Somente uma ilusão ainda amansa
O que restou de um sonho tão cruel.

O amor se fez da paz velho bedel
Arauto que anuncia a nova dança
Quem tem no amor imagem, semelhança
Já sabe desvendar chaves do céu.

Por vezes não entendo o seu intuito
E mesmo que ele venha assim fortuito,
Amor sempre tramando algum remendo

Estende suas mãos com galhardia,
Quem busca neste insano uma alforria
Acaba quase nada, ao final tendo...
Marcos Loures


32

Guardada dentro em mim, espelho e luz.
Vasculho o coração e sinto agora,
Batendo num fremir que reproduz
O quanto a poesia já te implora

Que venhas e que afastes esta cruz
Da dor que não saber quanto demora
Secar minha ferida feita em pus.
Levando esta agonia logo embora.

A mudança dos ventos me levou
Ao porto imaginável e tão presente.
O quanto que inda tenho, aonde vou,

Somente no meu sonho se pressente
Vencendo imensos mares, oceanos,
Netúnicos prazeres, soberanos...
Marcos Loures


33

Gritando em seu louvor, felicidade
Catando estes gravetos, faço a lenha.
Por tanto que queria na verdade
Amor que sem vergonha sempre venha.

Contendo este conjunto de emoções
Arpoa qualquer verso que virá.
No seio da morena, as seduções
Chamando para a glória desde já.

Jazendo uma saudade pelos cantos,
Do amor que a noite nunca, cega, fuja
Esmoler vai pedindo a tantos santos,
A solidão, apenas garatuja.

No quanto que se fez caricatura,
Agora uma obra prima, se emoldura...
Marcos Loures


34

Gerânios e petúnias, meu canteiro,
Durante muito tempo, imaginei
Que o amor que tu me tinhas, verdadeiro,
Pudesse transformar a triste grei.

Teimando neste canto derradeiro,
Um verso de alegria eu procurei.
Porém pelas esquinas quando esgueiro
A solidão temível, vira lei.

Olhando pelas frestas do passado,
Andando como sempre, ensimesmado,
Não tive nada além de fantasias.

Aguardo tão somente pelo fim.
Abrolhos vão tomando o meu jardim,
Matando o que restou das poesias...
Marcos Loures


35



Gerânios na janela. Nos quintais
Mangueiras derramando suas frutas.
Sobre a mesa, revistas e jornais,
Sorrisos traduzindo antigas lutas.

À porta deste sonho tu relutas,
E teimas em negar os nossos cais,
As dores pelos gozos; tais permutas
Decifram mil momentos magistrais...

Porém, ressabiada, nada dizes,
A culpa é das terríveis cicatrizes
Que trazes do passado. Disso eu sei.

Ferida; não percebes que o futuro
Jamais será deveras tão escuro,
Diverso do que amargo, desenhei...


36

Gatos ronronando no quintal,
A noite sombreada de desejos.
O vento traz um frio glacial
Ao longe inda se sentem os lampejos

Dessa última esperança que morreu
Nos braços da morena sertaneja.
O manto do meu céu se escureceu
A morte feita em vida já lateja.

Prevejo tão somente um ar sombrio
Vagando em tempestades e em procela.
O coração se esvai, cego e vazio,
Matando o que restou; amiga, dela.

Desculpe te ligar; é fora de hora,
Preciso ter alguém comigo agora.


37


Gilberto sempre fora um pescador
Dotado de talento inesgotável.
Diversas vezes sendo demonstrável
Em atos de bravura e de valor.

Um dia, já faz tempo, num riacho
À noite um peixe estranho ele pescou.
- Rosado, é diferente este diacho.
Foi tudo o que coitado imaginou.

Porém quando a manhã nem bem surgia
Ao ver um homem em pelo no seu quarto,
Depressa se acabou toda a alegria;

Depois de muita liça quase roto,
Ao lado de um rapaz arfando farto.
Gilberto não se esquece mais do boto...


38

Garota de Ipanema agora deixa
De ser aquela moça tão bonita.
Usando a velha pose se faz gueixa
E pensa que a galera inda acredita

Não posso nem ouvir, da moça a queixa,
Apenas num requebro não agita
Balança sutilmente uma madeixa
Cabelo solto ao vento? Usando fita.

Porém como dizia o poetinha,
De todos o maior, tenho a certeza,
Mais bela do que a bela, esta beleza

Que o verso insuperável já continha
A moça que dizia de Ipanema
É brasileira nata e é da gema!


39

Gargalos e gargalhos, galhos, galos.
Algozes vozes vasos e vontades.
Falências e falésias, falas, falos,
Serpentes pentes sentes sem saudades.

Martela estrela bela matutina,
Matuto, luto, encurto este caminho.
Na mesa de jantar, cozinha e tina,
Atino meu destino e vou sozinho.

Mas quero esta querência de querer
Aquela a quem queria dia a dia
Adia esta tendência de sofrer
E deixa sem ter queixa uma alegria.

Beijando a boca aberta, alerta pisca,
Que pena que esta moça é muito arisca...

