Poemas : 

morte consentida

 
Pai houve
que à hora da morte
chamou seu filho
e lhe pediu perdão ...

... conflitos, desamor, afastamento!

Tudo, nessa hora
de lucidez tão cruel, fria-escuridão,
se lhe revelou futil, falso,
enganador ...

... e o filho perdoou ...
... que mais podia ali fazer?!

Mas essa morte
jamais ele a chorou!
Sua memória de Pái
jamais virou saudade.
Seco, sem lágrimas,
nunca numa doce imagem
se converteu.

Porque há muito, sempre
e em infernal quotidiano
que aquele Pai morrera!
Num lento e louco "suicidio"!

Repressões, gritos, gestos-frios,
tudo, num profundo desamor ...

... assim o Coração daquele filho,
que aquela morte consentira,
que aquela morte não chorara
porque nunca tinha tido aquele Pai ...

...meu Pái ... meu Pái ...


Ricardo Louro
no Estoril



Ricardo Maria Louro

 
Autor
Ricky
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