Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 131

 
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1


Pudesse te entregar cada momento
Que ainda resta ao peito sonhador,
Vivendo a cada instante tanto amor
Entrego-me ao poder do sentimento.

Distante dos teus braços me atormento,
Sem rumo e sem destino; num sol-pôr
Minha alma anoitecida perde a cor
E morre angustiada em vão tormento.

Por isso é que te peço: fique aqui
Se tudo o que preciso vejo em ti
Não posso mais seguir sem a certeza

De ter tua presença, ser teu par;
Sabendo quanto é bom poder de te amar,
Entrego-me aos teus braços, sem defesa...
B

2


Pudesse te encontrar após a chuva
Que cai a tantos anos dos meus olhos.
No leito solitário de viúva
As flores matariam seus abrolhos...

Ausente de teus braços. O que sou?
Apenas um fantasma e nada mais.
Se o barco da esperança naufragou,
Aonde encontrarei meu porto e cais?

Retratos do que fomos; na parede,
São sombras que jamais esquecerei.
De tudo o que vivemos tenho sede
No imenso desvario eu mergulhei...

Porém a chuva cai e nunca cessa,
Estio não passou de uma promessa...


3



Pudesse te beijar, mil devaneios,
Sentindo o teu perfume junto a mim,
Na noite sem dar tréguas, sem receios,
Ao desaguar vontades vou assim,

Tocando com meus lábios belos seios,
Desta menina amada, ter enfim
O mundo em que pretendo sem rodeios
Ter toda esta alegria até o fim.

Sentir o teu respiro do meu lado,
Depois do amor deveras tão bem feito
Traçado passo a passo e deste jeito

Poder dizer que estou apaixonado
Qual fora adolescente em meu outono,
Calando junto a ti, meu abandono...



4


Pudesse te amparar na caminhada
Que é dura, com certeza, mas nos traz
Momentos de alegria. Porém nada
Daquilo que sonhamos mostra a paz.

Buscando um raro brilho na alvorada,
Perseverante segues, e tenaz
Ou mesmo inconseqüente, sempre audaz
Terás tua vitória assegurada.

E eu, velho andarilho em meio às trevas,
Das minhas dores tantas, faço as cevas
Que um dia florirão rosas mesquinhas.

Em meio a tal florada, o meu canteiro,
Será meu companheiro derradeiro
Tomado pelas ervas más, daninhas...
Marcos Loures


5


Pudesse talvez ser quem mais querias,
A vida não seria desse jeito,
Tentando cultivar dentro do peito
Apenas as maiores alegrias...

As noites sucedendo os mesmos dias
O amor que imaginara mais perfeito
Não sendo, com certeza o meu direito
Recebo as madrugadas bem mais frias...

Aonde encontraria o amor sereno?
Recebo em tua boca fel, veneno
E teimo em partilhar uma esperança

Que; tola, inda ronda a minha cama,
E enquanto a minha boca ainda te chama
Ao vazio meu verso em vão se lança...


6


Pudesse talvez crer na solução
De todos os problemas que enfrentei.
Aonde uma esperança quis ser lei
Apenas encontrei a solidão

Qual bólido que enfrenta o céu imenso,
E explode num momento e se incendeia
Mudando muitas vezes o que penso,
A lua na minguante, nunca cheia.

Recheio os meus delírios com mentiras,
Aguardo o fim do jogo, nada além,
As velhas ilusões, agora em tiras,
Procuro novamente, por ninguém...

Bebendo todo o fel que me legaste
O cálice dos sonhos, tu quebraste...


7



Pudesse ser apenas um momento,
A vida não teria solução
Sem ter abençoado e raro ungüento
Nascido nas entranhas da paixão.

Viver esta saudade. Triste alento,
Pra quem sabe do abismo e da amplidão,
Sentindo a força intensa deste vento,
Que aos poucos vai tombando a embarcação

Percebo o cais distante e desejado,
Angústia de quem teima e não mais vê
Caminho pelo qual ainda crê

Num mundo diferente de seu Fado.
Amar sem perceber quão solitário
O coração vazio e temerário...


8


Pudesse novamente caminhar
Sem ter estas algemas e correntes,
Guardando, da esperança as vãs sementes,
Qual onda que se dista assim do mar,

O tempo não se cansa de passar,
Sabendo desde sempre que tu mentes,
Carrego a velha faca entre meus dentes
E sinto que jamais irás voltar...

Quem dera se isto fosse uma mentira,
A mão que tanto deu, vem e retira
O pouco que restou do quase tanto.

Não sei se inda consigo prosseguir,
Minha ilusão morrendo qual faquir,
Cevando tão somente o desencanto...


9





Pudesse eu te dizer quanto eu te quero!
Talvez fosse um posseiro que grilando tudo,
Destino num segundo, outrora fero,
Agora mavioso, eu quero e mudo.

O sonho pelo qual me regenero,
Sem ter sequer talvez, como ou contudo,
Nos braços da morena eu me tempero
Eterno carnaval, divino entrudo.

Seriamos além de um simples par,
Tu bela colombina, eu arlequim,
Na avenida dos sonhos, desfilar,

Brilhando como estrela em passarela,
Dizendo da alegria, flor, jardim,
Amor que cada estrela doma e sela.
Marcos Loures


10


Pudesse eu declarar quanto eu te quero
Em versos que tocassem coração.
Além do que proponho ou mesmo espero
A vida não teria um só senão.

O amor como um sublime e nobre Clero
Merece muito além de adoração.
Sentindo o teu perfume, sonhos gero,
Farturas de alegria em sedução.

Desperta-se o desejo de te ter
Bem junto de meus olhos sonhadores,
Vivendo a plenitude do querer

Recolho dos jardins sublimes flores
E faço como um mote o teu prazer
Entoando em teu corpo os meus louvores....
Marcos Loures


11


Pudesse disfarçar calos e cascas
Abençoando os ermos que percorro.
Não vendo qualquer forma de socorro
Pedaços do que fomos simples lascas,

E quando a fantasia tu descascas
Veredas encantadas eu percorro,
Não posso garantir se ainda morro
Minha alma libertária; ris e mascas.

A farpa penetrando nos meus olhos,
Adoça esta impossível solução
Quisera maciez, ganhei abrolhos,

Espinhos costumeiros, nada além,
E quando sinto próxima a razão.
Alegoria estúpida já vem...


12



Pudesse descansar meu coração...
Quem sabe ancoradouro nos teus braços
Conhece da esperança, a mansidão,
E estreita com a sorte firmes laços...

Não pude resistir à tentação
E deito calmamente nos regaços
Dos sonhos que professo em profusão
Prazeres que terei jamais escassos...

Pra que dormir se o sonho é tão real?
Insônia que bendigo a cada prece,
O amor quando perfeito se oferece

Permite a maravilha sem igual
Do doce ritual, felicidade,
E espalha pela terra, divindade.


13


Pútridas as manhãs
Às vésperas da morte
Sem vida ou amanhãs
Dispenso toda a sorte.

Vidas. Prá que; se vãs;
Vasculho cada corte.
Dores em noites cãs
Raios de duro porte.

Esqueço estas palavras
Forjo minha cantiga
Morte que traz em lavras

A companheira antiga.
Quem dirá que são parvas
As urzes da caatinga...