40

Gargalho sobre a carne decomposta
Jogada nas calçadas, verme, aborto.
Cusparada servindo de resposta
Sonego para o náufrago, o seu porto.

Espalho pedra espinho, nego a Costa
Sorriso de ironia, semi-morto
Arranco das feridas cada crosta
E as mãos de quem suplica; amargo, corto.

Aguardo na tocaia que tu passes,
Escarro sobre ti, malditas faces
Defeco em tua boca, sei ser vil,

Torturo-te, a agonia traz o gozo,
Ao fim, te sobreponho e assim jocoso
Vomito sobre ti, verme servil...
Marcos Loures

41

Gargalha tolamente qual palhaço
Desengonçado sonho que criei
De ser nos braços dela, um vivo rei,
Porém a dor chegou em duro traço.

Agora indo sozinho, o quê que eu faço?
Se tudo o que eu queria, não terei.
Vagando em solidão, amiga, eu sei,
Que o mundo vai fechando o forte laço

Asfixiado sigo em tempestade,
Um reles vagabundo, coração.
À margem dos caminhos da paixão,

Morrendo pouco a pouco, a mocidade.
Apenas sobrará uma ilusão?
Quem sabe depois disso, uma amizade?

42

Gemidos de viúvo em solidão
Palavras sem sentido nem proveito.
O verso que transtorna a direção
Dourando este fantasma no meu peito.

Podia pelo menos ter perdão
O amor que não deixasse mais direito,
E os ventos giramundos da paixão
Vagando pelas ruas. Não aceito...

Pelo canto dos lábios a saliva
Escorre numa absurda convulsão.
Minha alma passageira sempre viva

Aguarda um novo trem nesta estação
Mulher dos meus anseios, deusa e diva
Guardando as suas garras no porão...


43

Gargalha em ironia, a amarga fera
Que em farpas entranhou cada pedaço,
Destruição e inércia, numa esfera.
Do gozo tão mordaz, estardalhaço.

Nesta rede de intrigas, tensa espera,
Apenas o sorriso de um palhaço,
Travestindo de insânia esta quimera
Que mostra em cada corte, adaga e aço.

Das pústulas que espalhas em minha alma,
Postulas vis, hipócritas senzalas.
Enquanto me torturas, nada falas,

Nem mesmo a morte próxima me acalma.
Vergastas de Satã, as minhas sinas
Nas mãos tão carinhosas e assassinas...
Marcos Loures


44

Garapa já virou caldo de cana,
Cocota agora chama periguete
Se o troço demorô, ficou bacana
Lojinha de cachorro? Tal de pet.

Vontade de tomar o meu Grapete,
Comprei o tal chalé, veio choupana
Guardei o meu passado num disquete
Moleque sem vergonha hoje é sacana.

Andar de vemaguete ou decavê
Nas ruas da cidade, me envergonha,
Já basta minha cara de pamonha

Qualquer otário sabe e logo vê
Que tudo o que vivemos foi pro saco,
Nem vou armar por isso algum barraco...
Marcos Loures


45

Garapa da cana,
No doce, no mel,
Na manhã temprana,
Estrela no céu,

Lua soberana,
Cavalga o corcel,
A mulher insana,
Cumpriu seu papel.

Vibrei noite inteira
Na boca gostosa,
Da moça faceira,

Perfume de rosa,
Paixão verdadeira
Que invade e que goza...


46

Garanto na verdade que sou manso
Apenas procurando a liberdade,
Ao lado de quem amo, quando avanço
Vislumbro ao fim da curva, a claridade.

Ao ver que o temporal já foi embora
Aberto o tempo, solto o pensamento,
A poesia em festa sempre escora
Deixando para trás um mau momento.

Menina que se fez a companheira
Reparte cada sonho e vem comigo.
Paixão que hoje eu bem sei; a derradeira
Servindo como cais, perfeito abrigo.

Depois da tempestade que hoje vinha,
Espero esta menina de tardinha



47

Garantem em loucuras, nossas vidas;
As velhas serventias desta cama,
Nas nossas emoções já repartidas
A garantia prévia que nos chama.

Um dia abençoado, raro e belo.
Depois de tantos medos no passado,
Permite que se possa recebê-lo, S
Amor em raio intenso demarcado.

Não tenho mais sequer ansiedade,
Nem mesmo algum resquício de uma mágoa,
Tocado pela força em tempestade,
Inundo o coração com a farta água

Bendita pelo amor que se faz veio
Dizendo tão somente por que veio...


48

Garante ao manso dia o raro dom
O amor quando se expressa em sentimento.
Nos beijos eu percebo o quanto é bom
A gente se entregar ao doce vento.

Vivendo a fantasia em noite clara,
Vencendo qualquer chuva que vier
O amor que em alegria se declara
Do jeito e da maneira que puder.

Palavras que se trocam; mil convites
Perdendo todo o rumo, vou liberto,
No gozo que se dá já sem limites,
Percebo o quanto audaz, sigo liberto

Nas noites que varei a te buscar,
O sonho tão gostoso de sonhar...


