Crónicas : 

O TEMPO E EU

 
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A multiplicidade das coisas leva-nos ao consumismo. A cada dia aumentamos o nosso desejo de apropriação, em que a avaliação de quem somos passa pelo que temos de bens e não pelo conjunto de valores morais, éticos e espirituais que forma o caráter de um ser humano. Por causa dessa multiplicidade, não percebemos o passar do tempo, não vivemos mais o presente, somente as expectativas do futuro. De repente, chega a velhice e aí vamos ver o que resta, o que ficou.... O escritor, Millôr Fernandes, no seu Poeminha sobre o Tempo disse: “O despertador desperta, / acorda com sono e medo; / por que a noite é tão curta / e fica tarde tão cedo?”.
O tempo voa e essa corrida para ter sem a consciência de ser leva-nos ao esquecimento da alma, de que somos alguma coisa a mais que um corpo ambulante. Toda posse nesse mundo é transitória. O que permanece são os valores. Para isso, precisa-se olhar um pouco mais para si mesmo, como já dizia o grande filósofo, Sócrates (479-399 a.C.): “Conheça-te, a ti mesmo”. Assim, quem sabe, poder-se-á direcionar melhor o tempo, para que se tenha mais tempo sentido, não apenas vivido. Desta forma, para que ele seja um aliado e não vilão, simplesmente, precisa-se que haja certo entendimento entre:
Eu e eu – tenho que cuidar de mim, ver quais são minhas fraquezas, minhas qualidades, para que eu saiba onde aplicar melhor meu tempo e não fique mais a lastimar: falta tempo, cadê o tempo, ele se foi.... O tempo passa de qualquer modo; se não nos atentarmos, gastamos todo ele com as coisas, com outras pessoas, e, às vezes, com nós mesmos não usufruímos nada desse precioso tempo, quando muito alguns prazeres efêmeros. Assim como precisamos alimentar o corpo, também carecemos abastecer a alma; então, é indispensável dedicar certo tempo para nós mesmos. E somente interiorizando será possível, seja meditando, orando ou outra forma que leve a esse fim.
Eu e outro – ao olhar para o outro, tenho que vê-lo como outra pessoa com direitos e deveres sem projetar-me nele. Com isso posso amar, ignorar, odiar, invejar a pessoa dele ou o que tem e quer. Essa escolha vai depender do estado em que se encontram meus sentimentos, onde só terei controle se conhecê-los bem. E, assim, devo dedicar mais tempo comigo para aprender como chegar ao equilíbrio.
Eu e a natureza – minha sobrevivência depende inteiramente do solo, do ar, da água e da luz. O lixo, o desflorestamento, a tecnologia sem uma visão ecossistêmica pode causar a infertilidade do solo, o aumento do dióxido de carbono, a extinção da biodiversidade etc. Tenho que ter essa consciência, senão poderei ser considerado como um suicida ou uma espécie de assassino por estar contribuindo para tirar a vida, (o tempo) das futuras gerações.
Eu e o Criador – se não me interesso por quem sou, de onde venho, para onde vou, assim eu não sou, apenas estou no tempo. Basta observar como funciona o fantástico corpo humano constituído por trilhões de células, cada uma com sua função específica, para certificar-se de que há um propósito para tudo isso, seres humanos, animais, planetas, universo. Toda criatura tem um Criador, a fonte e dela, a vida.
Aí está a questão: eu e eu; eu e o outro; eu e a natureza, eu e o Criador. São quatro aspectos que em perfeita harmonia leva ao bem estar, a razão de viver e o desfrutar do tempo.

 
Autor
Barsanulfo
 
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