14


Putrefação em vida o que talvez espere
Aquele que negando a carne agonizante
A mata destruída, um fato que tempere
A mesa em ironia abate neste instante

Os ideais do amor que em dor se degenere
Matando sem defesa, o pobre viandante
Que passe pela cerca. O desamor que fere
Também destruirá a luz tão deslumbrante

Da criação divina em rápida estocada.
Também foram dizer que a terra nos pertence...
Às vezes imagino o que será sem nada.

Ao débil que acredita e disso se convence
Que Deus nos deu poder de magnitude tal.
Poder dizer: - Boçal, tu és um animal!
Marcos Loures


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Puteiros de minha alma, cadafalsos,
As minhas mãos se cortam, pois impuras,
Os dias que vivemos, ledos, falsos,
Mentindo sobre lendas e ternuras,

Os pés que se espinharam vão descalços
Os olhos se emprenhando na amargura
A mão que acaricia, já me fura
Aumentando em meu rumo tais percalços.

Nas pedras, nos espinhos, meu altar.
Meu gozo é feito em lama incandescente.
O beijo da serpente, amor e par,

Transborda em luxúrias e veneno.
Amor em guizos prossegue impunemente
Da fria guilhotina, um duro aceno...


16



Purificando em glória a poesia,
Lapidas com fantástico talento
Tornando a fantasia um elemento
Aonde se destila em sintonia

Teu verso em emoção me propicia
A beleza sem par deste momento,
Usando da palavra ora fomento
Um belo amanhecer, um raro dia.

E sei quanto é possível ser feliz,
Bebendo deste encanto que me diz
O mote em perfeição que assim me dás.

Eu vejo nos teus olhos o farol
Que possa transmitir aos meus o sol
Sublime de uma vida feita em paz.


17





Punhais que trazes, louca, ensandecida
Essências demoníacas, zumbis.
Macabra sensação ser infeliz
Na carne há tanto tempo apodrecida

O cerne da questão mal resolvida
Os vermes nos teus olhos, podres, gris
Vazios que deixaste, velha atriz
Matando o que restou de cada vida.

Fétida garatuja que se expõe
Enquanto em desamor se decompõe,
Esgarça-se num último lamento.

Esquizofrênico delírio audaz
No riso amortalhado, mais voraz
Satânica expressão, venal tormento...
Marcos Loures


18



Pudesse traduzir o sentimento
Que tantas mágoas traz ao coração;
Palavras são levadas pelo vento,
E perco no silêncio, a direção.

Usando da esperança/embarcação
Por mais que tudo corra assim tão lento,
Condeno-me à completa solidão
E vivo em plenitude este momento.

Não tendo os argumentos que queria,
A noite é rancorosa, insossa e fria,
E a velha melodia se repete.

O amor foi mensageiro que perdeu
O rumo se escondendo neste breu
Que ao fim desta viagem me compete...


19


Pudesse ter, quem sabe esta presença
Que tantas vezes quis, mas fugidia...
Um céu menos sombrio estamparia
O amor que alma procura e tanto pensa.

Deixando bem distante a desavença
Sustando num segundo esta sangria
Vivendo finalmente uma alegria,
Mudando com certeza a antiga crença

De um sonhador imerso em solidão,
O amor sendo meu vinho, prece e pão,
Fomento de um futuro mais feliz.

Carícias e carinhos – luzes tantas,
Ouvindo este prelúdio que ora cantas
Viver uma emoção que eu sempre quis...
Marcos Loures


20


Pudesse ter as asas do albatroz
Vencendo tantas milhas, céu e mar,
Até chegar num instante à bela foz
Aonde eu poderia te encontrar

Descendo as corredeiras, mais veloz,
Nas margens com amor fertilizar,
Sem nem querer saber se existe após
Algum remanso aonde descansar.

Tivesse da andorinha o raro instinto,
Levado em migração aos teus encantos.
Sabendo decifrar tal labirinto

Aonde poderei ser teu Teseu,
As marcas que deixaste pelos cantos
Tramando o amor que, em glória se verteu...
Marcos Loures



21


Pudesse ter amigos aos milhões,
Ser mais do que um momento, ser a vida.
Lapido esta esperança com canções
Na glória e na alegria repartida.

Apenas fantasia? Aos borbotões
Estrela brilha pouco se perdida,
Porém quando se dá, constelações
Demonstra a força inata ali contida

Amiga, tal poder de claridade
Se vê quando na força da amizade
Podemos nos unir, seremos fortes.

Fazendo da esperança nossa guia,
Um astro que tal luz sempre irradia,
Conduz ao bem supremo vários nortes...


22



Pudesse te levar com minhas mãos
Aos mais sublimes prados da esperança,
Mares paradisíacos, irmãos
Fazendo na alegria esta aliança.

Cevando com carinho fartos grãos
Enquanto a vida passa, e o tempo avança,
Não serem mais os dias, tolos, vãos,
E a dor, somente um fardo sem lembrança.

No céu azulejado o brilho imenso,
Apascentando este ar, outrora denso,
Alçando a plenitude em mansa aragem

Moldando no semblante a placidez,
Arando com ternura esta aridez
Que um dia dominou tal paisagem...


23


Prazer feito moleque chega ao cume
Olhando para baixo sem vertigens,
Os corpos inda estão decerto virgens,
Lambanças desaguando no ciúme.

Não tendo mais limite que me aprume
No peito novas marcas de fuligens
Deságuo em solidão, diversos gens
Conforme antigo rito de costume.

Depois de ter brincando com estrelas
As peles tão cheirosas que revelas
De noite em algum canto da ilusão.

Somando os corpos nus, em pensamento,
Até que o dia chegue e num momento
Transforme todo o sim em negação.


24



Pranteia o coração de um vate triste
Sonhando com a dona dos seus versos,
Momentos seguem falhos e dispersos,
Não sei se a poesia ainda existe...

Mas sei que esta emoção firme, resiste,
Vagando por milhares de universos,
E mesmo enquanto os dias são perversos,
O encanto de saber-te a tudo assiste.

Arranco das gavetas meus escritos,
E teimo em procurar sinais benditos
Que possam me trazer tua presença.

Pois saibas quanto eu quero este luar
Que possa novamente me mostrar
Ternura tão sublime quanto intensa...


13025

Pranteando esse amor que já se acaba,
Deixando essa existência sem sentido...
Lágrima, testemunha que desaba,
Reflete quem se fora, desvalido!

Qual índio que perdeu a sua taba,
Qual vida que morreu num triste olvido,
Que vale este chapéu que não tem aba?
Que vale quem jamais houvera sido?

Pranteando esse amor, a mocidade
Esvaindo se deixa naufragar...
Procuro tão somente teu olhar...

A morte me castiga, na saudade...
Quem fora mansidão despreza o fruto,
Quem fora uma alvorada, veste luto...
Marcos Loures


26




Pra viver do outro lado desta vida
É preciso com certeza descobrir,
Por mais que a dor mereça ser sentida
O sofrimento engana o que há de vir.

Não vejo labirinto sem saída
Apenas o temor pode impedir,
Mas ela chega às vezes distraída
Não resta sequer tempo pra sorrir.