49

Ganhando um mar imenso, iluminado
Meu sentimento vence as tempestades,
Andando junto a ti vou lado a lado
Concebo as mais sutis felicidades.

Amor vai me levando ao belo prado
Distante das balbúrdias das cidades
Quem teve o sofrimento no passado
Agora não conhece mais saudades.

Olhares espreitando de tocaia
Os gozos mais vorazes e gentis
Sabendo ser agora mais feliz

Entrego o mar tão belo em tua praia
Desfruto de teus braços, teus carinhos,
Fazendo destes sonhos nossos ninhos...
Marcos Loures


7350

Gananciosamente sigo em riste,
Vetustas emoções jogo no lixo,
Qual fora simplesmente um tosco bicho
Arredio; eu me escondo amorfo e triste.

Quem sabe ou acredita já persiste
Mantendo o coração tolo e prolixo,
O olhar noutro horizonte ainda fixo
Visão do crucifixo não desiste.

Pensando no apogeu mergulho às cegas.
O verso que dedico tão piegas
Arengas do passado não me importam.

Porquanto sou feliz e não sabia,
O amor quando demais cria alergia
Imagens tão românticas me cortam...


51

Galopo numa estrela
Dos céus o meu corcel
Delícia em poder tê-la
Vertida em carrossel.

Imagem que se atrela
Barquinho de papel
A fonte se revela
Em farto e doce mel.

Embora tenha gente
Que goste do amargor,
Prefiro,de repente,

Viver o pleno amor,
E aqui, sempre contente
Inteiro ao teu dispor...
Marcos Loures


52

Galopes que se mostram tão afoitos
Pertuitos desvendados permitindo
Delicadeza feita em loucos coitos
Estrela em nossos corpos refletindo.

Audácia inesgotável, inclemências
Ardumes em cardumes de prazeres,
Deixando para trás falsas decências
Mergulhos que se dão em nossos seres.

No incrível balançar, intensidade.
Penetro pela furna umedecida,
Encharco meu querer em tempestade
A fonte que se dá; é recebida.

Assim nesta volúpia que não cessa,
Amor em fogo intenso se confessa...
Marcos Loures


53



Galopes entre estrelas e cometas,
Oásis de abundância, vinhos, gozos...
Os olhos desferindo frias setas
Deixando os dias sempre nebulosos.

Quais velhos procurando por ninfetas
Delírios decadentes, caprichosos,
Amores transformando suas metas,
Vestindo tais mortalhas, rancorosos...

Eu bebo da saudade que não tenho,
Risíveis meus caminhos, sem ninguém.
Aguardo numa esquina, perco o trem.

Embora persistente, meu empenho
De nada adiantou, vou sem corcel,
Vagando sem estrelas, morro céu...


54

Galope quando é feito à beira-mar,
Fazendo a lua mansa virar fogo,
Não tendo nem vontade de parar,
Não cessa nem por reza, prece ou rogo.

A rede quando é feita do luar,
Nos braços da morena eu já me afogo,
Cantando a noite inteira a balançar
Nas ondas deste encanto, enfim me jogo.

Galopa o pensamento, este corcel,
Voando por espaços infinitos,
Girando como fosse um carrossel,

Querendo estes momentos mais bonitos,
Da boca da princesa eu bebo o mel,
Fazendo do prazer nossos delitos...
Marcos Loures


55

Galopas sobre mim, sou teu corcel
E vejo mil estrelas num tropel,
Atando nossos corpos, intenso fogo,
Vencendo sou vencido no teu jogo.

Visões do paraíso em carrossel,
Tocando com meus dedos vasto céu,
Ouvindo dos desejos cada rogo,
Nos mares destas ancas eu me afogo...

E o gozo derramado num segundo
Do teu prazer intenso, eu já me inundo,
E te sinto vibrar em convulsões...

O amor sabe o segredo, é mesmo assim,
Vibrando seus delírios dentro em mim,
No intenso fogaréu, loucas paixões...


56

Galopando em meu corcel
Ganho o espaço, bebo o vento,
Libertário sonho ao léu
Não me sai do pensamento

Do passado tão cruel
Não guardo ressentimento,
Renovando o seu papel
Meu amor segue sedento.

Coração esmiuçando
Encontrou o teu retrato
Pensamento galopando

Já desaba em teu regato
Nosso amor vai se entranhando,
Dos teus laços, não desato...


57

Galinha comilona enchendo o papo
De tudo que aparece no caminho,
A minha casa é feita de sopapo,
Assim, mais confortável fica o ninho.

A roupa que agora uso é simples trapo,
E desta mendicância eu me avizinho,
Das garras do idiota, sempre escapo,
Prefiro ter das gralhas, o carinho.

Melífera visão de um diabético
Que tem como horizonte ser mais ético,
Eclético; porém jamais boçal.

Na face abestalhada do panaca,
Perfume do rosal virou inhaca
Um velho pangaré cheirando mal...


