Poemas : 

Retóricas bem vindas - Lizaldo Vieira

 
Retóricas bem vindas- Lizaldo Vieira
Mesmo desvairada
Fora de moda
Esquecida
Eu ainda queria repetir as mesmas canções
De Luiz
Eu só queria
Sem ter que trocar o velho repertório
Por outra outra melodia
Quantas vezes ditas
Cansadas
E suada de gurra
Cantadas em verso e prosa
Feito missa em latim
Nos tempos da vovó
Preferia não ter nada pra dizer
Apenas ensaiar
As notas musicais
Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si
Soprando os pifanos
Nas quermesses e novenas
E publicar em artigo sobre o que são notas
Que se toca
Desde sua origem
E não executadas nas partituras
Dos batuques do axe
Bem ou mau relacionadas com elas
Pena que sou mesmo
Esse velho boi de carga
Cansado de súber
E descer ladeira
Tomando ferroada
Na longa estrada da vida
Tal qual rio riacho doido pra ser água doce
Apesar de enxurrado
Engasgado por paus e pedras
Das águas de março
Quem dera um papo de prosa
Com Fernando Pessoas
Que não encha outra vez
O saco da plebe
Com poesias de linguagens indecifráveis
Sem aquela tal de cultura
Gramaticalmente correta
Eu quero apenas cantar
Madalena
Madalena com os bacamarteiros de Carmópolis
E viver as canções das catadoras de mangaba
Na voz de dona Val
Pois,
Sei que não tenho nada
Com os sons do roque in rio
Apenas to de bem com tudo em minha volta.
O velho carro quebrado
A fava de rama chacoalhando na panela
O pau de sebo
Escorregando entre os dedos
A festa dominical
Na bodega do seu Zé preto
No largo da matriz do Cuminho
Como é que eu vou chegar em casa
Com a blusa amarrotada de lama ou de batom
Ninguém sabe todas as respostas do questionário
Escondido no armário
Prefiro ficar na pura inocência do jeca
Dos filmes de Mazarope
A rogar que ouçam, ouçam
Musica ao vivo de poetas mortos
Preso ao passado onde nada mudou
Também sei que há dia pra tudo
Pra balada do fim de semana
Pra quem gosta de zoeira
Ou ainda ficar de bem
Com canções nostálgicas
Do José Augusto sergipano
Eu posso ter mil e um defeitos
Mas sempre serei atento do outro lado do mundo
Por isso existo
Cobro-me
E não cobro
Por nada em troca.
Só ligar pra difusora
E pedir que toquem
A musica mestiça
De Tonhão Rogério
E Chico Queiroga


Q U E S E D A N E C U S T O d e V I D A - Lizaldo Vieira
Meu deus
Tá danado
É todo santo dia
O mesmo recado
La vem o noticiário
Com a
estória das bolsas
Do que sobe e desce no mercado
De Tóquio
Nasdaq
São paulo
É dólar que aume...

 
Autor
Lizaaldo
 
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