Por isso a vida deve ser vivida
Com toda honestidade e com paixão.
Aquela que se esconde, está perdida

Merece na verdade, a compaixão,
Mesmo que seja frase repetida
A vida só é plena com tesão!


27

Pra ti eu dediquei a vida inteira,
Meus versos, as canções que tanto gosto.
Ao ver dentro do peito a companheira
Imagem refletida de teu rosto.

A vida do teu lado, mensageira
Do amor que a cada dia vai exposto,
Nos olhos de quem amo, esta bandeira
Fazendo da alegria o seu encosto.

Eu falo desta imensa calmaria
Que toma os meus sentidos vida afora,
Ouça a declaração de quem te adora

E sabe deste amor, quanta magia
Espalhas nos momentos que vivi,
Por isso é que hoje canto para ti...
Marcos Loures


28


Pra tendinite um anti-inflamatório
Compressas sei que ajudam, minha amiga.
Melhor te examinar no consultório
Assim um bom remédio não periga.

Tu sabes quanto eu quero ver-te bem
Sem ter as dores todas que hoje trazes.
Na queda se machucas, bom também
Um belo curativo pede gazes.

Espero que não seja necessário
Fazer depois de tudo, cirurgia.
Te aguardo sem marcar sequer horário,
Quem sabe talvez fisioterapia.

Mas falo sem segredo, todo dia
Pra mal do coração; só poesia...


29




Pra sempre não habito nem concebo,
Apenas quero o beijo mais audaz,
Somente o teu desejo satisfaz
Na fonte da ilusão que anseio e bebo.

O amor não pode ser só um placebo,
De tudo com certeza ele é capaz,
Transformando este velho num rapaz
Carcaça carcomida vira um Phebo.

Nas glebas mais longínquas da emoção
As podas permitiram novos frutos,
E os passos quando outrora foram brutos,

Mudaram novamente de estação.
Querências milagrosas inebriam,
Enquanto os sonhos cercam e viciam...


30


Pra quem não sabe amar; com piedade
Eu vejo a covardia dominando
A cena que retrata deformando
Um quadro distorcido, sem verdade.

Abortos que encontrei sem liberdade,
Não sabem nem porque, tampouco quando,
O mundo sem ter base desabando,
Caretas vêm fugir felicidade.

Dedilho esta cantiga, um velho blues,
Pesando em minhas costas feito cruz
Ao ver este vazio pelas ruas.

Estrelas esquecidas, matam céus,
Sem frios, sem remédio ou fogaréus,
Jamais se mostrarão inteiras, nuas...
Marcos Loures


31


Pra que o amor seja perfeito
É preciso uma viola
Que de noite me consola
E me deixa satisfeito,

Coração dentro do peito,
Passarinho tão gabola
Se a morena me dá bola,
Minha vida toma jeito.

Vou vivendo esta alegria
Que não canso de cantar
Fazendo da poesia

O meu céu, mar e luar,
Companheiro passarinho,
Volte logo pro seu ninho...


32

Pra não perder a vida desta amada
Que vai agonizando pelas ruas.
Ao vê-la gorkiana, abandonada
Relembra destas carnes, belas nuas.

O coração burguês muda a calçada,
Porém sangue operário ao ver bem cruas
Verdade que se expõe, tão demarcada,
Impede, meu amigo, que já fluas

E traz na mão a força soberana
Que emerge com total disposição.
E o peito se levanta e assim se ufana

De enfim ter aprendido esta lição,
Mais forte que a nobreza, a vida humana
Mais nobre que a riqueza, uma paixão...

33


Pra dor de cotovelo não receito
Senão um beijo audaz ou mil carícias
Quem toma este remédio deste jeito
Descobre no final tantas delícias.

Ainda me recordo de um sujeito
Que me trouxe depois boas notícias.
Garanto, que este cabra é insuspeito
Nem usa de mentiras nem malícias.

Enquanto a cachorrada vai latindo,
A caravana passa mansamente.
A lua no meu céu já vem surgindo

Deixando para trás tarde cinzenta.
Por isso, minha amiga, rindo agüente
A língua dessa gente. Não esquenta...
Marcos Loures


34


Pruridos em minha alma, teus sorrisos,
Provocam; contumazes mentirosos.
Os dentes que me mostras mansos, lisos,
No fundo são ferozes, perigosos...

Mordendo, não costumam dar avisos.
Mordiscam sorrateiros, majestosos.
Pois não adiantou teres os sisos,
Pois sempre mostrarão mais venenosos...

Sorrisos com tais dentes não desejo.
Muito menos da boca peço o beijo..
Tuas farsas me deram tanto nojo.

Restando só aplausos para o arrojo
Com que, mordendo tentas me beijar.
Sufocas me roubando, então, meu ar...


35


Pru mais que em minha vida imaginei
Um dia em que pudesse ser filiz
O coração matrero nunca diz
De tudo que sozim eu pércurei.

Catano nus caminho, eu já nem sei
Se um dia inda terei o que mais quis
Curano essa firida, a cicatriz
Fazeno da esperança a minha lei.

Sá dona, na verdade eu discunheço
Adonde pode havê quarquer tropeço
Do peito apaxonado dum sujeito

Que véve sem parage por aí,
Mas juro que o amô eu discubri
E agoro vô viveno sastisfeito!
Marcos Loures


36


Provoca a mais total disparidade
O lusco fusco intenso desse jogo
Queimando pouco a pouco a liberdade,
Não ouve da verdade qualquer rogo.

No quanto que eu desejo a noite invade,
Tramando o desencanto em que revogo
O sonho de saber felicidade
Na trama dos delírios eu me jogo.

As teias se entrelaçam, devagar,
Não posso e nem consigo divagar
Sobre os momentos úteis desta sanha.

Palavras vão girando em minha mente,
O quanto que inda quero se desmente
Deixando uma verdade tão tacanha...
Marcos Loures


37


Proverbiais as formas que me mentes,
As forças naturais já não conheces,
As hordas que perseguem-te, dementes,
Não consegues conter, nem tuas preces...

Forças divinas, lépidas urgentes,
São companheiras frágeis que não teces,
Nas lutas que combates, finges crentes,
Num segundo qualquer já nem padeces...

Minha senhora, fazes tuas lendas,
Desérticas areias, velhas tendas.
As pútridas feridas que me deixas,

Nas camas são mentiras enganosas,
Perfumes que garantes, ser de rosas,
No fundo falsificas até queixas...
Marcos Loures



38


Provar deste banquete em mil talheres
Festança que não cansa enquanto esgota
Do jeito e da maneira que vieres
Decerto mudará caminho e rota.

Na frota destes barcos, quero o cais
Extremas soluções, desejos tantos,
No corpo finas taças de cristais
Na cama se derramam mil encantos.

Feridas que apagamos noite afora,
Findando com a dor, glória suprema
Quem tem a luz divina se decora
Na graça feita amor, rara e suprema.

Beijando tua boca, mote e vela,
Uma esperança adentra na janela.
Marcos Loures



39

Provar desta maçã, fruto proibido,
Roçando a tua pele com tesão
Delírio derramando na libido
Causando em nosso amor, ebulição.