58

Galgando um infinito nos teus braços
Atinjo a plenitude em cordilheira.
Afetos espalhados nos regaços
Amar é ter feliz a vinda, inteira

De quem atando firmes, laços, passos,
Sabemos que demais, tanto nos queira
Que forme em conjunção de belos traços,
Certeza de ser minha derradeira

Manhã que forrará o meu futuro
De sedas e cetins, rendas e linho.
Em sentimento nobre, raro e puro

Meu mundo com certeza; sorrirá
E assim, envolto em lumes e carinho,
O mundo novamente brilhará...


59

Galgando tais estrelas ancestrais
Um sonho que astronauta se perdeu
Depois de tanto tempo eu quero mais
Além do que pudera ser tão teu.

Imagem que aos espaços ascendeu
Deixando pela terra seus sinais
No fogo de teus olhos sempre ardeu
Amor que desejei estrada e cais.

Perfaço estas andanças sem descanso
Em cada procissão que me aprouver
Vestígios que encontrei de ti, mulher

Depressa levarão para o remanso
Do amor imenso insano até fatal
Rondando sem limites este astral...

60

Galgando no teu corpo um belo porto,
Aonde eu descobri mapa e tesouro.
Depois de tanto amor, vou quase morto,
Brilhando de suor, eu encontro o ouro.

Fazer amor, delícia de desporto
No gozo detonando um belo estouro.
Delírio que me deixa sempre torto,
Mas sempre benfazejo, um bom agouro.

Servir e ser servido em abundância,
Molhando tua boca na enxurrada,
Deitar tua nudez com elegância,

Vagando nossa noite iluminada,
Nos ápices profanos, chafariz,
No lago, imensidão, eu sou feliz...

61

Galgando essas estrelas, pensamentos...
Vestindo uma quimera: ser feliz.
Cortejo constelar que por momentos,
Etéreos relampejos, teu matiz.

Em ondas, ânsias, medos, sentimentos,
De toda esta amplidão, amor que quis,
Vagueiam tempestades e tormentos.
Minha esperança baila, encena, atriz...

Na neve de teus olhos, ilusão...
No tempo que me resta, brevidade.
Amar talvez; resuma-se em visão,

Desejo já perdido, sem memória.
Querer-te bem além, felicidade,
Um último retrato, minha glória...



62

Galgando cada parte deste sonho
Vislumbro mil montanhas, belos vales.
Depois deste delírio tão risonho
Debaixo do vestido,saia e xales.

Amor sem sortilégios te proponho,
Não deixo que em mentiras tu me cales,
Vibrando em cada dedo que te ponho,
Gemidos e suspiros, que tu fales...

Num átimo um desejo tão carnal
Vencendo uma razão que se perdeu.
Nesta opereta insana e assim carnal,

Rebenta toda a corda, sanidade,
Teu corpo se confunde com o meu
Nos atos que profanas, liberdade...


63

Galáctica figura em astros vários.
Nenúfares colhidos no além mar
Sinérgicos desejos, temerários
Alabastrina tez sob o luar.

Egresso dos espectros dos templários
O sonho em férreas luzes, procelar,
Arquétipos profanos, relicários
Metáforas expostas, lupanar.

Em sedas e organdis, lubricidade,
Nas vaporosas formas, éter, fumo...
Aos falsos diamantes me acostumo

E vertes à total saciedade
O néctar viperino e delicado,
Que sorvo totalmente embriagado...


64




Gerenciar os sonhos é patético
Vestir a fantasia me aborrece;
Sem ter alegoria que confesse
Aos poucos se tornando mais hermético.

Às vezes sigo crédulo ou vou cético
Se tudo não der certo, vale a prece
Por mais que a realidade torpe engesse
Uma esperança serve de energético.

Seria proveitoso algum prazer;
Tristezas deixam dúvidas e dívidas,
As faces solitárias sendo lívidas

Confundem muitas vezes ter e ser.
O verso que hoje faço; dito clássico,
No fundo me parece ser jurássico...


65

Geraste tal veneno no teu ventre
Que nunca concebeste tanta dor.
Desculpas permitindo que se adentre,
O verme que cuspiu no teu amor...

Nas mortes que produz, peço concentre
Os olhos que não sugam mais calor...
A porta está fechada. Que não entre,
A cobra que pariste, e seu rancor!

Veneno que vomita tanto fere,
Os pântanos criados são vorazes...
Não deixe que este verme degenere

A vida que pensei sem aziúme!
O nojo que me tens, vem das mordazes
Lambidas desta peste: teu ciúme!
Marcos Loures


66

Gerando sem perdão um desatino;
Mal disfarças o riso em ironia,
Matando o que restou da fantasia,
Sujaste um mar de sonhos, cristalino.

E eu, das esperanças, peregrino,
Seguindo a minha sina de vadio,
Às fartas ilusões quando me alio,
Revejo em meu espelho, este menino

Que um dia abandonaste sem motivo,
Porém do que tivemos, não mais vivo,
O sol vai renascendo dentro em mim.

E as aves libertárias da esperança,
Promessa verdadeira de mudança,
Revoam sobre as flores do jardim.


67


Genesíaco amor, trazendo essas trapaças...
Na fome da loucura a morte vem ligeira...
Protejo o coração, produzo carapaças,
Em vão... Nesta mortalha, a dor é companheira...

