Vivemos num mundo sem cor e sem amor
Num espectro cinzento e num vazio sem dor
Sem peso nos passos nem memoria nas palavras
Sem raízes nas origens e mordaças nos braços
A voz não tem tom nem dom
As intenções são tensões
A justiça não tem equilíbrio nem sorte
A dor da alma apenas existe na morte
Quem ousa aquele que já tem
Na vida Pode acabar ninguém
E ficar para sempre esquecido
Lembrado como se nunca tivesse existido
A força é considerada inócua
E substituída pela mentira
Adormecida na alma de quem só ouve
Sustentando o mundo que gira
Nos objectos, procuramos segurança
E neles depositamos toda a confiança
Mas por detrás da cortina escondemos o escuro
Transformando as palavras num muro
O latim é ritmo e já não palavra
A história pó e os livros mártires
Mas as estrelas continuam demasiado longe
E as terrenas não são hábito nem são monge
As trevas são um filme de luz
E o oculto tem morada
Os valores são monetários
E a arquitectura defende a fachada
O planeta já não é azul
E a água não tem vida
O lixo acumula se em camadas
E a floresta é despida
A minha geração crescerá a respeitar te
Enquanto os outros fingem odiar te
Não será o seu coração que irá mudar
Mas sei que é ele que vais culpar