Do gozo consumado, consumido,
Orgasmo transformado em furacão,
Num beijo mais voraz, mais atrevido
Enchente num momento de explosão.

Bebendo cada gota de saliva,
Tocando com furor o teu rocio.
Umedecida senda latejante.

Teu corpo uma delícia que me criva
Dos ópios e desejos, louco cio,
Num jogo tão audaz e fascinante...
Marcos Loures

39
Pudesse eu ter comigo a rara estrela
Em cujos raios traço o meu destino,
Inóspita paisagem se revela,
Andrajos de minha alma...e me alucino...

Enquanto em desafio, o sonho sela
Legando ao coração, tal desatino
Romper dos dissabores grade e cela
Herética ilusão em desafino...

Do abismo, os paradoxos me amortalham
Mergulhos num vazio criam asas.
Os olhos devorados pelas brasas

Opalescentes tramas já retalham
As frágeis esperanças que, cadentes,
Espalham trevas densas, envolventes...
Marcos Loures


40

Pra que complexidade eu te pergunto,
O verso vai fluindo normalmente,
Não quero mergulhar mais neste assunto
Escrevo o que passar em minha mente.

Se gostas ou não gostas, não me ajunto
Ao que já diz de nós toda essa gente.
A crítica se mostra qual defunto
Que teima em me mostrar seu podre dente.

Mordendo minha língua vez em quando
Quem fala por demais, só diz besteira,
O amor em tantas fases vai mudando

A sorte vai me dando uma rasteira,
Porém ao me sentir já desabando
Eu tenho na alegria uma liteira...
Marcos Loures



41



Purgando as imundícies de minha alma,
Aceito, meu pastor o sacramento,
De tudo não restou sequer um trauma,
Agora vou liberto em pensamento.

Vomito em pecadores, só me acalma
Certeza de não ter mais sofrimento
Aquele que, servil, estende a palma
E sabe que o castigo é seu alento.

Eu dançarei em festas de louvores
Os hinos cantarei, vou por inteiro,
Deixando para trás outros pastores

Somente servirei ao meu pastor,
Amaldiçôo o podre e vão dinheiro
Pois encontrei enfim, o vero amor...
Marcos Loures


42


Prazer em cada canto desfrutar,
Fazendo do quintal, meu louco vício,
Comendo todo o fruto do pomar,
Não deixo depois disso nem indício.

O mel de cada fruta vem mostrar
O bom de se lavrar, sagrado ofício.
No solo promissor eu quero arar
Sabendo quanto é bom desde o início.

A moça que remoça um moço velho,
Um poço de esperanças traz a glória,
Sorriso sempre franco de vitória

Estampa o coração em pleno espelho.
Assim, somando prós no dia-a-dia,
Eu faço mais suave, a cantoria.
Marcos Loures

43




Qual lastro que permite ao navegante
Seguir em mar cruel, tempestuoso,
Buscando este farol tão fabuloso
De brilho mavioso e fascinante

O afeto que recebo do meu Pai
Em meio às turbulências naturais
Momentos que concebo magistrais
Mesmo quando o que quero em vão se esvai

Se eu tenho esta certeza, a fortaleza
Enfrenta a mais terrível correnteza
Trazendo no final, a mansidão.

Senhor, a minha força está em Ti,
Tudo o que necessito tenho aqui,
Motivos para crer na Salvação!


44


Qual tolo acreditei no amor perfeito,
Preceito que hoje afasto lentamente.
A nuvem se entornando no poente
Prenuncio de vazio no meu leito.

Eu sei que tanto errei, isso eu aceito,
Pensara ser feliz e, francamente,
O quanto tudo muda de repente
Jamais me sentiria satisfeito.

O fato é que deveras quis demais.
Estrelas derramando dos bornais
Deixando um rastro claro em meu caminho.

Mas, cego, não sabia da existência
Da rara maravilha em florescência,
E agora vou seguindo assim, sozinho...


45


Qual um sonho de pedra, minha vida,
Passada sem ter brilhos nem esperas.
Deitando sob as luas já perdidas,
Tragando nos meus ares, as quimeras.

Os rotos sentimentos dispersados,
Parecia desfeito em versos ocos.
Os cantos escondidos, mal guardados,
Caindo pouco a pouco, meus rebocos.

No coração de névoas enlutado,
Resquícios esquecidos de paixão.
Atado a tantas dores do passado,
Vivendo sem sentir uma emoção...

Mas vejo, no final, um frágil lume,
Trazendo em manso amor, tanto perfume...


46


Qual um pássaro voa no céu,
A minha alma também quer voar.
Ao sentir os teus lábios de mel,
Sensação tão gostosa de amar.

Liberdade traduz esperança
Esperança de ser mais feliz.
Se voando, minha alma te alcança,
Rebrilhando, tão belo matiz.

Tenho o gozo feroz do desejo
Satisfeito demais, em te ter.
Sei que quero viver cada beijo,
Libertário tal qual deve ser.

Nestas asas, minha alma, paixão.
Se sustenta na pura ilusão....


47



Qual último alimento de minha alma,
A morte se mostrando pertinente,
Atravessando um peito penitente,
Punhal que me trespassa já me acalma.

Farnel que assim carrego; pleno em trauma,
Enquanto a fantasia me alimente
O fim da longa estada se pressente
Na curva traduzida; a mão, a palma...

Vou célere buscando algum sustento,
Expondo o coração ao forte vento
Que enfim terminará tão longo idílio...

Vivera neste fútil, louca busca,
E agora a noite escura que me ofusca
Promete o derradeiro e sacro exílio...


48

Qual Teseu, me encontrei no labirinto,
Nossas noites ficaram mais escuras...
Procuro teu calor, simples instinto,
Não quero percorrer tuas loucuras...

Nosso vinho tal sangue, corre tinto,
Mordemos a maçã, tantas canduras,
Ariadne, teu Teseu anda faminto...
Espera sem demora, t’as ternuras...

Amor que vai brilhando, incandescente...
Não posso penetrar teus sentimentos...
Não peço que sejas condescendente,

Apenas não transtorne meu radar...
Meus passos vão seguros, porém lentos,
És a brilhante estrela, meu quasar...
Marcos Loures



49

Qual sino que dobrasse dentro em mim
Saudades vão minando a resistência
Relembro nos teus olhos inclemência
E o vago que deixaste em meu jardim.

Não posso mais fugir da penitência
Herdada pelo quanto quis assim.
A noite de minha alma chega ao fim.
O resto? Obnubilando a paciência...

Às vezes mitigando o sofrimento
Recordo de teus olhos, tua pele
Sorrio, nem que seja um só momento.

Mas logo a consciência me repele
E volto qual um náufrago sedento
Oásis da saudade assim compele...


13050

Qual simples andorinha vou a esmo,
Em busca do descanso tão sonhado.
Desejo que bem sei, é sempre o mesmo,
Viver tão calmamente do teu lado.

Mas voas, borboleta, sem destino...
Revoas por caminhos tão distintos.
Te quero, meu amor, desde menino
Entranho sem pudor, os meus instintos...

E sinto as ilusões mais passageiras
Retratos do passado, primaveras...
Paixões que sempre foram verdadeiras
Dominam pensamentos, me temperas...