A vida se perdeu buscando novas caças.
Amor nunca permite exige verdadeira
Dedicação. Derrota emoldurada em taças...
A lua, em nosso caso, espera ser inteira...

Desprezei teu desejo, aguardo meu castigo...
Mergulho no infinito, embalde te procuro.
Levaste todo sonho embora, foi contigo...

O pouco que restou, triste oceano escuro,
Decerto representa um enorme perigo,
A morte me espreitando ali, detrás do muro...


7368

Gemidos tão sacanas e safados,
Delírios entre as coxas, rapadinha
Gostosa e cheirosinha esta xaninha,
Os lábios com teus dedos, afastados.

Caminhos bacaninhas e molhados,
Te tenho deste jeito, uma putinha
Que sei que sem pudor é toda minha,
Diamantes em tesão bem lapidados...

Chupando o meu caralho com vontade,
Depois no teu cuzinho vou com tudo,
Teu corpo assim sedento e tão tesudo

Que a pica assim ereta quer e invade
Melando mais sacana cada greta
Até que a porra salgue esta buceta...
Marcos Loures

69

Há tantas ironias nesta vida
Que tudo o que eu desejo não consigo,
O braço que me apóia, o do inimigo
Esperança prepara a despedida

Deixando no lugar outra saída
Que às vezes expressando algum perigo
Distante do que tento, eu não prossigo,
Vestida de ilusões, alma vencida.

Palhaço das inúteis fantasias
Os guizos eu joguei pela janela,
Enquanto a poesia se revela

Estrelas não me servem como guias
Metade do meu corpo te deseja
Enquanto outra metade não te beija...
Marcos Loures


70


Há vezes em que falsos se prometem
Vertentes onde houvesse claridade.
Moldando com suor felicidade
Em outros sentimentos se intrometem.

Quem vive na total obscuridade
Não pode falar sobre os que remetem
Os sonhos em vertentes onde metem
Os dedos os que vivem falsidade.

Falíveis meus caminhos sem acerto
Em áspero desprezo, não me olhais.
Eu tenho inda respaldo que consiga

Verter em um oásis o deserto
Que em troca das verdades sempre dais.
A salvaguarda; encontro em uma amiga...


71


Houvesse alguma coisa entre nós dois
Talvez inda restasse alguma chance,
Porém sabendo o nada do depois
Não posso conceber qualquer romance.

Lançando o meu olhar neste vazio
Que é feito numa ausência corriqueira,
Um pouco de esperança eu fantasio
Enquanto a vida amarga, carpideira.

Por falta de ternura e de carinho,
A fonte já secou há tanto tempo.
E quando, da ilusão, eu me avizinho
Percebo que só fui um passatempo

Nas mãos de quem amei, inutilmente
Mas a minha alma sonha, e me desmente...


72

Houvesse a claridade que sonhei
Talvez inda pudesse perceber
A luz que tantas vezes pude ver
Vagando sem destino noutra grei.

Vivendo da esperança que criei,
Somente nela encontro algum prazer.
O fogo que incendeia todo ser
Não sabe dos caminhos que trilhei...

Andar por entre as trevas; sempre às cegas,
Distante destes mares que navegas,
Destino de um estúpido poeta

Estrelas tão confusas, pirilampos,
A noite se espalhando pelos campos
Manhã não surgirá, pois incompleta...

73

Hostes, hastes, lúbricos desejos.
Frágeis lutadores, noites frias.
Amores em senzalas, melodias.
Noturna sinfonia, doces beijos.

Olhares entre colchas, fardos, pejos.
Expressões de delírio em fantasias
Alvissareiros risos, alegrias
Momentos torturantes e sobejos...

Apensas burburinhos, nada mais.
Dois lábios canibais, mananciais
À flor da pele, bocas e torturas...

Em riste lanças, setas, armaduras.
Saveiros, naus em portos sensuais
Extremas explosões, fartas loucuras...
Marcos Loures


74

Horrores que se expõem a cada gozo
Nos templos e da pátria, vendilhões.
O manto que se fora glorioso
Cortado em mil pedaços, podridões.

Amiga, me permita, caprichoso,
Não suportar tal súcia de ladrões.
A fome se espalhando em ar leproso.
No amargo das estrelas e paixões.

Vendetas que se fazem todo dia,
Prostituindo os frágeis e as mulheres.
Banquete desta corja em mil talheres

Ao devorarem sempre esta iguaria
Que é feita pela carne dos cordeiros,
Nas Câmaras, Congressos e puteiros.
Marcos Loures


75

Hordas de fantasmas me perseguem,
Ninhada viperina, fardos vários
Por mais que a realidade ainda neguem
Seus guizos se anunciam temerários.

Na gula insaciável já conseguem
Romper os meus limites, adversários
Que em tramas estrambóticas prosseguem
Negar aos meus desejos, estuários.

