
Todas as árvores com todos os ramos com todas
[as folhas 
A erva na base dos rochedos e as casas
[amontoadas 
Ao longe o mar que os teus olhos banham 
Estas imagens de um dia e outro dia 
Os vícios as virtudes tão imperfeitos 
A transparência dos transeuntes nas ruas do acaso 
E as mulheres exaladas pelas tuas pesquisas
[obstinadas 
As tuas ideias fixas no coração de chumbo nos[lábios virgens
Os vícios as virtudes tão imperfeitos 
A semelhança dos olhares consentidos com os[olhares conquistados 
A confusão dos corpos das fadigas dos ardores 
A imitação das palavras das atitudes das ideias 
Os vícios as virtudes tão imperfeitos 
O amor é o homem inacabado. 
        
                Paul Eluard, poeta francês (1855-1952), In: "Algumas das Palavras". Tradução de António Ramos Rosa