E corro te buscando pelo espaço,
Vagando, um novo rumo, louco, traço...



51



Qual silfo vagueando no vergel,
Busco encontrar silêncios, paz, brandura...
Olhando para os zéfiros, no céu,
Sorvendo desses anjos, a candura.

A vida me permite ferrão, mel;
As dores que eu herdei, tanta fartura.
Se sou tanatofóbico, teu véu,
Reascende pavor, por tal alvura...

Mas teimo em resistir, esse flagelo,
Teu corpo piamente, quando velo;
Na verdade é destino que apavora...

Nas melodias, féretros sinais,
As fantasias nunca, nada mais
Do que sentir chegar a final hora...
Marcos Loures



52

Qual sílfide, delícia encantadora...
Trazes a languidez das brancas rendas.
Na boca carmesim tão tentadora,
Ardor pecaminoso invade as tendas

A noite em que chegaste, redentora,
Caminhos, espirais, dolentes lendas.
Sonora melodia sedutora
Lascivas, sensuais divinas sendas...

Sonatas e perfumes, canção, rosa....
Veludos, maciez; camurça e gozo.
A mão que te procura, carinhosa.

Palácios dos prazeres, catedrais.
Desejo de viver, voluptuoso,
Tua beleza rara, meus cristais...


53

Qual sapo jururu sem ter carinho,
Do brejo que me deste como herança
Eu sonho com teu colo, e já me aninho
Nos braços magros, torpes da esperança.

Herpético, o meu lábio, de mansinho
Querendo um beijo teu, mas com pujança
Sonegas com tal asco este beijinho,
Que apenas o vazio vem, me alcança.

Do amor que prometeste, esta sucata
Que agora me restou tanto maltrata;
Eu sei que sou apenas tabaréu.

Quem dera general, ao menos cabo,
Nas redes das intrigas eu me acabo
Tão reles, na verdade, o meu papel...
Marcos Loures


54


Qual rocio que molha um duro chão
A luta que se faz no dia a dia,
Vencendo já nos traz fecundação
Do sonho que se fez em poesia.

Plantamos com soberba devoção
Em versos todos plenos de alegria,
Colheita prometida em cada grão,
Sementes que vieram da harmonia...

Molhadas com as lágrimas doridas
Em carnes torturadas no passado,
Sonhando transformar as nossas vidas,

Nos olhos confiantes, lavrador
Que usou sua esperança como arado
Colhendo na aridez o puro amor....



55

Qual rio que correndo para o mar
Encontra nas cascatas seus obstáculos,
Assim também ocorre quando amar
Se prende sem querer pelos tentáculos

Dos ciúmes, dos medos... Quero estar
Na boca dos mais lúcidos oráculos
Que possam meu futuro adivinhar
Fazendo dos meus dias espetáculos.

Vem comigo querida; não se esqueça
Do bom que nesta vida hei de viver
Não deixe que esta angústia me enlouqueça;

Não quero mais amor de outra pessoa,
Eu quero só teu mundo no meu ser.
Não deixe mais que vire essa canoa...


56



Qual rio que caminha para o mar
E sabe das cascatas, cachoeiras,
Depois se entrega aos raios do luar,
Nas pratas que alumbraram corredeiras,

Eu sei o quanto é bom poder te amar,
Em emoções sutis e verdadeiras,
Desfraldas deste amor, suas bandeiras
E mostras a delícia de encontrar

O que buscamos tanto pela vida,
Trazendo até no fim uma certeza
Marcando cada passo, com beleza.

Quem fora prisioneiro da tristeza
Agora percebendo uma saída,
Na mão tão carinhosa e decidida...
Marcos Loures



57






Qual pútrido canino que rasteja
Atrás de sua dona, rua abaixo.
Às vezes meu amor, eu também acho
Que é desta forma imunda que deseja

Lambendo a bota suja, mas sobeja
Eu vago sem destino, então me agacho
Em busca do que resta, mesmo um facho
Da lua aonde finges sertaneja.

Um verme talvez fosse mais presente,
Ao menos poderia ser malvisto.
Não sabes na verdade, nem se existo,

Apenas me quiseste na corrente,
Porém mesmo este cão quer na verdade,
Um resto de comida: a liberdade...



58

Qual pluma vai bailando com o vento
Entregue a tais carícias envolventes.
Parando, recomeça, num momento,
Na dança e nos folguedos mais frementes,

Meu coração aos poucos toma assento
E esquece de outros dias, penitentes.
Querida, não me sai do pensamento
Inveja que causamos a outras gentes.

Anseio te tocar, mas te procuro
Em todas as palavras que eu disser
Em todos os meus sonhos, em meus versos.

A luz que me inebria neste escuro,
A silhueta bela da mulher
Em magnitude plena, os universos...
Marcos Loures


59

Qual pirilampo lusco-fusco trago,
Lanterna dos meus olhos não te viu.
Num outonal desejo quis abril,
Restou do meu afeto, nenhum bago.

Riscando cada fósforo eu afago
O que pensei sem teima ser gentil,
Guardando desde sempre o seu buril
Quem pode desdizer se artista é mago?

Vidraça não resiste à simples pedra,
Quem olha e não complica nunca medra
Explicação procuro dentro em mim,

Ouvindo este mugido, vaca e estrela,
Brilhar de vaga-lume me revela,
Amor é bom demais. ‘Té no capim...
Marcos Loures


60


Qual peixe fora d’água, eu me senti
Ao ter tua presença deslumbrante,
Na intensa claridade de um instante
Cheguei bem de mansinho junto a ti.

Eu, velho repentista, conheci
Um astro com tal brilho fascinante,
Na deusa sensual e provocante
Estimulante como um açaí.

Não pude acreditar que tu sorriste,
E quem cismou na vida, amarga e triste
Depressa vislumbrou alguma chance.

Eu sei que foi somente uma tolice,
Que uma ilusão estúpida me disse
Estavas destas mãos, fora do alcance...



61


Qual pedra em mãos divinas, bem talhada,
Gigante que se forma dia a dia,
Jamais a encontrarás triste e cansada;
Servindo a quem, decerto já servia.

Em oferendas mostra tal magia
Que quem a reconhece ganha a estrada
Sem medo do que chegue, em novo dia
Pois sabe sua rota iluminada.

Na força de seus braços que, benditos,
Permitem cada passo sem temores,
Alçando com vigor os infinitos,

Na placidez sincera dos amores,
Na força da amizade encontro o rito
Que traz tanta esperança em seus pendores...


62


Qual pássaro veloz percorro o céu
Levando uma esperança aqui comigo,
As nuvens me cobrindo como um véu
No peito um coração assaz amigo.

Tremulam minhas asas, pesam tanto,
Pois sei quanto é difícil flutuar
Co’o peso deste enorme desencanto
Que forra meu desejo de lutar.

Não temo nem distância nem o vento
Que traz contrapartida a cada sonho.
O mundo que se faz no pensamento
Aquele que no vôo já proponho.

Nos olhos o futuro qual miragem
As asas tão pesadas da viagem ..




63

Qual pássaro que rompe frias grades
O verso vai liberto em céu imenso.
Meu passo se mostrara, outrora, tenso,
Olhar já não sabia claridades.