Vetustas paliçadas, frinchas, poros
Sibilas e profana, não sacias
Semeias tempestades, vis esporos

E rasgas o que resta de esperança.
Floresces em quimeras, noites frias
Enquanto dedo riste, a morte avança...
Marcos Loures


76

Horas mortas da noite
No frio que nos toma,
Cortando qual açoite
Amor enfim nos doma

E faz um paraíso
Em cada beijo teu,
Trazendo um bom sorriso
Que enfim se concebeu

Em festa e alegria
Que sempre majestosa
Em lágrimas sabia
Do espinho sem ter rosa.

Agora ganha o dia,
Do amor tão orgulhosa...


77

Hora morta, a vida não mais repete,
Os meus sonhos dividem pesadelos...
As minhas cartas voltam, restam selos.
O tempo atroz, distância me remete...

As festas que passei, quero o confete.
Teus olhos inconstantes, quero tê-los.
O poder de esquecer, ou convertê-los,
A dor de não saber a mim compete...

Hora morta; procuro, pela sala,
Os rastros, passos, nada tenho... Cala
A noite; mergulhando no passado,

Agonizo... Granizo traz estio.
Mas meu coração, fraco, sente frio...
Nesta hora morta, estou desesperado...


78

Homérica viagem dentro em mim,
Idílios tão diversos; enfrentei.
A vida vai chegando a um triste fim,
Ausente de meus sonhos, me entreguei.

Penumbras que eu carrego vão enfim,
Ditando em treva e incúria a amarga lei,
Cumprindo o meu destino, de onde eu vim
Expresso em agonia o que passei.

Venenos ressurgindo a cada ordenha,
Por mais que a lua teime e sempre venha,
A noite segue escura, em frio intenso.

No mar das ilusões, barco sem rumo,
Os erros cometidos, eu assumo,
Meu débito tornou-se, então, imenso...


79




Há tanto navegar era preciso
Vivendo outros caminhos; mar, adentro,
Vagando pelos pólos, busco o centro,
O porto que virá não traz aviso.

Acendes tais archotes e me guias
Por entre vendavais, loucas procelas,
Destino que entrementes tu já selas,
Permite finalmente fantasias.

Melífero arquipélago de luz
Dos pélagos me traz doce promessa.
O amor faz da ilusão rica remessa

E em luzes tão fantásticas produz
O brilho que eterniza as emoções
Rolando pelos céus, nas amplidões...



Há tanto navegar era preciso
Vivendo outros caminhos; mar, adentro,
Vagando pelos pólos, busco o centro,
O porto que virá não traz aviso.

Acendes tais archotes e me guias
Por entre vendavais, loucas procelas,
Destino que entrementes tu já selas,
Permite finalmente fantasias.

Melífero arquipélago de luz
Dos pélagos me traz doce promessa.
O amor faz da ilusão rica remessa

E em luzes tão fantásticas produz
O brilho que eterniza as emoções
Rolando pelos céus, nas amplidões...


80

Hoje eu decidi: vou te deixar
Liberta de qualquer algema e cruz,
Sabendo o quanto tenho pra te dar
Reconhecendo em ti a própria luz.

Amar é ser liberto, disso eu sei,
E tento conceber felicidade
Vivendo o que sei que viverei
Nos braços deste sonho em liberdade.

Que seja sempre assim o nosso amor,
Raiz que se permite florescer,
No encanto que se faz libertador
Vivenciando todo o bem querer

Sem medo, sem quimeras ou prisões,
Rompendo para sempre tais grilhões...


81

Hoje os espaços mostram esplendor
Na beleza dos astros, das estrelas...
Tramando estas estradas com fulgor.
Sob o brilho, milhões de belas velas...

Os anjos passeando neste astral,
Formando qual um bando de falenas.
Vencendo tantos medos, bem e mal,
Pintando todo o céu em alvas cenas...

Molemente recebes meu afeto,
Depois de nossas noites, todas brancas.
Sabendo que este amor é predileto,
Sabendo das venturas que alavancas.

Fluindo nosso amor em manso lago,
Espero teu carinho e teu afago...


82

Históra que me assombra, eu vô contá.
Dos tar de lubisome, bicho fei,
Que aparece nas noite de luá,
Mordeno todo o povo sem ter frei.

Um dia passeano num lugá
Dispois de tanto tempo, eu encontrei
Um bicho ansim piludo, de assustá;
Pois quage que, te juro, eu desmaiei.

A sorte foi que Juca de Maria,
Um cabra desses bão, trabaiadô,
Com espingarda em punho apreparô

O bote contra o bicho disgramado,
E bão de mira em boa pontaria
Dexô esse mostrengo ansim, capado...


83

Hipnotizado estou, morena bela,
Rainha do meu sonho, estrela guia
Destino com destino já se sela
Vivendo o que sonhava e mais queria.

O amor que a gente sente eu já sabia
No barco que me leva, rumo e vela,
Além do que se diz em poesia
Tecendo o nosso amor em aquarela.

Olhar quando em olhar se refletiu
O amor sem ter juízo e tão sutil
Venceu velhos temores desta moça.

