Poemas : 

o segredo de sherazade

 
havia um sultão glutão
devorador de mulheres
as matava ao fim do festim
uma noite de carne, vinho e jasmim
e a condenada já tinha um fim.
Dizem em seu beneficio
que ele nem sempre fora assim
uma vez amara por demais
deusa linda e traiçoeira
não mereceu a traidora
a dedicação do mandarim
o amor que ele dispunha
transmutou-se em puro sal
nunca mais, jurou para si,
fera ferida, tornou-se mal,
terei dó ou piedade
por quem não teve dó de mim!
Pagarão as justas pela pecadora
agora há que ser assim
o bicho mulher em geral
ficou marcado de morte
uma noite e nada mais
diversão a toda sorte
o coração não se arrisca
do gosto, gostar indevido
um monstro se cultivou
pelo medo de ser magoado
magoador-mor se tornou.
a anônima Sherezade
dessa história ficou ciente
dizem alguns, se condoeu
da triste sorte do rei meliante
outros que a fonte era vingança
de uma amiga devorada
pelo bruto em sua festança
o movel não se sabe ao certo
exceto das suas virtudes
de além de linda, ser paciente
tramando em trama urdida
ao bruto se fez oferecida
não temia a dor nem a morte
jogou na sorte com a propria vida.
conduzida ao palacio, desafio
face a face com o devorador,
sentiu que a beleza sua
o apetite lhe aguçava
mas lhe fez interessar
por uma história que contava
com suspense que dava gosto
e pôs o ponto de amarração
quando o sol já quase brilhava
e sem se fazer de brava
disse que mais não contava
aceitava a hora da execução.
o rei enrolado em seu novelo
entre a promessa a si já feita
curioso pela história
que não chegou ao fim
nova noite concedeu,
mas ja foi lhe avisando
uma mais e nada mais
pois com ele , era assim!
com beleza e esperteza,
a moça não se fez de rogada
disse que lhe contaria o conto
até o fim da madrugada.
uma noite e outra mais
sempre a mesma estratagema
a história que fiava
uma na outra entremeava
e o sol por testemunha
sempre que ele nascia
restava história não contada.
noites e noites de fala doce
dizem que mil e uma atravessadas
em tão bom entretenimento
que o rei ja nem se lembrava
do seu torpe juramento.
apanhou gosto pela donzela
se nutriu com a formosura
em paixão foi se enredando
e foi como numa travessura
em tal grau de afeição
nada mais ja lhe restava
que ao mal fadado decreto
decretou revogação
e pra moça tão esperta
declarou sua paixão.
de histórias que nunca acabam
em tramas bem emendadas
sherazade fez escola
com a sua sabedoria
toda noite quando lhe ouço
as conversas sobre o seu dia
imagino no amanhã
o que mais me contaria.
mais uma noite e mais um dia
e nesse ritmo tão tranquilo
coração meu, de tão fechado,
vai se abrindo aos pouquinhos
vira amor a simpatía
e já te quero, só pra mim.



 
Autor
marcusmatraga
 
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