Corpo que se desnuda em ansiedades,
Diverso do que quero e mesmo penso
Num cálido luar me recompenso
Exposto à magnitude das saudades.

Heréticas manhãs; não quero mais,
Rompendo com firmeza tais umbrais
O vento passa a ser meu aliado.

A voz segue mais mansa, o peito aberto,
O rumo percorrido em vão e incerto
Permite este horizonte anunciado...


64


Qual pássaro contido na gaiola
Batendo suas asas sem proveito.
O amor não pode ser mais desse jeito,
Uma alma sonhadora já decola

Sentindo a tua mão em minha gola,
Arrolo uma esperança neste pleito
Enquanto em luzes soltas eu me deito
Na queda, o sentimento assim se esfola.

Amor que se traduz por liberdade
Galgando na maior velocidade
Imensa claridade no infinito.

Porém não quero preso nos meus pés
Grilhões que formam tétricas galés
Tornando o dia-a-dia tão aflito...
Marcos Loures


65

Qual pássaro aflito
Temendo a gaiola,
Amor tece rito
Mas nada consola,
Meu sonho bonito,
Não vai nem decola.

Querendo estar perto
De quem tanto eu quis
Meu peito deserto,
Morrendo infeliz,
Amar é decerto
Eterno aprendiz.

Morrer de saudade,
Não fosse a amizade...

66

Qual onda que tocando a mansa praia,
Bem antes da maré que virá cheia,
O amor quando em teus braços já desmaia

Depois de mergulhar em cada veia
Enquanto a fantasia aqui se espraia
O fogo do desejo me incendeia.

Minha alma tão sincera e transparente
Encontra nos teus braços a resposta
Ao quanto de emoção já se pressente
Quando se demonstrou desnuda e exposta.

Servindo ao servidor, de ti cativo,
Erguendo a velha taça de cristal
Da qual e pela qual somente eu vivo,
Um sonho plenamente magistral...


67

Qual nuvens quando em bando vão errantes
Mudando sempre as cores e os formatos,
Qual sonhos que vivemos mais mutantes
Qual água que transborda nos regatos...

Assim como a floresta dança ao vento,
Assim como esse mar nos traz a onda,
Assim como se forma um pensamento
Assim como uma lua vem redonda.

Assim como a geleira se derrete,
Assim como um verão é mais chuvoso,
Assim como o pecado se comete
Assim como este amor é glorioso.

Nas indas tantas vindas da natura,
Minha alma na tua alma se tortura...

68

Qual nuvem que caindo em força e tempestade
Meu verso vai seguindo os rastros que deixaste
Amor que se fez chuva emerge na saudade
Do tempo que se foi causando tal desgaste

Deixando tão somente esta mordacidade,
Deveras natural, é do meu canto uma haste
Matando a mocidade, o frio que me invade
Permite tão somente o nada que legaste.

Entranho cada som, esqueço do amanhã,
Vasculho por mim mesmo e nada encontro enfim.
A noite segue fria, a vida segue vã.

Montanha que desaba em dor torrencial,
Marcado pelo nada, escondo-me de mim
Na estrela recoberta, imenso temporal...


69

Qual Ninfa que, surgida de um secreto
E belo sentimento em que me guio.
Rondando ao acender vela e pavio
Deixando o coração mais manso e quieto.

Nas mãos uma oferenda em tanto afeto
Apascentando um mar deveras frio,
Semeia luz num mundo tão sombrio
Mudando de repente o duro aspecto

Invade meu jardim, floresce rosas,
Adoça minha boca em cana e mel.
As noites vão ficando vaporosas,

Os mares se acalmando sob a lua,
Olhando extasiada, ganha o céu
Ao ver a Ninfa, bela, Musa nua...



70

Qual ninfa que se banha bela e nua
Assaz deliciosa em lago manso.
Deitando seus desejos sob a lua
Teu corpo delicado eu vejo e alcanço.

Ao ver-me, extasiada continua
Banhando-se permite meu avanço,
Meu corpo ao te tocar, sempre flutua
E assim, tão transtornado enfim eu tranço

As pernas, coxas, sexo, e sugando
Do néctar mavioso que produzes,
Reparo a profusão de belas luzes

Em êxtase fulguras. Assim, quando
Sentir o teu orgástico prazer
Sabores delicados; vou sorver...



71

Qual nave que percorre mil planetas
Em versos e desejos redentores,
Casulo em que formam os cometas
Os lábios descerrando estes amores.
Convulsas, vão tocando estas trombetas
As noites sem juízo e sem pudores.

Respiro tua boca em que eu habito
No vale mais escuro, belas furnas,
Nas praias, qual um mar insano agito,
Eu, vento, vou lambendo tuas dunas.

A chuva se transforma em tempestade,
As águas vão tomando a quente areia,
Num relampejo/olhar tal claridade
Que mesmo a fria lua se incendeia.


72


Qual náufrago de um sonho em mar imenso
Que encontra em um atol; porto seguro,
No amor que te dedico sinto e penso,
Deveras dos meus erros me depuro.

Meu barco; na partida, em alvo lenço,
Deixara uma saudade, sem apuro.
Mas logo a tempestade em céu tão denso,
Ao soçobrar perdeu-se, mar escuro.

Amor; um timoneiro persistente,
Encontra ancoradouro em manso cais.
A salvação mostrando-se evidente

Permite que se estenda em firmes laços
E atraque em segurança. Os vendavais
Da vida me aportaram nos teus braços...
Marcos Loures



73


Qual mar tempestuoso, em noite mágica
Amor se revelando incontrolável.
A vida que se fora sempre trágica
Agora em novo encanto imensurável

Supera as mais diversas turbulências
Abrindo os horizontes, face cálida,
De gozos que procuram confluências
A noite não virá jamais tão pálida

O fogo que devora; um voraz vândalo
Devora este prazer, amor fantástico...
Nos gritos e gemidos, um escândalo
Numa eclosão de um sonho assim orgástico.

Luxúrias e delícias, mundo hedônico
Olhar que ao te ver nua – catatônico...


74

Qual mágica e sutil telepatia
Recebo esta mensagem que me trazes.
Meus sonhos que se formam mais tenazes
Percorrem universos, euforia.

Amiga em simples versos se sacia
Quem busca pela vida em sons e frases
Viver e merecer por certo as fases
Do amor até chegar farta alegria.

Navego nas palavras, a amizade
Que é mar de imensidão inigualável.
Vibrando em cada verso mais amável,

Decifro em meu destino a qualidade
De quem traz a mensagem lisonjeira
Mostrando ser amiga e companheira...
Marcos Loures


13075

Qual lua rodeada por estrelas
A deusa dos meus sonhos vem surgindo,
Momento deslumbrante, raro e lindo
Aonde esta magia tu revelas.

Imagens que transtornam de tão belas,
A cada nova noite decidindo
Rumo de minha vida que deslindo
Somente por poder saber e vê-las.

A fonte luminosa da esperança
Rondando a minha cama, agora traça
Além deste horizonte e da fumaça

Que todo o sofrimento me legou,
Formando com o espaço esta aliança
A diva em claridade me banhou...
Marcos Loures


76

Qual lua bipartida, a bela bunda
Da moça mais gostosa do pedaço.
Redonda formosura quando abunda,
Pros olhos vai virando em imãs/aço

Quando nela vontade se aprofunda,
Apelo de repente e me desfaço
Em dádivas, pedidos. Não redunda
Sempre em vitória, às vezes perco o laço.