Eternizado gozo em juventude,
Palavra demonstrando esta atitude
Na força do desejo que me acossa.
Marcos Loures



84

Heterônimos trago para amor.
Um sonho sem juízo e sem sentido.
Arrebata e destrói, mas tentador,
Traz tanta alegria; não duvido.

Amor é sensação do quase ser
Não sendo e tão somente nos engana.
Vibrando em agonia de um prazer
É força que agiganta, soberana.

Amor é ter sagrado o que é profano
Beber incandescente fogaréu
No trôpego fulgor, o ser humano,
Amando se percebe em pleno céu.

Qual Ícaro, desaba num momento,
Amar é reluzir em sofrimento.


85

Heróica resistência; inda farejo
No rastro das irmãs espoliadas.
Durante tanto tempo maltratadas
Negaram o direito a ter desejo.

A liberdade plena que eu almejo
Pras moças muitas vezes estupradas,
De todos os seus bens, dilapidadas,
Mas um momento em glória enfim prevejo.

Do solo americano de Colombo,
Desta África vestida de Mandela,
Ou da Ásia multiforme e colorida,

Depois da tempestade, em duro tombo,
Brilhando com mais força cada estrela
Nos laços da amizade, construída...


86

Herética ilusão, farpas nos dedos,
Resisto bravamente e não me entrego,
O quanto ainda posso antes de cego,
Talvez molde; quem sabe; bons enredos.

Desnudo, sem reservas, meus segredos,
E ao que resta da vida, em vão me apego
Formidável procela onde navego,
Derruba; em seu furor, antigos credos...

Jogado contra as pedras, maremotos,
Os sonhos se tornando mais remotos,
Perdido no arquipélago dos sonhos.

Os dias desfilando em minha frente,
A vida se tornando então ausente,
Cenários que hoje vejo; são medonhos...


87

Herdeiros desta Terra em aliança
Com Deus, o Pai supremo, o criador,
Ungidos pelas mãos da temperança,
Noé se fez um dia agricultor

E bêbado e desnudo, Cam o viu,
Chamando seus irmãos, o abandonou,
Sabendo da atitude fria e vil,
Noé, ao próprio neto amaldiçoou.

A Canaã só restou a servidão
Herdando de seu pai a maldição
Expressa nos desejos de Noé,

O homem senhor de toda a criação
Apenas em Canaã uma exceção
É o escravo mais simples de Jafé.



88

Herdeiro do vazio que inerente
Tomando pouco a pouco cada parte
Do corpo que se entrega. Mas destarte
Talvez um novo rumo, ainda tente.

Um sonho que me ronda, tolamente,
Negando o que seria algum descarte
Permite, meu amor, imaginar-te
Invadindo o vazio, plenamente.

Eu sinto o teu perfume que me ronda,
A vida perpetua-se em cada onda
Num ir e vir eterno e caprichoso...

Quem sabe, finalmente, em raro gozo,
O mundo que sonhara e fantasio.
Mas quando acordo; sobra-me o vazio...
Marcos Loures


89


Herdamos esta merda de Planeta
Tratado como esgoto pelos ricos,
Terceiro mundo serve de penicos
Da morte esta canalha, uma estafeta.

Justiça? Andando torta e assim cambeta,
Gigantes esfacelam os nanicos
Enquanto fingem vários paparicos
Bebem do sangue anêmico e da teta

Já sem leite da mãe que de gentil
Morrendo em ares torpes é vendida
À corja que se embebe, porca e vil

Com unhas adentrando cada olhar,
Sorvendo cada gota, sangra a vida
Ceifando uma esperança, devagar...


90

Herdadas qual noturnas meretrizes
As loucas ilusões não têm paragem,
Vivendo o tempo todo sempre à margem
Sob estes céus nublados, plúmbeos, grises

Monótonas visões destes matizes
Negando qualquer brisa, vento, aragem.
Das torpes realidades que as ultrajem
Soturnas paisagens, velhas crises.

Do que sonhara outrora, verdes prados,
Os pés já não caminham, decepados,
Meus olhos não encontram horizontes.

E mesmo que dos sóis inda me contes,
Restando solitário nestes ermos,
Sem possibilidade de inda sermos...


91

Hercúleos os esforços para termos
Sem termos, redenção em franco amor
Além do que em loucura concebermos
Recebo o teu espinho e busco a flor.

Amores sem resposta são enfermos
Estando sempre aquém do que propor
Olhares tão distantes mundos ermos
Roubando a nossa força quer vigor

Cair das ribanceiras da esperança
Fazer do precipício uma pousada.
A boca que procura ser ousada

Mistura que confunde e já me cansa
Fundindo nossos corpos, trégua à vista
Aos teus quadris não vejo quem resista...
Marcos Loures



92

Herança que deixaste, simples tédio,
Marcando cada noite num compasso
Monótono que invade passo a passo,
Tocando o pensamento, em duro assédio..

A solidão tomando todo o prédio
Não deixa à fantasia algum espaço,
Somente da tristeza, amargo abraço.
Que faço se não vejo mais remédio?

O sonho se esgarçou faz tanto tempo,
Pensar na morte como um passatempo
Talvez permita ainda uma alegria.