Sonhando com a bunda da morena,
Não deixo de sorrir esta esperança
De um dia, nem que seja por vingança

Ao ver cada hemilua, nua e plena,
Embora bem no meio repartida,
Dar,e com toda fome, uma mordida...



77


Qual guerreiro que luta sem parar,
Nossas noites em loucos desafios.
Fazendo das batalhas, tanto amar,
Deitando em nossas camas, nossos rios.

Na enchente do prazer, se transbordando,
Dilúvios e torrentes, as cascatas...
Aos poucos neste amor vou me afogando,
Embrenho por teus bosques, tuas matas.

E sinto este pulsar do coração,
Em sôfregas torturas da ternura.
Vibrando com tamanha sensação,
Deitando nestes rios, as venturas.

Que trazem para o amor, essa emoção,
Que fazem deste amor, inundação!


78

Qual fúnebre mortalha, um agasalho,
Viagem, sortilégio derradeiro.
À campa em que descanso e me agasalho,
Forrado pelo amor mais verdadeiro.
Distante do prazer e do trabalho,
Meu corpo se entregando, vai inteiro...

Amantes delicados e vorazes,
Nos lábios decompostos um sorriso,
Cortantes os insetos, as tenazes,
Minha alma tão longínqua, me hipnotizo,
Estranhas sensações que são fugazes,
Visões que percebi do paraíso...

Do corpo que perdi, a liberdade
Do sonho de viver eternidade...


79


Qual fossemos, no amor, dois andarilhos,
Nos sonhos mais audazes, caminheiros,
Seguindo com desejos nossos trilhos,
Prazeres desfrutados – verdadeiros.

Não tendo, nesta estrada, os empecilhos
Nós somos, com certeza, garimpeiros
Enquanto disparamos os gatilhos,
Orgasmos se tornando corriqueiros.

Depois desta fartura na colheita
No quanto esta vontade nos deleita,
Decerto nós seremos mais felizes.

Cansaços e suores, os troféus
Que temos ao vagarmos pelos Céus,
Tocados pela luz em seus matizes...
Marcos Loures


80



Qual fossemos viajantes sem destino
Que embarcam nesta nau chamada Terra,
Quem dera se voltasse a ser menino,
Olhando para o monte, para a serra

Teria uma esperança mais concreta
De ter em dia manso um bom sol pôr
Exuberante vista, mas discreta
A vida assim viria ao meu dispor.

Mas vejo que ao crescer perdi meus traços
Até companheirismo eu me esqueci.
Atado por negócios, noutros laços,
A solidão do adulto, eu conheci.

Quem dera se volvêssemos crianças
Que sabem se alegrar, em risos, danças...



81


Qual fossemos meninos sem juízo
Brincando sob a lua mensageira,
Roubando toda a cor do paraíso
Na noite desse amor em vez primeira.
O beijo que roubado, sem aviso
Chamando para a festa verdadeira

Das bocas e das mãos decerto audazes,
Salivas são trocadas, raios, lua...
Promessas que te fiz, carinhos fazes,
A soma de nós dois se continua
Mostrando quanto somos mais capazes
De termos nossa sorte exposta e nua.

Sozinhos nada impede essa folia
Em gargalhadas soltas de alegria...


82

Qual fôssemos falena/intenso lume
em atração fatal, maravilhosa.
Tu sempre me inebrias com perfume
que emanas no meu quarto, rubra rosa.

Famintos, tresloucados, sem juízo,
vagamos noite inteira, pirilampos
que encontram noutro par seu paraíso,
iremos desvendar divinos campos

na busca pelo sol em linda aurora,
a noite em mil centelhas, arde em chamas,
amor que nos tomando sempre clamas
e em estrelas deslumbrantes te decora,

na areia prateada em lua cheia,
amor em espetáculo, incendeia
Marcos Loures



83


Qual fossem estações várias de um ano,
Amores se sucedem em minha vida
Vivendo tão somente sem ter plano,
A cada novo tempo, a despedida.

Incidem nos meus sonhos vários sóis
Diversos sentimentos misturados,
Na areia deste mar, mil caracóis
Em cores e formatos variados.

À boca a mão não leva quase nada,
O creme da alegria é tão escasso.
Depois do pesadelo, a gargalhada,
Caminho em que tropeço, eu me desfaço.

Mas sigo face a face com a fera,
Abrindo no meu peito esta cratera...
Marcos Loures



84

Qual fosse fina prata em sentimento,
Portando uma emoção tão delicada;
Como uma mansa brisa, calmo vento,
Vivendo calmaria anunciada

Numa dolência mansa de sonata,
Na maciez da seda e do veludo.
Aos poucos, amizade me arrebata,
Sem medo e sem temor; leve, contudo...

Em luzes tão macias e sensíveis,
Não cobra nem espera, apenas vive...
Sem exigir as coisas impossíveis
Sem perguntar dos mares onde estive.

Um sentimento assim, pleno em nobreza,
Garante em nossa vida, uma pureza!


85




Qual fosse uma falena que procura
Em meio à escuridão um claro lume.
Minha alma seduzida por ternura
Buscando a bela flor e seu perfume.

Deixando lá de fora o que encontrara
Em dias dolorosos, meu queixume.
Agora que já sabe a vida amara,
Não deixa-se iludir, tendo o costume

De vir, devagarinho, passo a passo,
E se entregar inteira, sem juízo.
Vencido todo o medo, amor eu traço

Com força e com vontade, vou preciso.
Voando sem parar rumo ao teu braço,
Eu sei que enfim terei, um paraíso...


86

Qual fosse uma falena em claro lume,
Persigo o teu olhar a cada dia,
Vencido pelo encanto da magia,
Entrego-me sem medo ao teu perfume,

Fazendo deste amor um bom costume,
Alvíssaras, encantos e alegria,
No peito que se mostra em cantoria,
Afasto para longe qualquer queixume.

E vou sem ter medidas, para além
De tudo o que sonhara como bem,
Vivendo com real felicidade,

Sabendo que virá em alvorada
O rosto tão feliz da bem amada,
Trazendo para mim, a claridade...
Marcos Loures



87

Qual fosse uma esperança que adormece
No peito solitário de quem ama.
A vida se irrompendo em uma prece
Calando o que restara desta chama.

Um coração vadio que obedece
À voz que não percebe, mas reclama.
Futuro desdenhoso que se tece
Nas hostes de quem sabe a mesma trama.

Tudo o que mais quiseres eu faria
Em veras fantasias mais profanas.
Sangrando sem desculpas cada dia,

Morando nos teus olhos, velha chaga.
Se amares for demais, tanto me enganas,
Sorriso que me mordes, logo afaga...


88



Qual fosse uma divina criatura
A moça que adentrou no escuro quarto
Em laivos de carinho e de ternura
Deixando quem amou, decerto farto.

No toque mais sutil, total brandura
Porém o seu retorno eu já descarto.
Talvez num outro dia pós a cura
Eu possa enfim dizer que não enfarto

Ao ver tanta beleza abandonada,
Deixada sem cuidado pelos cantos.
Matando o principal de seus encantos,

Murchando com desleixo tal florada.
Beleza iluminada, rara tília.
Portando em abundância, uma monília...


89


Qual fosse uma cascata que desaba
Que cabe no universo da saudade.
Antes de saber que a vida acaba
No sonho que traduz a liberdade,

Sugando teu prazer com tanto afeto
Sabendo que te amar é ser feliz;
Do vinho do teu corpo, o predileto,
Que bebo nas loucuras que te fiz,

Num parto mais seguro e mais sensível
Amor revela o brilho do prazer.
Amando teu amor de forma incrível,
No mundo que esperamos renascer.

Na trama delirante amor existe.
Um quadro na parede nos assiste...


90



Qual fosse um cavaleiro em lua cheia
Vertendo pura prata em meu olhar,
Enquanto esta vontade me incendeia
Vontade de seguir e de ficar,

Ouvindo o canto breve da sereia
Bebendo a fantasia à beira mar,
Minha alma tantas vezes tão alheia
Encontrando o desejo de ficar.

Rompendo a madrugada do teu lado,
Estrela matutina, divinal,
Rondando pelas sendas deste astral

Montando em meu corcel veloz e alado,
Desenho no horizonte a tua imagem,
Prismática e suprema paisagem...


91

Qual fosse no canteiro dos meus sonhos
A rosa preferida, e perfumada,
Os dias sem te ter são simples nada.
Sem versos, sem aromas, são tristonhos.

Meus dias se passaram, vãos, bisonhos,
Em volta de uma lâmpada apagada
Falena se perdeu na madrugada
Em fogos e vagares tão medonhos.

Agora ao encontrar a redenção
Que é feita em verso puro, em emoção.
Ascende aos céus com asas bem abertas

E mostra uma risonha juventude
Bordada com paixão, com atitude,
Arando minhas plagas, vãs, desertas...
Marcos Loures


92


Qual fosse conjunção de átomos tolos
Andamos nos bicando por aí.
Se eu tenho a sensação que te perdi,
Não busco; de teimoso em outros colos

Tocar com mansidão terrenos, solos
Sabendo que o melhor estava em ti.
Meus sonhos em teu corpo eu aspergi
Sem ter, tenha a certeza, quaisquer dolos.

Abalos são comuns, eu te garanto,
E nada pode ser só desencanto.
De tanto assim gritar, ficando afônico

Ainda tento, insano, te mostrar
Que a força deste amor a se tocar
Explodirá num sismo quase atômico...
Marcos Loures


93



Qual fosse a maravilha de um troféu
Há tempos perseguido; sem descanso,
Além do que mereço, quando alcanço
Teus lábios; alço enfim o etéreo, o Céu.

Nas lutas e combates vida afora,
Derrotas e vitórias, guerra e paz,
Às vezes insensato, louco, audaz
A vitória, minha alma comemora...

Um mísero poeta; nada além,
Usando da palavra tão somente,
Muitas vezes, acordo sem ninguém

E penso na existência tão vazia...
Mas quando te imagino, finalmente,
Cultivo nos teus lábios, poesia...


94



Qual fora uma miríade de estrelas
Um sonho constelar, vida e promessa,
Que a cada novo dia recomeça,
As luzes – mal consigo concebê-las,

Estonteantemente, tecem telas,
Juntando os pedacinhos, peça a peça,
Minha alma sem ter nada que inda impeça
Explode nos desejos que revelas.

Arrancam dos meus sonhos vários tufos
Misteriosamente tais quais UFOs
Adentram; luminosos, o meu ser

Cometa tão somente ou fantasia?
Só sei que nas searas da utopia,
Como num paradoxo, traz prazer...


95

Qual fora uma miragem tu chegaste
Diáfana presença em transparências,
A luz vai revelando num contraste
As formas mais divinas, sem clemências.

Sensualidade imensa; provocaste
Trazendo com ardor, tantas demências,
Vontades e desejos; entornaste
Nos gozos e convites sem decências.

Qual presa eu me entreguei, hipnotizado,
Teu corpo sem segredos desnudado
E a noite se passando, assim, sedenta.

A fúria desta insânia nos tomando
Desejo feito em lava provocando
A fome sem pudores, violenta....
Marcos Loures


96

Qual fora uma miragem num deserto
Oásis que encontrei, um beduíno,
O amor ao me mostrar novo destino,
Deixando o coração já descoberto.

Um andarilho segue em rumo incerto,
Vivendo tão somente o desatino,
Ao ver o teu olhar tão cristalino
O portal do tesouro; achei, aberto.

Alquímica vontade que nos une,
No amor que enlouquecendo vai impune
Transtorna enquanto muda a paisagem.

Nos céus emoldurando a poesia,
O amor que seduzindo, agora guia,
Guardando na retina a tua imagem...
Marcos Loures


97




Qual fora uma clareira em plena mata,
Momentos de alegria são tão raros...
A paz que se demonstra em dias claros
Permite a mansidão que se constata

Andando por vereda bela e grata
Sabendo quão difíceis, sempre caros.
Acolhedores negam desamparos
Verdeja esta esperança que nos ata

E deixa nosso passo mais tranqüilo,
Dando-nos toda a força pra seguir,
O pensamento trama o que há de vir

A vida vai mudando o seu estilo
E traz a calmaria desejada,
Tirando os pedregulhos desta estrada...
Marcos Loures


98

Qual fora um vento em toque mais macio
Eu sonho em penetrar teus pensamentos.
Estar contigo enfim, tantos momentos...
Um mundo mais gostoso; tento e crio

Distante dos antigos sofrimentos
E assim, querida, do sonho eu principio
A ver belo futuro, onde este estio
Já venha nos tomar os sentimentos.

Não temas a distância, ela não há.
Pois por onde vieres saberás
Já que me coração se encontra lá;

E saiba, meu amor, estou contigo;
Apenas neste sonho, em tanta paz
A vida nos garante um bom abrigo...
Marcos Loures



99


Qual fora um velho e arcaico menestrel
Um tanto maltratado pela vida,
Busco desempenhar o meu papel
De antigo trovador que se lapida

Usando algumas gotas de bom mel,
Mistura muitas vezes mal medida,
Tentando disfarçar todo o meu fel,
Qual fora curativo na ferida.

E sei que isto parece quase mágico,
Opaco, muitas vezes tolo e trágico,
Trafico meus ungüentos por aí.

Mas sendo quase um torpe trapaceiro,
O amor que antes julgara verdadeiro,
Morreu de inanição. Mas vejo-o em ti.


13100



Qual fora um velho ator sem ter platéia
Resisto à solidão, triste quimera.
Minha alma sem sentido, assim, plebéia
Buscando uma amizade que se espera

Por anos, tantos anos, nunca vem...
Perfume de mulher me abandonou,
Descarrilada a sorte, perco o trem,
Somente uma lembrança aqui restou.

As marcas no meu rosto, cicatrizes
Mostrando tantas chagas no caminho.
Vivi, por certo, tempos mais felizes,
No mar maravilhoso do carinho.

Agora, minha amiga, sem amor,
Só te resta, platéia deste ator...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
Texto
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