A porta que mantenho sempre aberta
Na espera que teimosa não deserta
O coração de um tolo, uma heresia?
Marcos Loures


93

Hemorrágico amor... Maltrata e me redime...
És altiva esperança, ao mesmo tempo matas.
Me dás a sensação fantástica do crime.
Alucinadamente expõe as densas matas

Da paixão. Me tortura, acalma, cama, vime...
Nas lutas que passei, nas danças, nas regatas,
Momentos que vivi, a dor já não se exprime;
Feliz hemorragia, em mares e cascatas!

Num formidável grito expõe-se, assim, desnudo.
As entranhas à mostra, a beleza da loucura...
É violência no orgasmo, amor forte! Contudo,

Tantas vezes cruel, tantas vezes fatal...
É raio que clareia em plena noite escura.
É lágrima, pierrô, num triste carnaval...
Marcos Loures


94

Hemorragia eu vejo nos jornais,
E espremo o coração, não sai mais nada;
Manchetes sanguinárias, garrafais,
Garrafa na cabeça destroçada.

Os homens se tornaram canibais,
Carcaças são jogadas pela estrada,
Prazeres maltrapilhos dos casais
Que vagam nos motéis da madrugada.

Que tal, amor quem sabe hidromassagem?
O moço marombando a paisagem,
A moça ao cultuar musculatura

Fazendo na xaninha, tatuagem
Miséria pouca, amigo, uma bobagem
Depois nem analista traz a cura....
Marcos Loures


95

Helmintos que carrego na barriga
São velhos comensais, eu já nem ligo.
Chamando de comadre uma lombriga
Não vejo, na verdade algum perigo.

Ao menos nunca fez fofoca, intriga,
Só quer, disso eu bem sei, comida e abrigo.
Que seja sempre assim, que isso prossiga
Guardada com carinho sob o umbigo.

Para que eu tomarei Mebendazol?
Eu vejo na lombriga um bem de escol
E quero cultivá-la a vida inteira.

Depois de ter somente a solidão,
Encontro finalmente, e com razão
Uma perfeita amiga e companheira...
Marcos Loures


96

Helênicos prazeres e desejos
Volátil sensação de eternidade.
Criado pelos deuses em lampejos
Amor sempre comanda as divindades.

Nas traições de Zeus; guerrilhas tantas
Cupido, de Afrodite, seu rebento,
Em artimanhas loucas, porém santas
Em simples seta mostra-se violento

Supera com poder de sutileza
Aos mais ferozes deuses, que se rendem
À força do desejo e com certeza
Com mãos atadas, logo já se prendem.

Assim é na verdade, uma paixão,
Trazendo às duras feras, rendição...
Marcos Loures


97

Hei de encontrar teu cofre delicado
Onde guardas segredos e vontades,
Por mais que tantas vezes bem amado,
Eu preciso saber tuas verdades...

Por este grande amor nem sei quem sou,
Apenas o que resta do que fui.
Sem nexo, sem juízo sempre vou
Descendo a corredeira, mansa flui....

Hei de encontrar o cofre mais sagrado
De tua alma transtornada pelo amor.
Hei de viver um sonho delicado
Envolto nos desígnos sem pudor.

Hei de encontrar o cofre que preciso,
A chave de um eterno paraíso...


98

Hedônicos caminhos do prazer
Vislumbro no teu colo, nos teus seios,
Descendo estes riachos sem receios
Sinto este gêiser raro a me ferver.

Aprendo a cada dia o que é querer
Vencendo em plenitude meus anseios,
Descubro sutilmente novos meios
De sendo tão sedento te beber.

Chegaste como uma onda gigantesca
Tomando toda a praia num segundo,
Numa explosão divina e até dantesca

Assim como um tsunami redentor,
De um jeito tão fantástico e profundo
Mostrou o que é, em verdade, um grande amor...


99

Hedônico namoro, delicado,
Em fogo e em ardentias definido,
Querendo sempre ser teu namorado,
Futuro prazeroso e decidido.

Depois de tantas dores, no passado,
Amor que seduzindo, não duvido,
Estando o tempo todo do teu lado,
Jamais o nosso amor terá olvido.

Eu sou o que tu queres, teu amigo
Amado amante, fogo e vendaval,
Teu beijo tão gostoso e sensual

Teu colo me servindo como abrigo,
Querida, nosso amor não é atônico,
Na verdade, eu te digo: ele é atômico!
Marcos Loures


7400

Hedônica vontade de te ter
Desnuda em minha cama, uma alvorada,
Bebendo gota a gota este prazer
Eu sinto esta beleza anunciada

No gozo tão divino passo a crer,
Na lua mais sublime derramada
Prateia tua pele bronzeada
Cenário em perfeição eu passo a ver.

Assim ao libertar tantos desejos
Não tendo mais pudores, nego pejos
E embrenho paraísos que me dás.

No amor que nos guiando, já transforma,
O rosto desta deusa toma a forma
Dum anjo que profano, trama a paz...
Marcos Loures

 
Autor
MARCOSLOURES
 
Texto
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